Crédito da foto principal: Karine Andrade
Cento e cinco mulheres participaram da 1ª Sexta ConsCiência de 2025 com a temática Elas Restauram: Mulheres, Floresta, Equidade e o Protagonismo Feminino na Restauração. O encontro reuniu mulheres envolvidas na cadeia da restauração como também lideranças de associações de assentamentos rurais, professoras das redes municipal e estadual, servidoras públicas, advogadas, entre outras. A ação foi realizada na última semana de março, na sede do Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD), em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, no extremo Oeste Paulista. Essa foi a 9ª edição da Sexta ConsCiência, que marcou a estreia do tema mulheres na restauração florestal. A iniciativa é do projeto ARR Corredores de Vida, uma parceria entre o IPÊ e a Ambipar. Sextas ConsCiência são inspiradas nas Manhã com Ciência, uma iniciativa do IPÊ, há mais de 20 anos.
Na abertura do encontro, Aline Souza, coordenadora de formação nos projetos do IPÊ, pontuou que o objetivo é promover o fortalecimento do papel das mulheres ao longo da cadeia da restauração florestal, na região. “Há um ano, esse evento era apenas um sonho. Hoje, estamos aqui para dar mais um passo na construção de uma sociedade mais equitativa”, afirmou destacando a importância do ODS 5 da ONU, que aborda a Igualdade de Gênero. “Essa pauta é global e tem ganhado cada vez mais atenção, com muitas instituições ao redor do mundo implementando práticas e políticas que promovem a igualdade de gênero. Para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades, é essencial considerar as circunstâncias individuais e oferecer as ferramentas e recursos adequados a cada um. Dessa forma, conseguimos criar um ambiente mais justo e inclusivo, onde todos podem prosperar de acordo com suas próprias condições”.
A analista de projetos da Ambipar, Vanessa Stamberg, também contribuiu para o debate, relembrando marcos históricos das conquistas femininas no Brasil, como o direito ao voto, em 1932, a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, em 2003, a promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006 e o estabelecimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo o ODS 5 de Igualdade de Gênero, em 2015.
Para ilustrar conquistas no mercado de trabalho na área ambiental foram exibidos três episódios da série Mulheres na Restauração com destaque para as narrativas da pesquisadora das Universidades de Oxford e Lancaster, Erika Berenguer, da guarda-parque no Parque Nacional Marinho de Abrolhos/BA, Maria Bernadete Silva Barbosa e de Yara Schaeffer, professora e membro do Instituto Bioma Brasil.
Após a exibição, Aline e Vanessa, junto com outras mediadoras da equipe técnica do IPÊ, conduziram uma dinâmica utilizando a análise FOFA, uma ferramenta que permite identificar pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças enfrentadas pelas mulheres na restauração florestal.
Francielli Rodrigues, monitora ambiental no PEMD, compartilhou sua experiência: “Me senti em um ambiente seguro para relatar meus desafios e conquistas. Percebi que, apesar das diferenças de ambiente de trabalho, nossos medos são os mesmos.” Lenalda Rodrigues Campos, gerente administrativa, no viveiro Campos Alvorada, também destacou a importância do momento de reflexão, que a fez pensar não apenas na profissional que é, mas na mulher que representa.
Aprendi que as instituições têm um papel fundamental nessa questão de equidade de gênero. E nós mulheres devemos apoiar umas às outras. Saio daqui com um pensamento mais evoluído, com um olhar mais humanizado referente ao assunto mulheres e mercado de trabalho”, disse Cristiane Andrade, enfermeira do Controle de Vetores.
O evento além de proporcionar um espaço de troca de experiências, também foi o ponto de partida para a coleta de dados que ajudarão a identificar e solucionar os desafios enfrentados pelas mulheres na restauração florestal. “Esse foi o pontapé inicial. Agora, vamos compilar as informações e junto com a equipe organizar os principais desafios apresentados por essas mulheres que juntas constroem florestas”, concluiu Aline.
Mulheres pioneiras na restauração florestal, no Pontal
Pautadas em um cenário de construção por uma sociedade mais justa e equitativa as mulheres estão sempre em busca de ocupar espaços antes dominados por homens e abrir caminhos para outras mulheres. No IPÊ Pontal, essa pioneira é Williana Marin. Em 2003, a bióloga passou a integrar a equipe de restauração florestal. Depois de uma década, chegou ao time, a bióloga Aline Souza, para somar conhecimentos. Essas profissionais inspiram as novas gerações. Hoje a equipe técnica é composta por 15 mulheres e seis homens. “É muito lindo ver essas mulheres, essa força agregando conhecimento a esse projeto tão importante para o meio ambiente. Obrigado por vocês acreditarem no IPÊ”, disse Williana.

Crédito da foto: Karine Andrade
E elas não estão sós, a viveirista Iraci Lopes Corado, é a pioneira na produção de mudas nativas. Desde 2001, ela está à frente do viveiro Viva Verde, localizado no bairro Córrego Seco, em Teodoro Sampaio. Iraci abriu caminho para empreendedoras como Marcela dos Santos, Ivone Ribeiro, Juliana Borges Gomes, Luzia Gazola, Andreia Lima. Do total de 15 viveiros que fornecem mudas para o IPÊ, seis deles são liderados por mulheres.

Na área de plantio e manutenção de florestas restauradas a pioneira, em meados de 2013, foi Marta da Silva, sócia-proprietária na Mafran Ambiental. Atualmente, das 18 empresas que prestam serviço para o IPÊ, sete delas são comandadas por mulheres

Crédito da foto: Ana Lilian Pereira
Atualmente, mais sete mulheres estão à frente de iniciativas, como Associações ou Cooperativas, em posições de liderança, como proprietárias, sócia-proprietárias, sendo que, uma delas é presidente da CooperAmas, Cooperativa de Mulheres assentadas que presta serviço para o IPÊ.
Para 2025, estão previstos mais três encontros da Sexta ConsCiência.