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Mês: maio 2020

Os micos como nossos professores – Artigo de Suzana Padua

18 de maio de 2020 Por Paula Piccin

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Publicado originalmente em Fauna News. 

Por Suzana Padua 

Descobrimos, logo cedo, que trabalhar com conservação não é assunto simples. O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas teve início a partir de um projeto do Claudio Padua, que visava salvar o mico-leão-preto, na época, meados de 1980, listado como uma das dez espécies mais ameaçadas do mundo. O mico era tema de seu doutorado, mas desde o início o Claudio teve estagiários como parte da equipe (muitos conosco até hoje), formando uma rede de profissionais que complementam frentes de trabalho diferentes. Essa interdisciplinaridade tornou-se uma das lições que aprendemos, pois nos deparamos com realidades complexas e nada lineares, e a formação diferenciada fez e faz toda a diferença. 

Claudio vinha de um mundo de negócios, formado em administração de empresas. Infeliz com esse campo, tomou coragem de seguir sua paixão e trabalhar com a natureza, conhecendo para protegê-la. Quis o destino que encontrasse alguns guias em sua vida, entre eles Adelmar Coimbra Filho e Russell Mittermeier, ambos primatólogos, que o levaram para somar à equipe do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, especializado em primatas ameaçados.  Esse foi um momento decisivo que levou o Claudio e a mim, de carona, a se interessar pelo mico-leão-preto, que vive no oeste do estado de São Paulo, região conhecida como Pontal do Paranapanema, e estava para perder habitat com a construção de hidrelétricas. 

Eu era designer, acostumada com uma vida quadrada no Rio de Janeiro e as mudanças na nossa vida familiar foram severas. Mas minha ida para o Pontal, mais precisamente para morar no Parque Estadual do Morro do Diabo (gerido hoje pela Fundação Florestal do Estado de São Paulo), também provocou transformações inesperadas. Um choque no início, mas uma tristeza quando deixamos a região três anos e meio depois. 

Comecei a trabalhar com educação ambiental, uma vez que percebi que a população local não conhecia o parque, o mico e toda a riqueza que havia nas florestas que restavam na região, bem ali ao lado delas. Apaixonei-me por esse campo de trabalho, pois mais e mais convencia-me de sua importância. A razão é simples: conservação só precisa acontecer porque nós humanos destruímos a natureza de maneira inescrupulosa, gananciosa, sem limites. Sendo assim, ou a gente muda a forma de a humanidade perceber a natureza para valorizá-la e se integrar a ela, ou dificilmente vai restar algo de natural no planeta. A educação ambiental visa esse despertar e o acirrar de um novo olhar de celebração pelo mundo natural do qual fazemos parte. Essa foi outra lição dos micos – integrar o ecológico ao humano, formando, de fato, o socioambiental. 
 

Esse aspecto fazia mais sentido ainda no pontal, segunda região mais pobre do estado de São Paulo. Os assentados do Movimento dos Sem Terra chegavam aos milhares e com eles muitas necessidades se evidenciaram. Como captar recursos para proteger o mico-leão-preto, mas não prestar atenção às necessidades humanas tão prementes? 

Começamos a desenvolver alternativas sustentáveis de renda para os pequenos sitiantes, como viveiros de árvores nativas, artesanatos com foco nas espécies locais e outros produtos que podiam proteger a natureza com enriquecimentos ambientais e melhoria da vida humana. Deu certo. Chegamos a trabalhar com mais de 400 famílias de assentados e a “esverdear” a região. Lição também aprendida ao proteger o mico.

Como “esverdear” e enriquecer os fragmentos de mata que ainda restavam? Nossa equipe começou a se preocupar com a paisagem como um todo e a elaborar o que ficou conhecido como “Mapa dos Sonhos”, que nada mais é do que um planejamento de toda a região, apontando áreas prioritárias para a conservação e comunidades que devem ser convidadas e se integrar em determinadas frentes.  São várias as formas de plantio que advêm dessa iniciativa, como faixas de matas plantadas para proteger os fragmentos, evitando perdas decorrentes do efeito de borda, projeto chamado de “Abraço Verde”,  ou corredores de matas que juntam um fragmento a outro (o IPÊ plantou o maior corredor de floresta Atlântica, integrando duas áreas protegidas – mais de 2,8 milhões de árvores plantadas).

Outra forma são os pequenos bosques agroflorestais, onde árvores nativas são plantadas junto com espécies que visam melhorar a alimentação e a renda das famílias que ali residem e que se aventuraram a experimentar algo novo em suas propriedades, como o café agroflorestal. Esses pequenos bosques ajudam também na conectividade e servem de trampolins de apoio para aves e insetos que contribuem espalhando mais sementes no “esverdeamento” da região (também chamado de stepping stones).  Cada uma dessas etapas teve e tem inúmeros aprendizados valiosos para o bom andamento do trabalho como um todo.

O social sempre esteve associado ao ambiental – inseparavelmente – nessas inúmeras frentes da conservação do mico e de seus habitat. Por exemplo, a participação nas decisões conta com reuniões que chamamos de “Eco-Negociação: um Pontal bom para todos”, com a presença de muitos segmentos da sociedade que servem para nivelar conhecimentos e encorajar o envolvimento das pessoas na resolução de questões ou problemas que dizem respeito à coletividade. Com isso, o meio ambiente passou a fazer parte da vida das pessoas, como o parque, uma riqueza que merece empenho na sua proteção, e o mico, um símbolo de orgulho regional, estampado, inclusive, em pontos comerciais da região como hotéis, restaurantes e lojas comerciais – algo impensável lá nos anos 80 quando ali chegamos. Vejo na prática que é possível transformar realidades se os propósitos são coletivos, também uma lição aprendida que tem feito diferença.  

Agora, os corredores de matas vêm sendo estudados para se saber quais os animais que se beneficiam e quais ainda não se atrevem a percorrê-los. Por exemplo, o mico-leão-preto depende de ocos para passarem a noite com segurança. Ora, as árvores são novas e ainda não os têm. Com isso, a pesquisadora que coordena o programa atualmente, vem experimentando usar caixas de madeira e monitorar se elas são aceitas ou não. Como não estavam sendo visitadas, tem feito uma experiência interessante e inovadora, que é esfregar algo com o odor dos micos nas caixas para atraí-los. E parece estar dando certo! Outra lição que pode trazer luz no fim do túnel (no caso, para o fim das caixas).

Mais uma lição que aprendemos com o tempo é a importância de influenciarmos políticas públicas. Por exemplo, levou sete anos para que uma nova área protegida fosse criada, a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Foram muitas etapas e o envolvimento de pessoas chave que se encantaram com a ideia a ponto de a levarem adiante. O IPÊ serviu o tempo todo como fornecedor de informações consistentes que pudessem respaldar a decisão. Outra política pública foi regional, quando a Secretaria de Educação do Pontal adotou educação ambiental como campo de ensino integrado ao currículo escolar.

Em resumo
As lições aprendidas descritas acima incluem:

– educação é importante em todos os níveis de qualquer trabalho em conservação. No IPÊ tendo iniciado internamente com a equipe que formaria a própria instituição e depois se expandido para a formação de uma escola, a ESCAS, que oferece cursos curtos em temas diferentes, mestrado e MBA em sustentabilidade empresarial;

– ciência serve de base para todos os trabalhos, sejam no campo ambiental como no social, de maneira a se errar menos e se buscar caminhos mais assertivos;

-interdisciplinaridade é chave, pois a complexidade dos temas a serem tratados é vasta;

-o social precisa ser tratado integradamente com o ambiental, um complementando o outro;

– a natureza precisa ser vista com orgulho e merecedora de atenção e empenho em sua proteção e um planejamento regional pode contribuir para essa integração;

– os habitat naturais precisam ser enriquecidos, interligados e protegidos de diversas maneiras;

– as políticas públicas podem ajudar sobremaneira a dar escala a projetos isolados.

Essas etapas compõem o Modelo IPÊ de Conservação e o exemplo aqui exposto diz respeito ao Pontal do Paranapanema, nosso maior laboratório de aprendizado. Mas, o IPÊ hoje está presente em outros biomas e com iniciativas diferentes dessa. A aqui descrita é cara a quem faz parte da equipe do IPÊ por algum tempo, pois foi onde iniciamos, ainda sem que a instituição existisse, o que só veio a acontecer anos depois, em 1992. São muitas as lições aprendidas e o que não foi bem-sucedido mereceria ser listado, pois muitas vezes ensinam mais do que as experiências de sucesso. Mas, só para mencionar um exemplo ligado ao próprio mico, a espécie deixou de ser listada como “criticamente ameaçada”, passando a “ameaçada” na Lista Vermelha de espécies da IUCN, apesar das crescentes pressões sobre os ambientes naturais, comuns em toda parte do Brasil e do mundo.

Esse resumo foi descrito com a ajuda de imagens no XVIII Congresso Brasileiro de Primatologia, que aconteceu em novembro de 2019, em Teresópolis (RJ), quando fui convidada a proferir palestra. Foi aí que percebi que foram os micos nossos maiores professores, pois foi a vontade de os proteger que nos levou a ousarmos responder às necessidades que emergiram com o correr do tempo. E, claro, tudo isso só foi possível porque contamos com uma equipe forte, comprometida, apaixonada e incansável, cada um dando o seu melhor em todas as diferentes frentes aqui mencionadas. Trata-se, verdadeiramente, de um exemplo em que a união, ou a integração, tem força e traz resultados.

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Mestra pela ESCAS implementa programa para agricultores do sul da Bahia que ajuda no aproveitamento de 100% da mandioca

20 de março de 202412 de maio de 2020 Por Cibele Quirino

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Jeilly Vivianne, mestra pela ESCAS, também atua no extremo sul da Bahia na implantação da Farinheira Sustentável, que integra o PAT da Mandiocultura – Plano de Ação Territorial da Mandiocultura, uma iniciativa com recursos do PDRT da Suzano e apoio do PRODETER – Programa de Desenvolvimento Territorial, do Banco do Nordeste.  Diretamente 709 famílias são atendidas pela equipe de Jeilly no PDRT, e mais de 3 mil têm acesso ao conteúdo pelo PAT, participam das capacitações e esse número está prestes a ultrapassar os limites das ações inloco. 

A mais recente investida de Jeilly, nessa direção, para mostrar todo o potencial da mandioca – com destaque para o uso integral da planta – é o MandioCast, lançado em maio, em todas plataformas de podcast, com episódios quinzenais. O programa também será divulgado por lista de transmissão em plataforma de mensagens instantânea. “Vamos disseminar o que está sendo feito. Temos áreas produzindo seis toneladas por hectare e áreas com 80 toneladas”, explica Jeilly.

Segundo dados da Embrapa referentes à safra de 2018, a região Nordeste registrou na média a menor produtividade nacional com 8,98 t/ha, o menor índice é justamente o da Bahia com 6,71 t/ha; o que coloca o estado como a menor produtividade do país. A média nacional é de 14,64 t/ha.

Dessa forma, a expectativa é mobilizar os agricultores a seguirem as Boas Práticas que revelam melhores resultados. A Embrapa terá um quadro no Mandiocast – o Embrapa Responde”. O Mandiocast também tem o apoio do Prodeter/Banco do Nordeste. Para levar esse conteúdo ao maior número de agricultores o contato com as prefeituras da região segue como estratégico. “Conversamos com os secretários de agricultura da região para que essa informação chegue ao agricultor”, complementa Jeilly. 

De 40% a 100% 

O maior desafio do Programa é conscientizar a população sobre as possibilidades de uso integral da mandioca para diversificar a produção. “Em média apenas 40% da planta é utilizada. Pelo programa da Farinheira Sustentável – reconhecido como tecnologia social pelo Estado da Bahia – já sabemos que é possível utilizar 100% da mandioca. A parte aérea da planta pode ser utilizada como proteína da ração animal – a parcela mais cara. O grolão – a parte mais grossa que fica na peneira no momento de fazer a farinha – tem energia. Juntando o grolão com a raspa da casca é possível compor a parte energética da ração animal”. Dessa forma, agricultores conseguem fazer ração à base de mandioca para gado leiteiro, aves e ovinos. “É preciso apenas colocar núcleo mineral específico por categoria animal. Recuperamos as formulações da Embrapa dos anos 1970”. 

A manipueira também tem destino certo. “Ela é uma excelente fonte de adubo foliar, também utilizada na adubação de fundação e na adubação de cobertura da mandioca e de outras culturas. Usamos a raspa da casca também nas entrelinhas do plantio, como matéria orgânica, para proteger o solo, o que melhora a umidade, diminui a manutenção e reduz os custos de produção”.   

Confira o relato da Maria das Graças que mostra todo o processo desde o plantio até o produto final. https://www.youtube.com/watch?v=is__clTpJA4&feature=youtu.be

Desafio é Oportunidade

As ações tiveram início pela necessidade de adequação das farinheiras. “Em 2017, o Ministério Público recebeu uma denúncia sobre o descarte inadequado da manipueira – resíduo líquido da prensagem da massa da mandioca – 25 vezes mais poluente do que o esgoto doméstico. Por falta de conhecimento a maioria dos agricultores descartava esse resíduo no rio. O Ministério Público acionou o secretário de Meio Ambiente de Alcobaça que entrou em contato comigo. Tivemos a aliança de dois programas: do PAT/Prodeter, do Banco do Nordeste e do PDRT – Programa de Desenvolvimento Rural Territorial, da Suzano com o objetivo de evitar o fechamento das farinheiras”, esclarece a engenheira agrônoma. 

Segundo Jeilly, o contato teve como objetivo encontrar uma solução capaz de responder ambientalmente à denúncia mantendo as farinheiras abertas. “Apenas em Alcobaça (BA), são 775 farinheiras familiares (IBGE/2017). Se fechassem as farinheiras o impacto social e econômico seria muito alto. A gente fez um cálculo aproximado e 70% da renda do município de Alcobaça vem da mandioca. Uma farinheira emprega de oito a dez famílias”, explica.

Em um primeiro momento, a resposta foi a formação de um Grupo de Trabalho com a participação de uma professora da Universidade Federal do Sul da Bahia, de três consultores da Suzano e do coordenador da Vigilância Sanitária de Alcobaça, que em conjunto desenvolveram o Programa Farinheira Sustentável, que integra o PAT da Mandiocultura. “Apresentamos o Programa ao Ministério Público. Conseguimos formar 228 pessoas no conceito da Farinheira Sustentável e a doação de 50 sistemas de armazenamento da manipueira pelo PDRT/Suzano (42 já foram implantados). Avançamos com o Banco do Nordeste no financiamento para quem precisa fazer as adequações necessárias na parte sanitária. No segundo momento, quando o agricultor obtém o alvará sanitário e o alvará ambiental – ele entra no processo de comercialização, consegue empacotar os produtos e assim acessar outros mercados. Sem os alvarás, 90% dos agricultores ficam reféns do atravessador”. O Programa Farinheira Sustentável teve início em Alcobaça e está sendo disseminado em mais 10 municípios no extremo sul da Bahia: Caravelas, Prado, Mucuri, Nova Viçosa, Teixeira de Freitas, Itamaraju, Jucurucu, Ibirapuã, Medeiros Neto e Lajeadão.

A produção de mandioca e derivados nos municípios de Alcobaça, Prado, Teixeira de Freitas e Ibirapuã (BA) também integra as Cestas de Produtos da Agricultura Familiar com entrega via Delivery pontuadas na matéria De Carvoeiros a Agrofloresteiros. 

Em setembro de 2019, o programa Farinheira Sustentável (FS) esteve entre as 25 iniciativas selecionadas para apresentação na Conferência Internacional de Agricultura e Biologia, o Tropentag 2019, em Kassel, na Alemanha. O caminho até lá envolveu a disputa entre 235 ações inscritas.

Jeilly Vivianne Ribeiro desenvolve essa iniciativa ao lado 15 colaboradores diretos, entre funcionários e estagiários, que trabalham com ela na Polímata Soluções Agrícolas e Ambientais – empresa que ela fundou dois meses após a conclusão do mestrado profissional da ESCAS na Bahia. Uma das colaboradoras de Jeilly também está na ESCAS. “Dorandia Trivellin começou como estagiária e segue como funcionária na Polímata. Ela tem um potencial incrível e quando me contou que o sonho dela era fazer mestrado, eu disse ‘Você vai para a ESCAS’. 

 

Seja aluno da ESCAS também:
Cursos Curtos ou Pós Graduações: cursos@ipe.org.br / whatsapp 11 99981-2601
www.escas.org.br

 

 

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De carvoeiros a agrofloresteiros: mestra da ESCAS/IPÊ transforma realidade socioambiental no sul da Bahia

20 de março de 202412 de maio de 2020 Por Cibele Quirino

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Quando a engenheira agrônoma Jeilly Vivianne, mestra pela ESCAS, chegou ao extremo sul da Bahia, em especial nos municípios de Caravelas, Nova Viçosa e Mucuri encontrou uma região dominada pela exploração do carvão. Na esfera social, alcoolismo e violência doméstica despontavam entre as consequências. “Quem conseguia construir o forno aliciava os outros. Quem abria um forno de carvão bebia para suportar o enxofre da combustão, já que o uso do EPI não era uma opção. A precariedade também estava nos rendimentos que incluía parte do pagamento em bebida. Havia também quem agenciava a carga, era um cenário de guerra”, comenta a engenheira agrônoma Jeilly. 

Nesse contexto, Jeilly assumiu um contrato de risco de oito meses com a meta de transformar carvoeiros em agricultores. Era a implantação do Programa de Desenvolvimento Rural Territorial (PDRT), da Fibria, na região. “Tínhamos que convencer essas pessoas a plantar culturas de ciclos curtos, com 90 dias entre o plantio e a colheita. Começamos a conversa mostrando os problemas de saúde e de alcoolismo da população, mas que era possível mudar. Havia uma pressão muito forte do aliciador da carga para evitar a participação dos carvoeiros nas reuniões”, relata a engenheira agrônoma. 

Ponto de Virada

Para Jeilly, duas situações possibilitaram o ganho de escala que atualmente engloba mais dois municípios: Alcobaça e Teixeira de Freitas (BA). “Quando notamos um agricultor falando para o outro que aquilo dava certo, a receptividade era diferente”. Para compartilhar essa experiência, Jeilly passou a levar quem ainda não estava convencido para conhecer os resultados de quem já havia implementado a Agrofloresta. “Também convidamos os agricultores com resultados para algumas reuniões, o depoimento deles era muito importante”.  

O segundo momento foi quando ex-carvoeiros comprometidos com a mudança conheceram o que poderia ser feito na região. “Levamos um grupo para participar de vivência em agrofloresta, a 800 km de distância, durante uma semana. Na volta já houve uma transformação. Atualmente, não precisamos ir longe para mostrar onde eles podem chegar, já temos essa referência em nosso território”, completa Jeilly. 

Operação Cruzeiro do Sul

Em dezembro de 2011, a Operação Cruzeiro do Sul de combate à produção, comercialização e transporte ilegais de carvão vegetal levou à quebra da cadeia do carvão. “Em uma semana, 2 mil fornos de carvão foram destruídos, aliciadores e compradores foram presos. Os carvoeiros tinham que procurar uma nova fonte de renda e o Programa era uma alternativa.  No primeiro ano, que teve início em setembro de 2011, atuamos em oito comunidades com 168 famílias. No segundo ano, chegamos a 20 comunidades e 420 famílias.”, pontua a engenheira agrônoma. 

Resultados e Perspectivas 

Em quase nove anos de programa, 50% dos ex-carvoeiros avançaram no caminho da Agroecologia, desses cerca de 10% já estão em processo de certificação participativa orgânica pela Rede Povos da Mata. “Esse é o futuro da agricultura, da soberania alimentar. Os agricultores estão conseguindo pagar faculdade para os filhos na cidade e começaram a investir na melhoria das casas. Com o sustento básico assegurado eles conseguem dar outros passos. É uma evolução significativa reconhecida por todos. Alguns até reconhecem que demoraram para entender e aderir ao programa, mas os que abraçaram a proposta desde o início estão com o resultado lá na frente”. 

Agricultores contam a história da transformação da vida deles de carvoeiros a agrofloresteiros. https://www.youtube.com/watch?v=yfgVAqhpsEQ&feature=youtu.be

Negócios em tempos de Covid-19

As mudanças no cenário por conta da pandemia aceleraram alguns planos, como explica Jeilly. “Planejávamos começar o trabalho de cestas delivery no segundo semestre de 2020, após o escalonamento de plantio, mas com a suspensão das feiras em tempos de pandemia, antecipamos as cestas. Temos mais de 50 produtos entre in natura, minimamente processado até o processado. Começamos com a entrega de 40 cestas por semana em Teixeira de Freitas ainda no mês de abril. Já estamos com as cestas delivery em mais três municípios: Alcobaça e Guaratiba/Prado (Bahia) e Nanuque (Minas Gerais)”.

Jeilly Vivianne Ribeiro desenvolve essa iniciativa ao lado 15 colaboradores diretos, entre funcionários e estagiários, que trabalham com ela na Polímata Soluções Agrícolas e Ambientais – empresa que ela fundou dois meses após a conclusão do mestrado profissional da ESCAS na Bahia. Uma das colaboradoras de Jeilly também está na ESCAS. “Dorandia Trivellin começou como estagiária e segue como funcionária na Polímata. Ela tem um potencial incrível e quando me contou que o sonho dela era fazer mestrado, eu disse ‘Você vai para a ESCAS’. 

 

 

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Categorias Notícias Tags ESCAS, ESCAS Bahia, Jeilly Viviane, Mestrado Profissional, Mestrado Profissional turma Bahia Deixe um comentário

Atividades

4 de maio de 2020 Por IPE

 

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ARTIGO – O dilema do coronavírus: da tragédia à solução

4 de maio de 2020 Por Paula Piccin

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Por Rafael Morais Chiaravalloti

Publicado em O Eco

A pandemia de coronavírus nos faz deparar com a seguinte questão: ‘Como restringir o benefício individual do trabalho para preservar o bem comum do sistema de saúde? Claro, não existe solução simples, mas em 2009, Elinor Ostrom ganhou o prêmio Nobel de economia por, exatamente, conseguir trazer uma solução para o dilema. Olhar as respostas que ela trouxe e adaptá-las à nossa realidade é fundamental para chegarmos a uma solução.

 

A primeira vez que alguém refletiu cientificamente sobre o assunto foi ainda na década de 1930. Com o fim da primeira Guerra Mundial, o mundo viu um grande aumento no consumo de pescado, e alguns cientistas começaram a pensar sobre o que iria acontecer no futuro. A questão era simples, os peixes vivem no mar, onde não existia regulação. Se cada pescador retirasse do mar o máximo que conseguisse, uma hora os peixes acabariam. Essas questões foram o gatilho para as regulações sobre uso da costa marítima dos países e para os primeiros trabalhos de ecologia. No entanto, assim como os peixes em locais onde não havia regulação clara, centenas de outros recursos sofriam do mesmo mal, como pastagens, florestas, etc., os quais foram chamados de recursos de bem comum.

Os recursos de bem comum podem ser definidos como qualquer recurso que, após ser utilizado, diminui. Quando alguém pesca um peixe, automaticamente existe um peixe a menos no sistema. Quando alguém come uma fruta na floresta, ela passa a não existir. O mesmo acontece com o sistema de saúde dos países. Quando alguém utiliza um leito, é uma cama a menos nos hospitais. Embora, com o tempo, os recursos de bem comum se renovem (peixes nascem, frutas frutificam e pessoas saram ou morrem), por um determinado tempo, há uma menor quantidade de recurso no sistema.

Em 1968, o economista Garrett Hardin resumiu todas essas questões em um famoso artigo na revista Science. Ele dizia o seguinte: quando utilizamos os recursos de bem comum, o benefício é individual (por exemplo, tenho um peixe a mais, algo como 1 peixe / 1 pessoa, benefício = 1), no entanto, o impacto desse uso é coletivo (todos da comunidade têm um peixe a menos, algo como 1/100 pessoas, impacto = 0,01). Contando que o ser humano é um ser egoísta e racional, as pessoas sempre vão utilizar o máximo de recursos que conseguirem, uma vez que o benefício individual é maior que o impacto coletivo (algo como 1 é maior que 0,01). Em outras palavras, o benefício é imediato e concreto, já o impacto é difuso. No entanto, segundo Hardin, a soma dos impactos individuais colapsa o sistema (os peixes ou as frutas acabam), assim como a sociedade que depende dele. É isso que ele chamou de “tragédia dos comuns”. Em outras palavras, a tragédia daqueles que dependem dos recursos comuns, mas que não se dão conta de que estão próximos do colapso, devido ao individualismo.
 
LEIA NA ÍNTEGRA: https://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/o-dilema-do-coronavirus-da-tragedia-a-solucao/

 

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