Foto em destaque é da 18ª edição da Manhã com Ciência com apresentação de Laury Cullen, coordenador do projeto Corredores de Vida.
Por quase duas décadas a Manhã com Ciência foi uma ferramenta do Programa de Educação Ambiental no Pontal do Paranapanema, extremo Oeste do estado de São Paulo. Implementado pelo IPÊ, sob a coordenação da educadora Maria das Graças de Souza, mais conhecida como Gracinha, as manhãs tinham o objetivo de estabelecer um canal de comunicação entre o IPÊ e a comunidade, dialogando com as pessoas sobre a ciência praticada pelos pesquisadores do Instituto na região. A iniciativa surgiu, em 2003, com encontros mensais, matinais, com 3 horas de duração, com temas específicos relacionados as questões de conservação da biodiversidade e durou até o ano de 2015, nesse período foram realizados 30 encontros. A vivência serviu de inspiração para o Projeto ARR Corredores de Vida, voltado para o mercado de carbono, uma parceria entre IPÊ e Ambipar, que em 2023, passou a realizar a Sexta ConsCiência alinhando educação ambiental, informação e engajamento comunitário, mas agora sob a responsabilidade de Aline Souza, coordenadora de formação nos projetos do IPÊ, também no Pontal do Paranapanema.

Público da Sexta ConsCiência realizada em novembro de 2024 no Parque Estadual Morro do Diabo.
Crédito: José Roberto Pireni
Confira alguns dos destaques desses encontros
Maria das Graças conta que a Manhã com Ciência proporcionava um espaço onde os pesquisadores do IPÊ apresentavam à comunidade suas pesquisas com flora e fauna, em fragmentos naturais como o Parque Estadual Morro do Diabo, de forma clara e objetiva. Foram inúmeros eventos, mas dois deles marcaram muito os participantes, segunda ela. “Um deles foi conduzido pelo pesquisador Fernando Lima que explanou sobre o comportamento e a ecologia da temida onça pintada, animal carnívoro que se alimenta de animais silvestres como capivaras, antas, veados, entre outros. Quando ele frisou sobre a importância de manter a floresta em pé, habitat da cadeia alimentar da onça, as pessoas entenderam que o animal só avança as cercas das propriedades privadas, por conta, da devastação das matas nativas. Em outro encontro a Cristiana Martins, apresentou resultados do Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, espécie endêmica da Mata Atlântica do interior do estado de São Paulo. Ela mostrou que a espécie se alimenta de frutos e auxilia no plantio de novas árvores, já que as sementes que passam pelo trato digestivo desses animais são dispersadas pelas suas fezes”, explicou. E continuou: “Após ouvirem os pesquisadores as pessoas compreendiam porque era importante conservar a biodiversidade e qual era o papel delas junto ao meio ambiente”, pontuou Gracinha.

Maria das Graças
Sexta ConsCiência 2025 começa com evento para mulheres
No próximo dia 28, será realizada a 1ª edição da Sexta ConsCiência do ano de 2025 com o tema “Elas Restauram: Mulheres, Floresta, Equidade e o Protagonismo Feminino na Restauração. ” Esse evento será direcionado para o público feminino com uma metodologia baseada na análise FOFA, uma ferramenta de gestão que irá ajudar a identificar os pontos fortes e fracos, além das oportunidades e ameaças, referente as mulheres envolvidas na cadeia da restauração florestal. O método será aplicado por Aline Souza e Vanessa Stamberg, analista de projetos, na Ambipar.
A escolha do tema, segundo Aline, está relacionada a uma somatória de fatos, um deles, ao “Dia Internacional da Mulher”, comemorado no último dia 08; e o outro é a realidade do projeto Corredores de Vida ARR que tem 28% dos postos de trabalho, de um total de 229, ocupados pelo gênero feminino, com base em dados coletados no 2º semestre de 2024. Embora, as mulheres ocupem quase um terço do número de empregos gerados pelo projeto, um ponto positivo, segundo Aline, é que elas têm representatividade nas três frentes de trabalho da restauração florestal: equipe técnica, viveiros comunitários e empresas de plantio e manutenção.
A expectativa do evento é reunir essas mulheres que atuam na área da restauração florestal e que esse espaço possa ser palco de troca de experiências, fortalecimento de redes e empoderamento, assim, contribuindo com as questões de gênero com base no ODS 5 – Igualdade de Gênero, da ONU.
“Essa iniciativa é fundamental para garantir que esse grupo tão importante seja ouvido, pois as mulheres estão expressivamente em toda a cadeia da restauração florestal. Encontros como esse promovem direcionamento e auxiliam na construção de um ambiente justo de trabalho onde o gênero não é um fator limitante para o desenvolvimento profissional.”, pontuou a pesquisadora do IPÊ.
Em 2025, teremos mais três eventos nos meses de junho, setembro e novembro, os temas dos encontros ainda serão definidos.