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Caro leitor,
Nas próximas páginas você encontrará um relato das principais realizações do IPÊ no ano que antecedeu a disseminação do corona vírus no Brasil e no mundo.
Em 2019, o Brasil foi tristemente marcado por tragédias socioambientais, como o rompimento da barragem de Brumadinho, os vazamentos de petróleo no litoral e o substancial aumento nas queimadas na Amazônia. Tais questões provocaram incalculáveis perdas para os seres humanos e para o mundo. Ao mesmo tempo, foram decisivas para que o meio ambiente ocupasse mais espaço na imprensa e na pauta dos tomadores de decisão. No ano seguinte, em 2020, esse espaço foi tomado pela crise do Covid-19 e por todos os seus desencadeamentos, agregando mais elementos para refletirmos sobre nossa relação com o planeta.
Essa reflexão nos leva a reconhecer a necessidade de repensarmos a agenda e os rumos do desenvolvimento da nossa sociedade. Se estamos nos deparando com uma das maiores crises econômicas da história, esse pode ser um momento oportuno para que o processo de reconstrução de nossos modelos de desenvolvimento seja pautado por princípios de sustentabilidade e conservação ambiental. Por essa razão, mais do que nunca, nossos projetos socioambientais e a nossa escola, ESCAS, têm um papel fundamental e podem oferecer relevantes contribuições para a construção de uma agenda verde de desenvolvimento no período pós covid-19. Precisamos gerir, intercambiar e disseminar conhecimento, especialmente aquele que é voltado para a inovação e para a sustentabilidade. É isso o que fazemos por meio da ESCAS (que atingiu a marca de 7.029 alunos beneficiados desde sua criação) e por meio dos nossos projetos, de forma prática.
O mundo precisa de exemplos e casos reais de cuidados com a biodiversidade e de uso responsável dos recursos naturais. Com nossos projetos buscamos isso e alcançamos resultados importantes como o total de 3,2 milhões de árvores plantadas na Mata Atlântica. Tudo isso com uma lógica de planejamento integrado de paisagem, construído a partir do conhecimento gerado por nossas pesquisas e discutido junto com os atores locais. Você poderá ver aqui os nossos avanços para o corredor norte no Pontal do Paranapanema, rumo à concretização do “mapa dos sonhos de conectividade”. Já na região do Cantareira nossas ações foram voltadas para auxiliar os produtores rurais na transição para sistemas mais sustentáveis de produção e de geração de renda.
Ainda falando em paisagens, temos muito a relatar sobre nossas contribuições através dos projetos “LIRA”, “MOSUC” e “MPB”, para que as áreas protegidas na Amazônia desempenhem seu papel com efetividade, resultando em conservação de biodiversidade com o engajamento de comunidades e organizações locais.
A pesquisa científica aplicada à busca de soluções para desafios socioambientais continua sendo um dos diferenciais de nossa organização. Em relação a isso ganham destaque os trabalhos realizados pelo IPÊ em 2019 no Cerrado e no Pantanal. Nossas informações científicas sobre atropelamento de animais silvestres, com ênfase no caso das antas, e também sobre contaminação por agrotóxicos, vêm sendo cuidadosamente sistematizadas para auxiliar políticas públicas e tomadas de decisões.
Para que essas e mais ações estejam cada vez mais consolidadas e possam ser ampliadas, implantamos nesse ano o sistema “Logalto”, uma ferramenta de gestão, mensuração e demonstração das atividades, dos resultados e do impacto de tudo que fazemos. Essa medida segue a tendência global de mensuração de resultados já utilizada por outras organizações da sociedade civil.
O ano de 2019 também foi marcado por uma mudança importante para o Instituto. Claudio Padua, vice-presidente, deixa suas atividades do dia a dia no IPÊ e passa a atuar como os demais conselheiros do IPÊ, abrindo um novo capítulo relacionado ao processo de sucessão dentro da organização. A perenidade do IPÊ sempre foi preocupação de Claudio e de Suzana Padua, criadores do Instituto. A decisão ocorre em um momento único para nossa organização, tanto em termos de gestão como em termos de conquistas e resultados. A inspiração de Claudio como grande liderança permanece entre todos da equipe, juntamente com uma de suas grandes lições, a de que fazer conservação só é possível através da conexão de pessoas e diálogos entre os mais diferentes setores da sociedade, até os mais divergentes.
Todas as realizações que estão descritas neste relatório, inclusive, só foram possíveis porque o IPÊ não atua sozinho. Ao longo da nossa existência, buscamos construir parcerias sólidas com pessoas e instituições que compartilham de nossos propósitos. Em 2019, por exemplo, tivemos a felicidade de poder comemorar 15 anos de uma importante parceria com Havaianas, mostrando ser possível alinhar diversos setores a favor de uma causa benéfica a toda sociedade.
Desenvolvemos nossas parcerias porque acreditamos fortemente na interdependência. No momento atual, em que nossa sociedade se depara frequentemente com conflitos relacionados a divergências e polarizações ideológicas, apostamos na cooperação, para que possamos utilizar a diversidade a nosso favor. Esperamos que este relatório ajude a ilustrar as relações de interdependência, assim como a importância e os papéis dos cientistas, dos ambientalistas, das organizações do terceiro setor e de todos aqueles que se dedicam a uma agenda do bem para o planeta.
Boa leitura!
Eduardo H. Ditt
Secretário executivo
ACESSE AQUI O RELATÓRIO 2019
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