Ação conjunta com o Idam reuniu 50 participantes em Iranduba
Os sistemas agroflorestais (SAFs) funcionam como uma estratégia eficaz para a recuperação de áreas degradadas, inclusive na Amazônia, bioma fundamental para a regulação do clima, mas que vem sofrendo com os impactos do crescimento da pecuária e monocultura, práticas que causam degradação do solo e perda de biodiversidade. De acordo com dados do Mapbiomas, a Amazônia legal brasileira, que representa 61,9% do território amazônico, com 521,9 milhões de hectares, teve redução de 14% da área coberta por vegetação florestal nativa, ou 71 milhões de hectares, entre 1985 e 2022. A perda líquida de florestas foi de 67,4 milhões de hectares (15,2%), dentre os quais para cada quatro hectares, três foram transformados em pastos.
Diante desse cenário, os SAFs integram, de forma intencional e sucessional, espécies perenes lenhosas — como árvores, arbustos, palmeiras e bambus — com cultivos agrícolas e/ou a criação de animais, promovendo a regeneração do solo, o aumento da biodiversidade e a sustentabilidade do ecossistema.

Atividade reuniu agricultores e técnicos de ATER em Iranduba | Foto: Dirce Quintino
Com o objetivo de fomentar o conhecimento para agricultores familiares sobre essa estratégia, o projeto Agroecologia em Rede, em uma realização conjunta com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), promoveu, no final de março, uma formação sobre Sistemas Agroflorestais. Com carga horária de 24 horas, o curso abordou os SAFs desde seu histórico e modelos existentes, até sua aplicação prática. Foram discutidos diferentes tipos de integração, como lavoura-floresta e lavoura-pecuária-floresta, além de conceitos ecológicos que tornam esses sistemas mais resilientes dentro da agricultura sustentável, como também, fortalece a agricultura no processo de transição agroecológica.
A atividade aconteceu na propriedade rural onde o Idam desenvolve o Sistema de Produção Integrada para Transição Agroecológica – SisPITA, um projeto-piloto de transição agroecológica localizado no Iranduba, a 31 km de Manaus, e reuniu 35 agricultores familiares e 15 técnicos executores do Projeto Prioritário (PP) Agroecologia do Idam que atuam diretamente na assistência técnica e rural do Amazonas, impulsionando assim a agroecologia como instrumento de desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Durante prática alunos usaram máquinas como perfuradeira. | Foto: Dirce Quintino
De acordo com a analista técnica do IPÊ, Ana Laura Módolo, além do conhecimento sobre SAFs, o curso também buscou envolver os agricultores com os princípios da agroecologia. “Os sistemas agroflorestais fortalecem a autonomia dos agricultores familiares ao diversificar a produção, regeneram o solo e reduzem a dependência de insumos externos. São uma estratégia essencial para a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade na Amazônia.”, afirmou.
Entre os participantes do curso está a agricultora Etelvina Mota, que viajou mais de 100 km de sua casa, no município de Rio Preto da Eva, para estar presente na atividade. “Esse curso me mostrou que podemos levar os SAFs para nossas comunidades e fortalecer a agroecologia, promovendo uma produção saudável para agricultores e consumidores. Saio daqui com esperança para reativar nosso SAF e compartilhar esse conhecimento, garantindo alimento e sustento para nossas famílias”, disse a agricultora.

O curso teve duração de 24 horas. | Foto: Dirce Quintino
O curso também teve apoio da Prefeitura de Iranduba e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Secretaria de Produção Rural (Sepror) e Superintendência de Agricultura e Pecuária (SFA), ligado ao Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa).
O projeto Agroecologia em Rede atua em cinco municípios do Amazonas: Manaus, Rio Preto da Eva, Careiro da Várzea, Iranduba e Presidente Figueiredo. Com o projeto, a estimativa é impactar a conservação de 12,5 milhões de hectares de floresta, em uma Unidade de Conservação Estadual e cinco Assentamentos Rurais. O projeto Agroecologia em Rede é realizado pelo IPÊ em parceria com a Rede Maniva de Agroecologia (Rema) e tem financiamento do Fundo Amazônia/BNDES.