Sexta ConsCiência é um desses espaços de troca entre IPÊ e população local
Crédito da foto: José Roberto Pireni
A experiência do IPÊ com o projeto Corredores de Vida há quase 25 anos plantando florestas tornou o Instituto referência na área de restauração florestal. A estratégia utilizada pelo IPÊ no projeto Corredores de Vida busca como resultado o estabelecimento de uma floresta real que possibilite o retorno dos animais. É muito mais do que o plantio de árvores por si só.
No projeto, desde o início o objetivo sempre foi o resultado no longo prazo. O caminho até lá tem sido acompanhado de perto em diversas escalas. As mudas plantadas no campo, por exemplo, são acompanhadas por empresas contratadas da região que realizam após o plantio, manutenção e monitoramento por dois anos. Pesquisadores também monitoram por meio de fotos (com cameras trap) e sons (com audio recorders) os animais que já utilizam as novas áreas.
Está no DNA do projeto Corredores de Vida, como as ações relacionadas ao projeto mitigam os efeitos das mudanças climáticas. Tais resultados atraíram a atenção da Ambipar Environment (antiga Biofílica), que a partir de 2021 estabeleceu em parceria com o IPÊ o projeto ARR Corredores de Vida, ampliando de 7 para 30 municípios a área de atuação com foco na geração de créditos de carbono.
Troca de aprendizados
O envolvimento com a comunidade local faz parte da forma com que o IPÊ atua nos territórios. Por exemplo, as Manhãs com Ciência foram organizadas pelo IPÊ desde 2004 na região do extremo Oeste Paulista. Hoje, chamam-se Sextas ConsCiência. São nesses espaços de encontro em que a equipe do projeto e os parceiros compartilham os desafios, os avanços e os aprendizados das pesquisas, aproximando a comunidade das ações desenvolvidas na região.
Na última Sexta ConsCiência de 2024, cerca de 100 pessoas entre viveiristas, técnicos, assentados rurais e representantes de instituições públicas e privadas, participaram do evento realizado na segunda quinzena de novembro, na sede do Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio. Haroldo Borges Gomes, coordenador de campo do IPÊ, enfatizou a importância do trabalho coletivo. “Cada etapa, da produção de mudas ao plantio, reflete o comprometimento das equipes. Esses esforços não apenas conservam a biodiversidade, mas também trazem benefícios econômicos e sociais para a região.”
Lorena Santos, colaboradora no Viveiro Mata Nativa, contou como tem sido integrar o projeto. “Daqui a 10 anos, as mudinhas que produzo formarão uma imensa floresta. Acredito que plantar florestas é uma das formas de combater o desmatamento e deixar um mundo melhor já para a nossa, mas também para as futuras gerações”. O maior corredor já restaurado na Mata Atlântica está entre os resultados dos Corredores de Vida
Leonardo Almeida, engenheiro florestal e coordenador de projetos da Ambipar Environment, compartilhou durante o encontro os principais marcos da versão ampliada com o ARR Corredores de Vida
- 2021: Primeiro contrato com o cliente Mercado Livre/Pachama para restaurar 300 hectares de áreas degradadas que são estratégicas para a conexão de fragmentos-chave. Os plantios foram realizados nas fazendas Santa Rosa e Vida, nos municípios de Euclides da Cunha Paulista e Presidente Epitácio, respectivamente;
- 2023: Início das Sextas ConCiência inspiradas nas Manhãs com Ciência; assinatura do contrato com a farmacêutica AstraZeneca para o plantio de 12 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica distribuídas em 6 mil hectares, até o segundo semestre de 2026;
- 2024: Certificação do projeto ARR Corredores de Vida pelos padrões internacionais concedida pela Verra Standart, responsável por certificar projetos florestais.