Projeto de alunos da ESCAS disputa Desafio Agroflorestal e ClimateLaunchpad
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A proposta Sistemas Integrados, que Pedro Nogueira (egresso do MBA da ESCAS) desenvolveu em conjunto com Thiago Nogueira, aluno do mestrado da ESCAS e Alexandre Tozzo, está entre as iniciativas selecionadas em duas disputas: no Desafio Agroflorestal, do Fundo Vale e da Reserva Natural Vale e na etapa nacional da ClimateLaunchpad – a maior competição de ideias de negócios verdes do mundo, realizada pela ClimateLaunchpad, co-realizada pela Climate Ventures, no Brasil.
“Inscrevemos uma proposta de desenvolver um modelo de negócio baseado na recuperação de pastos degradados para implementação de sistemas mais produtivos e eficientes de pecuária de leite integrada com a produção de cumbaru – amêndoa nativa do cerrado – também conhecido como baru”, explica Pedro, que concilia os Sistemas Integrados, com o trabalho de pesquisador no IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
Aceleração
O Desafio Agroflorestal busca fortalecer soluções inovadoras em negócios agroflorestais e o processo possibilitou à equipe passar por um processo de aceleração. “Concluímos o Desafio Agroflorestal com um modelo de negócios mais estruturado, já fazendo conexões com potenciais clientes e investidores. O networking e o apoio para o desenvolvimento de um modelo de negócio estão entre os pontos altos do Desafio Agroflorestal. O foco do nosso projeto no início será o Cerrado, mas o modelo é totalmente ajustável para diferentes regiões do Brasil e biomas”, complementa Pedro.
Negócios Verdes
O grupo também inscreveu a proposta na etapa nacional da Competição de Ideias de Negócios Verdes e conquistou o terceiro lugar, em agosto. “De certa maneira é também uma validação, o reconhecimento daquilo que acreditamos. Nossa expectativa era participar, ter essa experiência, conhecer os processos, mas ao longo de cada etapa fomos reconhecendo o nosso valor e nossa capacidade de avançar mais”, comenta o engenheiro florestal, Thiago Nogueira, gestor ambiental na Pecsa – Pecuária Sustentável da Amazônia.
A conquista coloca o projeto Sistemas Integrados na disputa regional, que será realizada no início da segunda quinzena de setembro. Nessa fase, as três iniciativas do Brasil vão competir com os projetos de Argentina, Uruguai, Colômbia, Jamaica e Canadá. Os sete projetos selecionados das Américas participarão da Final Global que tem como prêmio 10 mil euros. Os 16 primeiros colocados na competição global vão receber aceleração pela Climate-klC Accelerator. A Competição Global de Ideias de Negócios Verdes visa encontrar e fomentar ideias e negócios com impacto positivo no clima.
Segundo Pedro, o modelo de negócios Sistemas Integrados além de contribuir na esfera social, por meio da diversificação das fontes de renda dos produtores, ele também traz benefícios no campo ambiental. “Um dos grandes motivos de termos pensado nesse arranjo – com reforma de pasto degradado, a utilização do componente florestal e também de culturas agrícolas – está relacionado ao impacto climático. Sistemas produtivos mais eficientes emitem menos carbono, principalmente por causa da reforma da pastagem e do pastejo rotacionado; isso auxilia muito na redução das emissões de carbono. No nosso modelo de negócio, o componente florestal – a inclusão de árvores – e as espécies agrícolas também contribuem para a fixação de carbono ao sistema. Nesse contexto, no balanço, o sistema passa de emissor de carbono para um sistema que fixa mais carbono. Outro ponto-chave é o desmatamento evitado no nosso modelo de negócio, focado em aumento da eficiência produtiva em áreas consolidadas. Isso é muito importante, uma vez que teoricamente se as pastagens não são recuperadas, os produtores tendem a avançar na vegetação nativa para aumentar a produtividade.”
Entre os principais resultados até o momento, Pedro destaca três pontos. “Desenvolvemos o nosso pitch, uma apresentação em um formato bem resumido e objetivo que possibilita apresentar a proposta em cinco minutos; foi ótimo, um exercício bem interessante para identificação dos pontos-chave. Fizemos também conexões com os potenciais clientes, investidores, parceiros comerciais e técnicos. Outro destaque é a visibilidade obtida na mídia. E isso foi só a primeira fase…”
Sistemas Integrados
Além da versatilidade quanto aos biomas, o modelo pode ser aplicado tanto em pequenas, médias, quanto em grandes propriedades, mas o foco no início será no trabalho com os pequenos produtores do município de Poconé, a cerca de 100 km de Cuiabá, no estado do Mato Grosso, no bioma Cerrado. “Minha família tem um sítio no município, então conhecemos a região e os produtores. É um município com potencial muito grande para a produção de cumbaru, principalmente nativo. Na primeira fase, focaremos no cumbaru, mas existe a possibilidade de arranjo com outras espécies nativas, como, por exemplo, o pequi – também nativo do Cerrado. Devemos começar o início das nossas operações em 2021/2022, no período das chuvas no Cerrado. A princípio a ideia é comercializar o fruto in natura, mas em determinado momento, queremos trabalhar com o cumbaru minimamente processado, como forma de agregar valor”.
No sistema, eles também incluíram espécies de ciclos curtos e semiperenes, como explica Pedro. “A ideia é acelerarmos a recuperação do investimento, por meio de espécies de ciclo curto, como arroz, milho, feijão, além de banana e limão, do grupo de semiperenes”. Quanto ao pasto degradado, a metodologia para recuperar a área tem início com a análise do solo, preparo, com possível correção de nutrientes – se necessário – e plantio do capim (braquiária ou mombaça) nos piquetes com a implementação do sistema rotacionado.
Para o egresso, o fato dele ter cursado o MBA da ESCAS contribuiu para o envio de uma proposta que ficou entre as selecionadas. “O MBA me trouxe as bases de temas importantes no âmbito da gestão de negócios socioambientais, principalmente a questão do impacto socioambiental e de como apresentar a proposta. Toda essa lógica dos negócios socioambientais me ajudou a ter mais subsídios, informações para a apresentar e ficar com uma proposta mais atrativa”, afirma.
Já Thiago destaca o compartilhamento de conhecimentos entre os dois nesse período. “Quando entrei no mestrado o Pedro já estava no MBA. Trabalhamos juntos na Pecsa e soube do mestrado por ele. O mestrado é muito rico, inspirador, fértil e me ajudou muito na minha identidade profissional. Pedro e eu conversamos muito sobre os conceitos e as experiências apresentadas nas aulas. Nessas conversas também falávamos sobre sistemas integrados, as experiências que já tínhamos e ainda que de forma despretensiosa que precisávamos fazer essas ideias virarem negócio, fazer algo disso”.
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