III Congresso de Áreas Protegidas da América-latina: Nosso impacto com o trabalho em rede na Amazônia
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O IPÊ expôs no III Congresso de Áreas Protegidas da América-latina e Caribe as suas experiências com as soluções integradas para as Unidades de Conservação (UCs) na Amazônia. São iniciativas que têm mostrado grande capacidade de multiplicação e fortalecimento das redes locais que atuam com as APs, como os projetos Motivação e Sucesso na Gestão de UCs (MOSUC) e Monitoramento Participativo de Biodiversidade (MPB), em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e o projeto LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica.
“No MOSUC, conseguimos algo inédito para a gestão de áreas protegidas no Brasil, que foi o estabelecimento de parcerias em rede com organizações da sociedade civil para apoiarem a gestão de UCs com a realização de ações similares às de um guarda-parque. Os resultados dessa experiência foram muito positivos com, por exemplo, o aumento da integração da AP com as comunidades locais, o fortalecimento institucional de pequenas instituições parceiras e ampliação da efetividade de gestão das APs apoiadas, explica Angela Pellin, coordenadora do projeto que conta com apoio da Fundação Gordon e Betty Moore.
Já no MPB, a própria comunidade faz levantamentos sobre o status de conservação da biodiversidade local. Os dados gerados pelo programa de monitoramento estabelecer parâmetros ecológicos para avaliação da efetividade das UCs federais, além de subsidiar, avaliar e acompanhar “in situ” projeções de alteração na distribuição e locais de ocorrência das espécies em resposta às mudanças climáticas e demais ameaças. O projeto, que tem apoio da USAID, Fundação Gordon e Betty Moore e Porgrama ARPA, já beneficiou mais de 2,2 mil pessoas. “Mais de 560 delas participaram do curso local de treinamento em monitoramento de biodiversidade, ampliando suas chances de trabalho e aumento de renda. Mais de 400 membros da comunidade são monitores, ou foram monitores em algum momento. Além disso, foi criada uma rede de parceiros locais para a implementação do projeto, totalizando 25 instituições. É uma ação em rede com benefícios reais para todos”, comenta Cristina Tófoli, coordenadora da iniciativa.
O IPÊ também iniciou em 2019 o projeto LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, que visa intensificar as soluções em rede para a região. A iniciativa amplia a capacidade de ação para a conservação do bioma, ao trabalhar em rede com ONGs, associações indígenas, associações extrativistas, governos estaduais e federal. O LIRA atuará em uma área de cerca de 80 milhões de hectares que abrangem 43 Terras Indígenas, 21 Unidades de Conservação Federais e 23 Unidades de Conservação Estaduais. No Congresso em Lima, o Instituto falou desta iniciativa, apoiada pelo Fundo Amazônia, BNDES e Fundação Gordon e Betty Moore. “Nossos esforços são para integrar todos os atores que trabalham pela Amazônia, desenvolvendo atividades de fortalecimento econômico com impacto social positivo, como as cadeias produtivas. Queremos incentivar a melhoria de atividades socioeconômicas na região, garantindo a floresta em pé e dando suporte a ações na ponta”, afirmou Fabiana Prado.

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“Quando a Angela Pellin (IPÊ) nos propôs a ida ao Congresso Latino-americano de Áreas Protegidas nós literalmente ‘piramos’ com as possibilidades disso. Tivemos receio da responsabilidade e da grandiosidade do Congresso claro, mas pensamos em tudo que poderia acontecer de bom a partir disso e resolvemos nos mobilizar, por meio da articulação do IPÊ e dos Parques Nacionais da Colômbia. Faltavam ainda outros membros do Instituto Mapinguari, Adriane e Yuri. A solução para a participação deles foi fazer uma campanha no Instagram e no Facebook para arrecadar doações e assim cobrir os nossos gastos urgentes com passagem e hospedagem. Tivemos um retorno muito bom, tanto que ela acabou também nos ajudando com alimentação e transporte nos dias de viagem.
Empreendedor socioambiental no setor de reciclagem, Roger trouxe para o público algumas lições que teve no seu caminho para a construção de uma cooperativa que hoje funciona com 20 catadores de materiais recicláveis que realizam uma Gestão Integrada de Resíduos. Para ele, a liderança para transformação socioambiental só é possível, quando se está aberto à escuta. “Tem uma leitura de contexto trabalhosa e curiosa. Empreender socialmente é diferente de olhar nicho de mercado, para além da oportunidade. É olhar para contexto, relações, empatia. Não existem soluções prontas. Eu passei por isso, perdi anos achando que eu tinha a resposta para o problema, mas eu aprendi que tem que gastar muita sola de sapato, ouvir muito e trabalhar junto. Meu principal aprendizado foi deixar a ideia de soluções prontas para os problemas, para ter soluções criadas em conjunto”, afirma. Carlos Klink, que também já foi secretário do ministério do meio ambiente, concorda, e vai além. Para ele, os profissionais desse setor precisam ter a comunicação como base de seus trabalhos e de sua atuação. “Temos que aprender com as mudanças no mundo, saber estabelecer redes, definir quais são as instituições importantes para manter relacionamento. Os jovens líderes têm que aprender conteúdo, mas têm que saber como vão lidar com esse conteúdo, como vou solucionar problemas e interagir com meus colegas coletivamente. E também saber comunicar pra além do campo meramente técnico, com os públicos diversos. É importante ter a informação, mas saber o que fazer com ela, como engajar e como fazer com que ela tenha sentido. Isso é um aprendizado continuado”, disse.
O Mestrado Profissional da ESCAS tem um histórico ligado fundamentalmente ao IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. Tendo a Educação como um de seus pilares, o Instituto criou inicialmente o Centro Brasileiro de Biologia da Conservação, para compartilhar o conhecimento desta área com mais profissionais do Brasil e do mundo. O centro de estudos cresceu e, a partir da criação do Mestrado Profissional, passou a se chamar ESCAS, abrigando cursos livres e de pós graduação.