Por Paula Piccin e Carla Knoplech
O trabalho do IPÊ em sua essência é conservar a biodiversidade brasileira. Para isso, desenha estratégias, realiza pesquisas, promove educação e coloca como prioridade a participação social em suas ações, visto que, sem o envolvimento da sociedade, os esforços para a proteção da natureza não surtem o efeito necessário. Nesse cenário, uma das estratégias que ganhou corpo ao longo dos últimos 20 anos foi a Comunicação.
A fundação do IPÊ aconteceu na esteira dos movimentos ambientalistas do Brasil e aproveitando o clima propício que a Eco92, realizada no Rio de Janeiro, trazia para o país e para o mundo. O grupo de pesquisadores criadores do Instituto já conduzia pesquisas com o mico-leão-preto antes disso, mas fundou oficialmente a organização em 1992. Com uma base fundada em pesquisa científica e bastante consolidada no meio acadêmico com diversos prêmios e artigos publicados, a comunicação do instituto concentrou-se nesse nicho.
Em 2003, no entanto, com a necessidade de expandir, diversificar financiadores e ampliar visibilidade, o IPÊ passou a investir em um núcleo de comunicação, conectado a uma unidade de novos negócios. O núcleo passou a focar em estratégias e resultados, com a missão de estabelecer relacionamentos com novos públicos e fortalecer a comunicação socioambiental. Este pode parecer um movimento trivial quando comparamos à realidade do setor privado, porém, foi um avanço significativo no universo de uma organização do terceiro setor, que possui uma lógica operacional completamente diferente, em que o investimento em comunicação era considerado muitas vezes inviável. O que é totalmente compreensível, visto que, na realidade de organizações da sociedade civil, mesmo os projetos na ponta que garantem os resultados e cumprimento da missão muitas vezes não possuem o recurso suficiente para serem executados.
A evolução do núcleo de comunicação e os resultados conquistados, de visibilidade e reputação a parcerias institucionais com crescimento inclusive financeiro para a instituição, provaram que conduzir uma comunicação de forma estratégica é na verdade um investimento com impactos em médio e longo prazos. As mudanças sociais e culturais que vivenciamos em 20 anos também contribuíram para o avanço da área, em uma era que passou a ser digital e muito influenciada pelas redes sociais, hoje, uma aliada do IPÊ no diálogo com a sociedade sobre a necessidade e urgência da conservação da biodiversidade para superação dos desafios climáticos e das desigualdades socioambientais.
O ano de 2024 alcançou alguns marcos interessantes nas duas redes sociais mais estratégicas da nossa comunicação: o LinkedIn e o Instagram. Aqui neste ambiente, com a produção de conteúdo diária ultrapassamos a marca de 150 mil seguidores com interações orgânicas de todas as regiões do Brasil. Foram exatamente 38.267.244 milhões de impressões das nossas publicações, 2.177 comentários e 2.232 compartilhamentos dos nossos posts. Feito esse que contou também com o impulsionamento eficaz do LinkedIn Grants, programa que oferece às organizações sem fins lucrativos qualificadas a possibilidade de se candidatarem à publicidade gratuita na plataforma. Vale salientar, entretanto, que o crescimento constante se deu tanto na versão patrocinada quanto na orgânica.
No Instagram ultrapassamos a barreira dos 100 mil seguidores, subindo quase 10% da nossa audiência desde dezembro de 2023. Posts como este que relaciona as Eleições Municipais com o Meio Ambiente atingiram sozinhos – de maneira orgânica – mais de 50 mil pessoas ( 50% da audiência) e obtiveram quase mil compartilhamentos confirmando a potência do Instagram do IPÊ de gerar conversas relevantes e também de se posicionar como referência educacional, algo que está na nossa essência.
Propósito
Por fim, não podemos esquecer como comunicadores socioambientais que somos, temos por missão engajar para a mudança, sermos agentes transformadores por meio de informação de qualidade, produzida por um corpo científico pautado nessa questão e por profissionais que realizam transformações diárias que comprovam ser possível entregar mudanças para fins coletivos. Essa prática não se estabelece somente como uma forma de garantir a visibilidade da causa ou da marca institucional, mas também nos conduz para um processo de tomada de conhecimento e resgate da conexão humana com a biodiversidade.
Em 2024, o programa de conservação do mico-leão-preto, por exemplo, completou 40 anos e é uma prova viva de que é possível aliar conservação de um pequeno primata aliada à educação, com desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental de toda uma região.
Nós nos esquecemos muitas vezes, mas somos biodiversidade e, por sermos os responsáveis diretos pela perda de biodiversidade que nos encaminha para a sexta extinção em massa, precisamos tomar medidas urgentes e drásticas para frear o desaparecimento também de nossa própria espécie.