Áreas protegidas, pesca e pecuária no Pantanal estão entre as frentes prioritárias de um grupo de especialistas que busca identificar caminhos com potencial de fortalecer o desenvolvimento sustentável no bioma. Mais de 70 profissionais, entre eles pescadores, pecuaristas, acadêmicos e pesquisadores de ONGs e instituições governamentais, do Brasil e exterior, discutem soluções para a região dentro do projeto Paisagens Sustentáveis Pantanal, uma parceria entre IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Smithsonian Conservation Biology Institute (SCBI), Ecoa – Ecologia e Ação e Embrapa Pantanal.
Pesca
Entre as ações recém-lançadas em 2022 está a retomada do monitoramento participativo da pesca na borda oeste do Pantanal, por meio da Ciência Cidadã, com o uso de um aplicativo. Segundo Rafael Chiaravalloti, professor e pesquisador da ESCAS-IPÊ e SCBI (EUA), a expectativa é conseguir mapear as principais áreas de pesca e auxiliar no reconhecimento dos territórios tradicionais. “O principal é entendermos como as comunidades estão usando o espaço. Com base nessas informações vamos pedir ao Governo Federal o direito de posse dessas áreas às comunidades e o acesso às áreas que elas já utilizam, mas que são da União, como parques nacionais, por exemplo. O projeto também busca testar um novo aplicativo de Ciência Cidadã chamado Sapelli Viewer. O objetivo é que os comunitários possam visualizar no próprio celular as áreas que estão utilizando para pescar”.
Pecuária
Nessa frente, o principal objetivo do grupo é avançar com o Programa de certificação de pecuária sustentável no Pantanal desenvolvido pela Embrapa. Segundo o relatório elaborado pelo grupo, 88.3% do território do Pantanal é composto por fazendas. Mais de 90% das fazendas do Pantanal possuem desmatamento zero. No entanto, o desmatamento tem acelerado na região, pesquisadores já identificaram um arco de desmatamento na borda leste do bioma, semelhante ao que se vê nas fronteiras de desmatamento da Amazônia.
“A ideia é apoiar o ganho de escala desse programa e estruturar a certificação”, pontua Rafael. Segundo o pesquisador, a princípio são duas linhas de atuação. “Vamos entender quais barreiras têm impedido os pecuaristas de buscar a certificação. Se essa é uma questão de preconceito com a área socioambiental, de dificuldade de colocar o programa em prática ou ainda se o obstáculo é o custo, por exemplo. Para chegarmos ao resultado, um aluno de doutorado da UFSM – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul já está analisando os dados levantados”.
A segunda linha de atuação trata do aperfeiçoamento dos índices da certificação. “Ao invés de contabilizarmos o número de árvores nativas na propriedade – como previsto inicialmente – vamos contabilizar a área de vegetação nativa. Estamos conversando sobre qual será essa porcentagem. Precisamos criar maneiras práticas de mensurar esses dados”, explica Rafael.
Acesse o documento Pecuária, pesca e ecoturismo no Pantanal elaborado pelo grupo
Áreas protegidas
Em relação à conservação de áreas protegidas do Pantanal, o grupo desenvolveu um plano estratégico com as oportunidades para a conservação do bioma e a proteção das populações que vivem no território (comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas).