Os roteiros metodológicos para monitoramento da biodiversidade trazem o passo a passo sobre como desenvolver essa atividade em Unidades de Conservação (UCs). As publicações podem ser utilizadas por pesquisadores, gestores de unidades de conservação e moradores de Unidades de Conservação e seu entorno que queiram desenvolver ações de monitoramento da biodiversidade em seus territórios.
Os roteiros são fruto do projeto MPB – Monitoramento Participativo da Biodiversidade, realizado de 2013 a 2022 pelo IPÊ, dentro do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade (Monitora), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Para realizar o monitoramento, a troca de conhecimentos entre os técnicos, pesquisadores e moradores da comunidade foi a premissa. Juntos, eles desenharam como seriam as atividades realizadas pelas comunidades nas áreas protegidas, garantindo maior efetividade da ação. Assim, criaram roteiros para serem aplicados pela própria comunidade que vive nas Unidades de Conservação e por membros das instituições parceiras.
Os próprios moradores das comunidades das áreas de atuação do projeto sugeriram os elementos da biodiversidade que seriam monitorados, como a castanha, o pirarucu e os quelônios, de acordo com a relevância de cada um deles para as comunidades. Além do acompanhamento das tendências da biodiversidade e dos recursos naturais nas unidades de conservação, esse monitoramento possibilitou fortalecer o envolvimento da comunidade e dos parceiros locais na gestão das áreas protegidas.
Cada publicação é dedicada ao roteiro metodológico de um alvo de biodiversidade monitorado: Pirarucu, Castanha-da-Amazônia, Quelônios Aquáticos, Mamíferos Terrestres de Médio e Grande Portes e Aves Terrícolas sob efeito do Manejo Florestal e Caça de Subsistência sobre Espécies Cinegéticas na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns.
Durante o ciclo do projeto 2013-2022, a ação contou com acompanhamento dos pesquisadores do IPÊ. Uma série de treinamentos em diversas áreas do conhecimento fortaleceram os moradores das comunidades e parceiros que também participam dos processos de articulação de iniciativas.
Mais do que monitoramento
A articulação entre identificação de perguntas de interesse, obtenção de dados de qualidade e fortalecimento do envolvimento social é central para entender e moderar a extensão de mudanças que estejam levando à perda de biodiversidade local, a subsidiar as mudanças necessárias e promover a manutenção do modo de vida das comunidades locais e a conservação da região.
Para Cristina Tófoli, coordenadora do MPB, essa é mais uma entrega estratégica do projeto. “Com a publicação dos roteiros metodológicos, a expectativa é compartilharmos mais do que a metodologia, mas também o caminho que trilhamos em sua implementação até a versão final dos roteiros. Dessa forma esperamos contribuir com pesquisadores, gestores de unidades de conservação e moradores de outras Unidades de Conservação, por meio do monitoramento da biodiversidade – com as devidas adequações. Sabemos que a partir dele é possível avançar ainda mais na conservação da biodiversidade, fomentar a geração de renda e também fortalecer a gestão integrada da área protegida”.
Cecilia Cronemberger, coordenadora geral de Pesquisa e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, compartilha o histórico desse trabalho e reforça o potencial dos roteiros. “Essas publicações são o resultado de anos de trabalho das equipes do ICMBio e do IPÊ e representam um avanço importantíssimo para o Programa Monitora. A partir de agora torna-se possível para outras Unidades de Conservação implementarem o monitoramento dos alvos complementares do Programa, pois os protocolos estão organizados e disponíveis. Desta forma será possível aprender com a experiência dos primeiros anos do Programa Monitora e construir novas soluções a partir daí”.
Cada conjunto de procedimentos foi desenvolvido para levantar dados a partir do emprego de técnicas simples, com baixo custo financeiro e operacional, privilegiando a participação de atores locais, acompanhado do compartilhamento de análises e interpretação coletiva de resultados.
A produção de conhecimento sobre a realidade local das unidades de conservação apoia os gestores na administração destas áreas, em diálogo com a sociedade, levando em conta os principais instrumentos de gestão: conselho gestor, acordos e plano de manejo.
O estabelecimento de procedimentos padronizados, com conjunto mínimo de variáveis em comum, visa a comparabilidade e o ganho de escala, de modo que o programa gere informações relevantes para as decisões de manejo e uso dos recursos em escala local nas Unidades de Conservação, mas também para as manifestações em escala regional e nacional.
Nessa direção, os cinco roteiros seguem a mesma estrutura que privilegia o compartilhamento dos aprendizados: Unidades de Conservação envolvidas, sobre o alvo do monitoramento, processo de construção coletiva do protocolo de monitoramento, protocolo de monitoramento, experiências de implementação, expectativa de multiplicação do monitoramento, reflexões, recomendações além das referências bibliográficas.
O MPB é resultado de uma parceria com o ICMBio e contou com apoio da USAID, Fundação Gordon e Betty Moore (GBMF) e Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).
Confira as publicações
– Roteiro Metodológico do Monitoramento da Caça Subsistência na Resex Tapajós-Arapiuns
Parceiros: IPÊ, Programa Monitora/ICMBio, CENAP/ICMBio, ICMBio, USAID, Fundação Moore (GBMF)
– Roteiro Metodológico do Monitoramento de Quelônios Aquáticos Amazônicos
Parceiros: IPÊ, Programa Monitora/ICMBio, RAN/ICMBio, CEPAM/ICMBio, ICMBio, USAID, Fundação Moore (GBMF)
– Roteiro Metodológico do Monitoramento em Áreas de Manejo Florestal
Parceiros: IPÊ, Programa Monitora/ICMBio, CENAP/ICMBio, ICMBio, USAID, Fundação Moore (GBMF)
– Roteiro Metodológico do Monitoramento do Pirarucu
Parceiros: IPÊ, Programa Monitora/ICMBio, CEPAM/ICMBio, ICMBio, USAID, Fundação Moore (GBMF)
– Roteiro Metodológico do Monitoramento da Castanha-da-Amazônia
Parceiros: IPÊ, Programa Monitora/ICMBio, Embrapa Rondônia, ICMBio, Pacto das Águas, USAID, Fundação Moore (GBMF).