O Projeto Centro de Educação e Cooperação Socioambiental para o Clima (CECSA-Clima), em parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pastor Antônio Nunes de Carvalho, realizou no dia 8 de maio a VI Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente. Foi a primeira vez que a escola sediou O evento, direcionado a alunos de 11 a 14 anos, ocorreu pela primeira vez na escola. O tema central do encontro foi o fortalecimento dos saberes tradicionais como alternativa aos impactos das mudanças climáticas nas comunidades locais. Além disso, incentivou o protagonismo juvenil em relação à Cúpula do Clima da ONU, que acontecerá no Brasil este ano.
A Escola de Alto Rio Novo, no Espírito Santo, é um dos parceiros que estão formando o CECSA-Clima. O município, localizado em uma Área Suscetível à Desertificação, tem vivenciado os efeitos dos eventos climáticos extremos. Secas prolongadas e ondas de calor afetam diretamente a vida dos pequenos agricultores, que dependem da terra para garantir sua subsistência.
O “Projeto de Ação da Escola” abordou o fortalecimento do cultivo sustentável da mandioca e da produção de farinha. A escola selecionou este tema a fim de assegurar a preservação dos saberes tradicionais, a segurança alimentar e o cuidado com a terra. Cerca de 400 estudantes participaram do evento. Gestores públicos do município também participaram da conferência. Estiveram presentes o prefeito e a vice-prefeita e os secretários de meio ambiente, agricultura, cultura e educação.
Herança sustentável: protagonismo dos saberes tradicionais frente às mudanças climáticas
Isadora Ruttul, articuladora local do CECSA-Clima, abriu o evento com um momento de reflexão coletiva sobre os efeitos das mudanças climáticas em Alto Rio Novo. Em seguida, fez uma palestra sobre Justiça Climática e o papel das crianças e jovens, demonstrando como eles podem se organizar coletivamente para levar suas demandas a espaços de decisão institucional.
Os alunos do oitavo ano, juntamente com a comunidade escolar e os parceiros externos se dividiram em nove eixos temáticos para discutir os seguintes assuntos:
- A importância da participação dos jovens nas decisões sobre o futuro do planeta;
- As histórias mais impactantes de Alto Rio Novo quando se fala sobre mudanças climáticas;
- Os grupos da região que mais sofrem com os efeitos das mudanças climáticas;
- Comunicação como ferramenta para mostrar o que estamos vivendo e pensando sobre o clima;
- Os principais problemas ambientais do município;
- Ações que podem começar na escola ou comunidade para enfrentar os problemas ambientais e as mudanças climáticas de forma prática;
- Saberes antigos ou conhecimentos da comunidade que possam ajudar a cuidar melhor do clima e do meio ambiente;
- Como a escola pode ajudar a comunidade a entender os impactos das mudanças climáticas;
- Ensinamentos dos povos indígenas e tradicionais sobre mudanças climáticas.
O grupo “Jovens Protagonistas”, um coletivo de estudantes da Escola Pastor Antônio Nunes, atuou como mediador debates. Os grupos temáticos apresentaram os principais pontos levantados aos demais através de um círculo de cultura, para socialização dos aprendizados.
Sustentabilidade no cultivo da mandioca
Na sequência, os estudantes propuseram ações para serem adicionadas ao “Projeto de Ação da Escola” Herança Sustentável, e detalharam suas metodologias. Exaltando o aspecto democrático da Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, as ações mais votadas serão executadas ao longo dos próximos meses. Os estudantes do sexto, sétimo e nono ano também tiveram a oportunidade de sugerir e votar em ações para serem adicionadas ao Projeto. Estas atividades foram mediadas pelos professores e pelos alunos protagonistas.
“A juventude pode fortalecer a agricultura familiar, valorizar os saberes tradicionais, propor soluções para a segurança alimentar. Pode contar histórias, criar vídeos, rádios comunitárias, envolver a comunidade e mostrar que está disposta a agir. Estamos fazendo hoje. Aqui, em Alto Rio Novo, isso também é possível.” compartilha Isadora.
Para dar continuidade às ações da Conferência, os estudantes realizarão uma Troca de Saberes com produtores de mandioca e farinha do município. A fim de colocar em prática os diálogos, realizarão um mutirão para implementação de uma “Unidade demonstrativa agroecológica” na escola, com foco no cultivo da mandioca em meio a outras culturas. Os estudantes criarão um coletivo para o cuidado e gestão deste plantio.
Como atividade de encerramento, os alunos do oitavo ano produzirão peças de Educomunicação com o tema “Herança sustentável: protagonismo dos saberes tradicionais frente às Mudanças Climáticas” a fim de compartilhar a vivência e os aprendizados com outros alunos, escolas e famílias.
O Projeto Centro de Educação e Cooperação Socioambiental (CECSA-Clima) é financiado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).