Enquanto o Projeto de Lei 2159/2021 — conhecido como “PL da Devastação” — ameaça enfraquecer o licenciamento ambiental e desfigurar a Lei da Mata Atlântica, ação de restauração florestal, no Dia da Mata Atlântica reforça que é possível escolher outro caminho.
O plantio simbólico de 500 mudas, em Teodoro Sampaio/SP, mobilizou a comunidade local, incluindo crianças da Guarda-Mirim Ambiental, representantes da Fundação Florestal e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. A iniciativa é do IPÊ em parceria com os viveiros comunitários, que doaram as mudas.
“Esse plantio, no Dia da Mata Atlântica, reforça a importância do envolvimento da comunidade local na conservação da biodiversidade e na luta por políticas públicas, para que vidas continuem sendo preservadas”, destaca Aline Souza, coordenadora de formação nos projetos do IPÊ no Pontal.
O plantio realizado em área pública, no assentamento Vale Verde, em Teodoro Sampaio se conectou a um trecho restaurado pelo IPÊ em 2024, com 12 mil mudas, com recursos do Programa Nascentes do estado de São Paulo. Ambos os plantios estão na face norte do Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD), o maior fragmento da região com 34 mil hectares de mata natural.

“Para nós teodorenses é um orgulho abrigarmos o Morro do Diabo em nossa cidade. Ter a oportunidade de participar dessa ação com meus alunos, saber que estamos contribuindo para aumentar a área de floresta é uma satisfação imensa”, disse a instrutora da Guarda-Mirim, Rosemeire Cardoso Evangelista.
Restauração florestal na Mata Atlântica
Na região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste paulista, o IPÊ já plantou mais de 10 milhões de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, em mais de 5.000 hectares. As áreas restauradas visam a conectar fragmentos florestais da região. A medida é estratégica para a fauna, tendo em vista a troca genética entre as populações. A oferta de serviços da natureza, como a regulação climática, por exemplo, também está entre os benefícios para toda a biodiversidade, incluindo nós humanos.
“Senti uma satisfação inexplicável em saber que aqui vão crescer árvores que são boas para os animais, incluindo o mico-leão-preto, espécie que só tem no nosso estado”, explicou Antonny Gonçales, da Guarda-Mirim. O colega de turma, Adryan Arthur de Moura, completou, “as árvores também ajudam nós humanos, pois elas fazem a fotossíntese do ar que respiramos”.
Educação ambiental contribui para cidadãos mais conscientes
Para Eriqui Inazaki, gestor do PEMD, a ideia do IPÊ em envolver crianças nesse plantio foi assertiva pelo fato do Morro do Diabo ser o quintal da casa delas. “O ato de plantar essas mudas acredito que irá aguçar neles a sensação de pertencimento, além da importância de cuidar do todo, ou seja, tanto do parque como do seu entorno”.
O sócio-proprietário da Bispo Serviço de Restauração Ecológica Ltda, Edmilson Bispo, lembra que ações de educação ambiental promovidas pelo IPÊ, lá no passado, despertaram nele o interesse pela área ambiental. “Na minha juventude trabalhei como viveirista e me graduei em Biologia., Hoje, sou empresário no ramo da restauração florestal e presto serviço para o IPÊ. Enfim, participar desse evento no assentamento onde nasci, cresci e, atualmente, onde moro com minha família é muito gratificante”.
Na avaliação de Elton Pinheiro, secretário municipal de Meio Ambiente, a pessoa que cuida do meio ambiente cuida de si mesmo. “No futuro, quando houver confronto entre homem e natureza, por conta de interesses econômicos, essa relação pode ser decisiva” .
