Com objetivo de apoiar a atuação das brigadas comunitárias no Pantanal, o projeto Juntos pelo Pantanal: fortalecendo a participação voluntária e comunitária no Manejo Integrado do Fogo realizou uma capacitação junto às brigadas comunitárias do Pantanal do Mato Grosso do Sul entre os dias 13 e 15 de maio, na Área de Proteção Ambiental Municipal (APA) Baía Negra, em Ladário/MS.
Dois eventos preparatórios precederam a capacitação. A 1ª Oficina, de diagnóstico da atuação destas brigadas aconteceu em fevereiro. A 2ª Oficina, para planejamento das atividades de Manejo Integrado do Fogo (MIF), em março . O encontro da última semana reuniu 44 representantes, de 13 brigadas comunitárias da região, além de profissionais de 10 instituições entre públicas e privadas que atuam com o MIF no Pantanal.
“O que temos feito aqui no Pantanal é buscar mais informações sobre as brigadas comunitárias, ampliar a articulação dessas iniciativas com o poder público, como Ibama, ICMBio e Corpo de Bombeiros e trabalhar principalmente com o fortalecimento de ações de prevenção. É muito importante que as brigadas comunitárias estejam mais bem preparadas para atenderem situações de incêndios florestais próximos ou dentro das comunidades delas, para que possam trabalhar de forma mais segura e articulada, ampliando os resultados para conservação.” explica Angela Pellin, coordenadora de projetos no IPÊ, à frente do Juntos pelo Pantanal.
Simulação de aplicação da chave de acionamento
Neste terceiro encontro os participantes realizaram uma simulação de aplicação da chave de acionamento construída coletivamente com as brigadas comunitárias e demais instituições que lidam com o Manejo Integrado do Fogo no Pantanal, assim como um treinamento para uso de aplicativos de monitoramento de focos de calor e compartilhamento de informações geográficas para localização precisa e comunicação de incidentes.

André Luis Siqueira, diretor de Programas e Projetos da ECOA, conta que desde 2006 vê as brigadas voluntárias e comunitárias como uma estratégia de reduzir e transformar os impactos que os incêndios vêm causando a cada ano dentro no bioma. “O IPÊ através da estratégia federal já vinha discutindo as brigadas voluntárias e comunitárias como uma Política Pública, que nós acompanhamos e nos envolvemos e agora está consolidando isso na prática. O Projeto Juntos pelo Pantanal trouxe um outro patamar de discussão em relação as brigadas. Para além do foco em respostas emergenciais que viemos trabalhando, entregando equipamentos e treinamento para que as brigadas pudessem defender seus territórios com mais eficiência e segurança, o projeto elevou essa discussão para uma nova escala, trazendo um aprofundamento, de universalização da informação, de chaves de acionamento, juntando instituições e capilarizando ações.”
Para Leonida Souza, líder da Brigada Comunitária da Barra de São Lourenço, participar das formações auxiliou na construção de metas e estratégias para defender não apenas a comunidade, mas toda a biodiversidade presente no bioma. “A gente, como brigada, não está protegendo só as nossas vidas, mas todo um ecossistema, que é o nosso Pantanal. Eu não sei nem expressar a importância do Pantanal para as nossas vidas, porque ele não é só bicho, água, gente, ele carrega vida. A gente mora dentro da Bacia do Rio Paraguai, então o fato de nós sermos uma brigada para proteger esse lugar é uma coisa que me emociona muito.”

Sistema de Comando de Incidentes
Thainan Bornato, técnica ambiental do Prevfogo/Ibama de Corumbá/MS, reforça que os treinamentos em tecnologia e educação ambiental são primordiais para melhorar a efetividade das ações. “As brigadas comunitárias podem evitar que os incêndios tomem grandes proporções e que tenhamos maior dificuldade de combate. Tendo pessoas formadas para que elas possam fazer a parte da prevenção, para que elas possam conversar com os comunitários e fazer essa primeira identificação, garantimos que os focos de incêndio sejam menores e menos agressivos.”

João Paulo Pereira Santos Júnior, sargento do Corpo de Bombeiros do MS ressalta a importância de treinamentos como este para aprimorar a integração entre brigadas comunitárias e outras instituições que atuam no combate a incêndios florestais. “São essas brigadas comunitárias que conhecem a localidade, conhecem melhor o terreno e muitas vezes são as primeiras a chegar ao local, já realizando o primeiro combate ou informando o Ibama/Prevfogo ou Corpo de Bombeiros sobre a necessidade de recursos e apoio.”
PSA Brigadas
No encerramento do evento foram apresentados aspectos jurídicos, de gestão e de captação de recursos para estes coletivos, de modo que possam estar aptos tanto a participar de espaços de decisão, quanto à captação de recursos. Por fim, a servidora Letícia Walter, da Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC), apresentou o edital de Pagamento Por Serviços Ambientais para brigadas. Segundo Letícia, “O PSA Brigadas visa fomentar a estruturação de brigadas locais em territórios do Pantanal do Mato Grosso do Sul de alta suscetibilidade ao fogo, integrando ações preventivas, educativas e de primeira resposta. Identificamos a necessidade de subsidiar a governança compartilhada dos incêndios no Pantanal Sul colocando no centro quem efetivamente atua no território.”

O edital PSA Brigadas está com inscrições abertas até o dia 13 de junho de 2025. Comunidades tradicionais, ribeirinhos, indígenas e agricultores familiares serão considerados como público prioritário. Para mais informações acesse o edital. As dúvidas devem ser direcionadas para o e-mail contatopsa@semadesc.ms.gov.br
Próximos passos
O próximo passo do projeto será a consolidação das informações levantadas durante todo o projeto e o retorno aos participantes. Até o final de junho o projeto doará equipamentos para as brigadas comunitárias, como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e ferramentas para o combate a incêndios florestais, como abafadores, sopradores e bombas costais. As brigadas contempladas serão definidas pelo IPÊ e parceiros do projeto com base no conjunto de informações levantadas durante todo o processo.
O projeto Juntos pelo Pantanal é executado pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, em parceria com o Ibama/Prevfogo, ICMBio – CMIF, Fundo Casa Socioambiental e ECOA (Ecologia e Ação). O financiamento é do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) no âmbito do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e tem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO como agência executora.