Crédito da foto acima: João Marcos Rosa
Em 2022, durante a COP15 (Montreal), os líderes dos 196 países signatários da Convenção da Diversidade Biológica da ONU estabeleceram novas metas globais a serem perseguidas e cumpridas pelos países para tentar frear a perda de biodiversidade no mundo.
As ações do IPÊ colaboram diretamente para o cumprimento de boa parte dessas metas e se somam às demais ações, seja de outras organizações da sociedade civil (OSCs), iniciativas governamentais, empresariais ou da academia, em prol dos objetivos globais. Conheça todas as metas.
Por exemplo, o planejamento participativo para fortalecimento da pecuária sustentável no Pantanal e identificação de lacunas na gestão sustentável do bioma junto com atores locais, realizado pelo Pontes Pantaneiras, é uma das atividades que contribuem com a meta 1, que tem como foco garantir que todas as áreas estejam sob planejamento espacial participativo e integrado à biodiversidade e/ou processos eficazes de gestão que abordem as mudanças no uso da terra e do mar. A meta visa reduzir a perda de áreas de alta importância para a biodiversidade, incluindo ecossistemas de alta integridade ecológica, a quase zero até 2030, respeitando os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais.
Também são parte dessa meta as ações de restauração florestal e implementação de sistemas produtivos, a partir do planejamento das propriedades rurais e áreas prioritárias para conservação, como é o caso dos projetos no Sistema Cantareira e do planejamento participativo das propriedades rurais no Sul da Bahia e no Pontal do Paranapanema, para conectividade de fragmentos de alta relevância ecológica. O mesmo acontece nas ações que temos executado com mais de 100 produtores rurais assentados do Espírito Santo. Esse planejamento participativo na construção de soluções para conservação, aliás, é premissa de todos os projetos do IPÊ que se propõem a conservar territórios por meio de uma abordagem de manejo florestal ou da produção rural.
A solução na natureza e no respeito aos povos tradicionais
Os projetos também se conectam meta 2: “Assegurar que, até 2030, pelo menos 30% das áreas de ecossistemas terrestres degradados, águas interiores, costeiras e marinhas estejam sob restauração eficaz, a fim de promover a biodiversidade, as funções e serviços ecossistêmicos, a integridade ecológica e a conectividade”. Na região do Sistema Cantareira, 500 hectares de restauração já foram estabelecidos, no Espírito Santo, 600 hectares. No sul da Bahia, já realizamos restauração florestal e implementação de sistemas produtivos sustentáveis em 510 hectares e no Pontal do Paranapanema, onde atuamos há mais de 30 anos, já são 6.000 hectares restaurados, alcançando 8 milhões de árvores plantadas na Mata Atlântica.
As ações de restauração e gestão executadas também contribuem com a meta de maior destaque no acordo da COP15, apelidada de 30×30 (meta 3), que busca essencialmente: garantir e possibilitar que, até 2030, pelo menos 30% das áreas terrestres, e 30% de águas interiores, costeiras e marinhas com importância particular para a biodiversidade sejam efetivamente conservadas e gerenciadas por meio de sistemas de áreas protegidas (…) reconhecendo e respeitando os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais, inclusive sobre seus territórios tradicionais.
Aqui também destacamos o LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, que gera impacto positivo em 58 milhões de hectares referentes a 59 áreas protegidas apoiadas, sendo 30 unidades de conservação e 29 terras indígenas, apoiando projetos e organizações dos territórios da Amazônia, gerando fortalecimento das suas populações e desenvolvimento local. O mesmo ocorre com o Monitoramento Participativo da Biodiversidade, projeto desenvolvido também na Amazônia por mais de 10 anos, que alcançou mais de 12 milhôes de hectares referentes a 18 Unidades de Conservação. Já no Pantanal, o Pontes Pantaneiras apoia a melhoria da efetividade de gestão do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, com cerca de 135.000 hectares.
Pesquisa de fauna
Os trabalhos de pesquisa científica do IPÊ com a fauna têm o principal objetivo de reduzir o risco de extinção, mantendo e restaurando a diversidade genética dentro e entre populações nativas. Esse trabalho dialoga diretamente com a meta 4, em que os países devem realizar ações urgentes de gestão para interromper a extinção induzida pelos humanos de espécies ameaçadas conhecidas e para a recuperação e conservação de espécies ameaçadas.
Já conquistamos passos significativos nisso, como a melhoria da categoria de ameaça do mico-leão-preto e informações completas sobre a ecologia e comportamento da anta brasileira em quase todos os biomas, além de informações inéditas sobre o tatu-canastra. Os projetos para conservação dessas espécies incluem práticas de conservação in situ e ex situ e manejo sustentável, e contribuem para minimizar conflitos entre humanos e vida selvagem para a coexistência.
Ações para o clima também fazem parte da conservação da biodiversidade
Dentre as metas globais estabelecidas para a conservação da biodiversidade, está a 8, que visa minimizar o impacto das mudanças climáticas e da acidificação dos oceanos na biodiversidade e aumentar sua resiliência por meio de ações de mitigação, adaptação e redução de riscos de desastres, incluindo soluções baseadas na natureza e/ou abordagens baseadas em ecossistemas, ao mesmo tempo em que se minimizam os impactos negativos e se promovem os impactos positivos das ações climáticas na biodiversidade.
Todos os projetos do IPÊ se conectam com a questão climática, sejam eles de restauração florestal, apoio no gerenciamento de territórios estratégicos para a biodiversidade ou de pesquisa de fauna. Há, entretanto, ações direcionadas para o combate e adaptação às mudanças do clima, como a iniciativa de educação Escolas Climáticas, que mobiliza escolas públicas para um ensino baseado em um novo momento de vida do planeta, a crise climática; e o Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo, com levantamento de informações que propiciaram a compreensão da contribuição da sociedade civil e voluntários para o manejo integrado do fogo (prevenção, combate e outras ações de conservação), de forma complementar aos esforços do poder público; fortalecer a abordagem do manejo integrado do fogo como solução baseada na natureza.
Na COP16, o IPÊ trabalha coletivamente com outras OSCs, instituições parceiras e governos nas esferas estaduais e federal para que as negociações sejam as mais positivas possíveis frente aos desafios que enfrentamos hoje com a perda de biodiversidade no mundo. Acompanhe a nossa participação na Conferência.