A COP16 da Biodiversidade, em Cali, Colômbia, reuniu mais de 23 mil pessoas. A delegação brasileira chegou a 600 representantes, número inédito na história das conferências da Biodiversidade, com participação de integrantes do governo, representantes de empresas, academia e organizações da sociedade civil.
As negociações para a implementação do marco global da biodiversidade, acordado na COP15, avançaram em alguns pontos importantes, porém, o mais esperado deles, o financiamento para a recuperação da biodiversidade no mundo, que incluía a decisão por um novo fundo para a biodiversidade e o compromisso dos países desenvolvidos no aporte de recursos, não avançou. Saiba mais sobre como foi a COP16, os avanços e os desafios.
A participação do IPÊ se deu em diversas esferas na COP16. Antes mesmo do evento em si, o Instituto participou da revisão da EPANB brasileira, a Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade, contribuindo com as oficinas das Organizações da Sociedade Civil, da Academia e a Intersetorial. É sob esse documento – em atual revisão no Conabio e que vai passar pela aprovação dos ministérios – que as ações brasileiras se darão com vistas ao cumprimento das 23 metas globais. Nos eventos paralelos às negociações globais, os side events, o IPÊ debateu assuntos diversos que dizem respeito à implementação dos objetivos e metas da biodiversidade.
“A COP vai muito além das negociações, pois é uma forma de reunir o mundo em um mesmo propósito e demonstrar que mesmo diante de todas as dificuldades, temos uma força que une esforços e nos dá um ânimo em continuar. É importante fazermos parte das diretrizes e poder influenciar e apoiar o governo juntamente com nossos parceiros nas negociações. Também considero que mesmo diante de algumas perdas e indefinições, o movimento de fortalecimento da conservação da biodiversidade foi reforçado global e nacionalmente, e é no Brasil que vamos realizando as ações e atuando para que as políticas públicas sejam criadas e fortalecidas. Meu desejo é que possamos reunir os países da América Latina e Caribe ressaltando a importância do sul global no que diz respeito à riqueza da nossa megadiversidade.”, afirma Simone Tenório, coordenadora da participação do IPÊ na COP da Biodiversidade.
Junto com representantes das secretarias de meio ambiente dos estados, por meio da ABEMA – Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente, debatemos a conexão entre clima e biodiversidade na agenda pública. Apresentando nossos resultados e o exemplo do Pontal do Paranapanema com a conexão entre pesquisa, conservação, geração de renda com atividades sustentáveis e articulação com o governo, destacamos o valor dessa articulação na criação de políticas públicas eficazes para a conservação da biodiversidade e redução do impacto das mudanças do clima.
Em evento com a TNC Brasil, debatemos a necessidade do estabelecimento de estratégias de conservação da biodiversidade que contemplem e beneficiem as mulheres, em especial no contexto atual de crise climática, que tem ligação direta com a degradação de ecossistemas e perda de recursos naturais. O encontro “Direitos Humanos e Gênero nos Planos de Ação Nacionais sobre a Biodiversidade”, promoveu ainda uma rodada de conversas para colher contribuições e sugestões dos presentes para criar o plano de ação para a meta 23, que visa garantir a igualdade de gênero, dando a todas as mulheres e meninas oportunidades iguais e capacidade de contribuir para os três objetivos da Convenção. Saiba mais como foi.
O IPÊ também participou de eventos no Espaço Brasil, do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima. Ali, debatemos sobre a importância dos campos nativos, compartilhando as nossas ações por meio da coalizão Pontes Pantaneiras, da qual fazemos parte. Cristina Tófoli, falou sobre a implementação das oficinas de pecuária sustentável que têm sido realizadas junto aos produtores rurais do Pantanal, e nas quais está em desenvolvimento um plano de ação, construído em conjunto com pecuaristas tradicionais da região, e que visa valorizar o produto pantaneiro que segue boas práticas ambientais.
“Temos que separar o produtor rural tradicional daquele que está degradando o meio ambiente. Hoje é preciso criar formas de medir as propriedades, analisar a maneira como a atividade é exercida e criar medidores para podermos afirmar se a pecuária está sendo praticada de forma sustentável e certificar esses produtores”, disse Cristina, gerente e coordenadora da coalizão.
Em outro momento, no espaço Brasil, falamos de um projeto de muito sucesso realizado em Unidades de Conservação da Amazônia, o Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB). Dentro do programa Monitora, do ICMBio, que completa 10 anos em 2024, o MPB trouxe resultados importantes e mostrou o papel crucial da participação social e envolvimento comunitário para a ciência e a conservação da biodiversidade. Saiba mais como foi essa participação.
Por fim, em um momento marcante dessa participação na COP16, o IPÊ assinou junto ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, um protocolo de intenções de cooperação, que visa integrar os esforços do IPÊ pela conservação da biodiversidade brasileira à agenda de implementação da Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANB) do governo federal.
“A assinatura dessa cooperação é também um reconhecimento do papel das organizações da sociedade civil para a conservação da natureza do Brasil. Isso é fundamental para avançarmos. Acreditamos sempre na colaboração como o melhor caminho, na articulação e atuação em rede para superar todos os desafios sociais, ambientais e econômicos que enfrentamos e que são cada vez mais urgentes”, afirmou Cristina Tófoli, representante do IPÊ na assinatura do documento, que contou com a presença da Ministra Marina Silva. Leia a matéria completa aqui.