Neste mês de abril, pesquisadores do Programa de Conservação do Mico Leão-Preto comemoram a captura de mais um grupo de micos para monitoramento, dessa vez na Estação Ecológica Mico-Leão-Preto (ESEC-MLP), oficializando o retorno do trabalho nesta Unidade de Conservação Federal (ICMBio), localizada no Pontal do Paranapanema (SP).
O grupo capturado para monitoramento será um dos primeiros a receber colares de GPS, a partir de junho, uma metodologia inédita para monitoramento de primatas de pequeno porte (calitriquídeos).
“Os fragmentos da ESEC MLP estão entre os maiores remanescentes de mata atlântica de interior do estado de São Paulo, a mata preferida do mico-leão-preto. Estudar os micos nesse local, em que a fragmentação é relativamente recente, nos ajuda a compreender como a espécie está respondendo à fragmentação e assim planejar ações para aumentar a viabilidade dessas pequenas populações. Para isso estudamos como esses grupos estão utilizando o espaço, os recursos essenciais para manter a população ali, e também fazemos uma avaliação genética e de saúde da população, que é crucial no caso de populações pequenas.”, explica Gabriela Rezende, coordenadora do programa.
A ESEC MLP é uma das principais Unidades de Conservação Federal do Estado de São Paulo, com cerca de 6,7 mil hectares, localizada na região do Pontal do Paranapanema e atualmente conectada ao Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD) por um corredor florestal restaurado pelo IPÊ. A área é dividida em quatro fragmentos florestais: Água Sumida (1.119 ha), Ponte Branca (1.306 ha), Tucano (2.115 ha) e Santa Maria (2.057 ha). É um dos últimos locais em que habita o mico-leão-preto, formada por alguns dos maiores fragmentos de floresta da já desmatada Mata Atlântica do Pontal do Paranapanema.
Gabriela ainda afirma que “se esses fragmentos são os lugares que o mico-leão-preto tem para viver hoje, temos que pensar na melhor forma de viabilizar a manutenção da espécie nessas áreas.” Nesse sentido, o Programa de Conservação do Mico-leão-preto usa a abordagem multidisciplinar do Modelo de Conservação IPÊ. Como um programa integrado à mobilização comunitária e educação ambiental, em 2015, foram iniciadas as atividades junto a unidades escolares dos quatro municípios que possuem fragmentos da ESEC em seu território (Teodoro Sampaio, Presidente Epitácio, Marabá Paulista e Euclides da Cunha Paulista). A ideia é desenvolver iniciativas de educação para proteção do mico e valorização dessa importante área natural.