Com o tema Restauração Florestal: Uma estratégia para enfrentar a emergência climática, a 3ª edição da Sexta ConsCiência de 2024 reuniu cerca de 130 pessoas, entre técnicos, proprietários e colaboradores da cadeia da restauração florestal, professores, estudantes e representantes de instituições privadas e públicas nas esferas federal, estadual e municipal, na segunda quinzena de setembro, no salão de eventos Lorisa, em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema.
Conduzida por Andrea Pupo, coordenadora do projeto Escolas Climáticas do IPÊ o encontro alertou a população sobre as alterações climáticas e seus impactos, e reforçou a necessidade da adoção de novas medidas para mitigar os danos causados.
Andrea trouxe para o público dados que evidenciam que estamos sim diante de uma emergência climática. “A cada 24h, o mundo lança 152 milhões de toneladas de poluição na atmosfera, sendo que, 40% vêm da indústria com emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), 25% da agropecuária, principalmente, com a liberação de gás metano pelo “arroto do boi”, 20% da construção civil, 15% dos transportes aéreos e terrestres”.
Outro dado preocupante é o referente ao aumento de temperatura. “A partir da última Era do Gelo, a Terra levou 10 mil anos para a temperatura subir 5ºC, porém, no último ano, segundo o Climainfo, o mundo completa um ano com temperaturas pelo menos a 1,5ºC acima da média pré-industrial. Esse dado é grave, os cientistas estão assustados. Nem mesmo os pesquisadores estão entendendo por que mesmo após o término do o El Niño em maio/2024, as ondas de calor continuam, em ciclos, de cinco dias consecutivos e com temperaturas 5ºC acima da média”, disse.
Andrea ressaltou também que desde 1988 cientistas alertam que as mudanças climáticas iriam assolar a população com o derretimento de geleiras, enchentes e ondas de calor. Todos esses estragos estão relacionados às atividades humanas, como as queimadas florestais e o desmatamento. Quando uma árvore é cortada ou queimada, ela deixa de cumprir a função de sequestrar da atmosfera o carbono, um dos causadores do efeito estufa e age na direção contrária liberando carbono na atmosfera. Além disso queimadas e incêndios, destroem o hábitat de muitas espécies e trazem prejuízos sociais e econômicos às comunidades.

Provocações
Durante o encontro, Andrea lançou três perguntas: Precisamos mudar? Podemos mudar? Vamos mudar?
Para José Victor Ocanha, proprietário do Viveiro Ocasil, diante dessa palestra é difícil ficar em dúvida sobre a necessidade de mudanças. “Sinceramente, eu não tinha consciência do tamanho do problema. Agora vou repensar minhas ações em diversas áreas do meu cotidiano e tentar reduzir os efeitos já causados, além de contribuir para que não aumentem drasticamente”.
“Se parássemos hoje de emitir GEE, mesmo assim continuaríamos sentindo os efeitos das mudanças climáticas por muitos anos”, disse Andrea.
Seja parte da solução
Entre as principais estratégias para regenerar o planeta e assim mitigar os efeitos das mudanças climáticas está a restauração florestal, trazer a floresta de volta. Dessa forma é possível restabelecer os serviços ecossistêmicos, como regulação climática, água em quantidade e qualidade, por exemplo, e assim possibilitar o retorno da biodiversidade a essas áreas. Há 20 anos, o projeto Corredores de Vida, implementado pelo IPÊ, na região do Pontal do Paranapanema realiza o plantio de corredores florestais que ligam Áreas de Proteção Permanente (APP) e Reserva Legal (RL) de propriedades rurais privadas a dois fragmentos florestais, o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-leão-preto.
Para Aline Souza, coordenadora de formação nos projetos do IPÊ na região do Pontal do Paranapanema, as mudanças climáticas não afetam somente as questões ambientais, afetam também as áreas econômica e social. “Esse é um assunto que precisa ser discutido e divulgado, para que tenhamos mais pessoas envolvidas em ações mitiguem os efeitos das mudanças climáticas. e assim colaborem com o futuro do planeta”.
Na avaliação de Fábio Moraes, auxiliar administrativo, no Viveiro Mata Nativa, a palestra trouxe uma abordagem excelente baseada em Ciência com suas implicações no meio ambiente e na vida cotidiana. “A Sexta ConsCIÊNCIA é uma fonte de inspiração para os jovens seguirem em carreiras científicas, contribuindo para o avanço do conhecimento e da inovação”.
Rita Ghedni, diretora técnica II, na Semil – Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado de São Paulo, destaca como a Sexta ConsCiência segue promovendo discussões contemporâneas. “Como sou bióloga, já tinha conhecimento sobre o tema, contudo, me deparei com dados atualizados, os quais não tinha conhecimento”
Sexta ConsCiência
A Sexta Consciência é uma iniciativa do projeto ARR Corredores de Vida, uma parceria entre o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e Ambipar Environment, dedicada a informar a comunidade sobre as atividades de conservação da biodiversidade e as pesquisas desenvolvidas na região.
Sexta ConsCiência é inspirada nas Manhãs com Ciência organizadas pelo IPÊ desde 2004 na região do extremo Oeste Paulista, compartilhando os desafios, os avanços e os aprendizados das pesquisas do Instituto com todos os envolvidos; aproximando a comunidade das ações desenvolvidas na região.