Os efeitos das mudanças climáticas na natureza estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia e já afetam a vida de milhares de pessoas no mundo. A recente catástrofe que atingiu o Litoral Norte do estado de São Paulo – com o maior volume de chuva do Brasil em um único dia – segundo o Cemaden – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), deixou tudo isso ainda mais evidente.
Mas o que tem sido feito para reduzir os efeitos das mudanças climáticas que podem se tornar ainda mais intensas se a temperatura do planeta subir ainda mais? Além das medidas na esfera de governo, seja ele municipal, estadual e federal, organizações da sociedade civil, como o IPÊ também desenvolvem ações que apoiam a redução dos efeitos das mudanças climáticas.
Conheça como mais de 10 projetos do IPÊ vem trabalhando no enfrentamento às mudanças climáticas:
AMAZÔNIA
Monitoramento Participativo da Biodiversidade: de 2013 a 2022 o projeto realizado em 18 Unidades de Conservação da Amazônia apoiou o fortalecimento da Política Nacional de Mudanças Climáticas a partir da consolidação de áreas protegidas e conservação de recursos naturais como forma de reduzir as mudanças climáticas. O MPB como é chamado também reforçou as ações do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças do Clima como, por exemplo, identificando e propondo medidas para promover a adaptação e a redução do risco climático.
Além das 18 UC trabalhadas diretamente pelo projeto, o MPB também acompanha o monitoramento implementado em 50 unidades de conservação federais, como forma de avaliar e identificar in situ os impactos da mudança do clima atuais e futuros sobre a biodiversidade.
Legado Integrado da Região Amazônica: fortalecer cadeias produtivas da sociobiodiversidade da Amazônia – a partir da valorização do modo de vida das comunidades tradicionais e indígenas – têm o potencial de contribuir com o aumento de renda dessas populações e assim somar esforços com a conservação da floresta mais biodiversa do planeta, contribuir com o equilíbrio climático do planeta e caminhar para uma sociedade mais justa e igualitária. O LIRA apoia a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e conta com ações que somam esforços com a redução do desmatamento e o consequente armazenamento de carbono da atmosfera, estimulam o manejo florestal sustentável e fortalecem os elos das cadeias produtivas amazônicas.
Navegando Educação Empreendedora: incentivo ao empreendedorismo de comunidades tradicionais que valorizam a floresta e geram renda. As comunidades são verdadeiras guardiãs da biodiversidade, uma vez que conseguem viver da floresta sem colocá-la em risco. O incentivo ao desenvolvimento de negócios sustentáveis tem como premissa a conservação da floresta, o que garante que o bioma continue oferecendo serviços ecossistêmicos, como água, regulação do clima, absorção de carbono para toda a biodiversidade, incluindo nós, seres humanos.
MATA ATLÂNTICA
Viveiros Comunitários: toda ação de restauração tem nos viveiros parceiros essenciais. Até o envio das mudas para a área de plantio, um longo caminho é percorrido, desde a coleta das sementes, germinação e crescimento das mudas. Os resultados de médio e longo prazo da restauração, como o retorno da biodiversidade à área, a proteção dos cursos d´água, a absorção de tCO2eq e a oferta de serviços ecossistêmicos só são possíveis porque muitas pessoas cuidaram das sementes até que se tornassem mudas com condição de enfrentar as adversidades das áreas desmatadas.
Corredores de Vida: o projeto tem como base o tripé Clima, Comunidade e Biodiversidade. Todas as ações de restauração são realizadas com o envolvimento da comunidade e também vem contribuindo com a conservação de recursos hídricos, da fauna e da flora. Durante o desenvolvimento, as mudas de árvores captam carbono e assim reduzem os efeitos das mudanças climáticas.
Sistemas Agroflorestais: temperaturas reduzidas são uma característica dos SAFs que contribuem com o bem-estar do produtor rural, mas também da biodiversidade que passa a utilizar essas áreas para travessias mais seguras. Por conta da proximidade das áreas de restauração florestal, os SAFS também favorecem a dispersão de sementes, o consequente adensamento das áreas e a oferta dos serviços da natureza, como melhora da qualidade da água, do ar e a regulação climática, por exemplo.
Flora: Acelerando a Adoção de uma Pecuária Sustentável com Treinamento Especializado no Brasil: com a implementação do sistema silvipastoril – onde o gado divide espaço com o cultivo de árvores – o volume de capim, também conhecido como biomassa, aumenta; essa mudança, além de melhorar a alimentação dos animais também recupera o solo. Já com o plantio de árvores frutíferas especialmente para a fauna, a propriedade ganha biodiversidade, o que também traz benefícios, como o aumento dos serviços da natureza, entre eles a dispersão de sementes, por exemplo. Em conjunto, essas medidas alinhadas ao manejo dos animais, ainda protegem as nascentes e os cursos d’água.
Conexão em rede: agroecologia e restauração ecológica em pequenas propriedades rurais do Corredor Central da Mata Atlântica: as capacitações realizadas para extensionistas e produtores aliam estratégias para aumentar a produtividade, conservação da biodiversidade e reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Ações como melhores práticas no campo tem o potencial de contribuir com o aumento da renda e também da oferta de serviços da natureza, conhecidos como serviços ecossistêmicos, como, por exemplo, água em quantidade e qualidade e sequestro de carbono da atmosfera, favorecendo assim a redução dos efeitos das mudanças climáticas.
INCAB – Iniciativa Nacional para Conservação da Anta Brasileira: durante 10 anos, na Mata Atlântica, pesquisadores compararam áreas de floresta utilizadas por mamíferos herbívoros, incluindo a anta-brasileira (Tapirus terrestris) e a queixada (Tayassu pecari), e áreas para as quais o acesso desses animais foi bloqueado por plots de exclusão (cercas). O resultado principal é que as áreas utilizadas por esses animais apresentaram menor perda de diversidade do que as áreas cercadas, ou seja, os grandes herbívoros têm papel essencial para desacelerar a perda de diversidade florestal por conta do importante papel como dispersores de sementes. Dessa forma, eles também contribuem com o equilíbrio climático.
Semeando Água: restauração florestal e a implementação de sistemas produtivos sustentáveis, como silvicultura, por exemplo, aumentam a conectividade da paisagem, o que beneficia a troca genética de espécies de fauna e da flora e assim a conservação da biodiversidade. À medida que essas áreas são restauradas, elas também passam a capturar carbono da atmosfera. Com práticas de campo mais sustentáveis, uma das consequências na região do Sistema Cantareira é o aumento da resiliência da segurança hídrica do Sistema Cantareira, algo fundamental diante dos efeitos das mudanças climáticas.
Utilização das Áreas Prioritárias como Subsídio para a Implementação de Ações e Políticas Públicas Locais relacionadas ao Meio Ambiente: o projeto subsidia ações de conservação em territórios estratégicos, voltadas para criação de Unidades de Conservação, pesquisa, restauração, proteção e fiscalização, além do uso sustentável dos recursos naturais. A ampliação do uso da ferramenta e de seu banco de dados nas diversas escalas de planejamento territorial (federal, estadual e municipal) contribui com a conservação da biodiversidade e a manutenção de serviços ecossistêmicos em todo o território brasileiro.
Unidade de Negócios Sustentáveis: o setor privado pode e deve ser um agente de mudanças que caminha, junto com a sociedade civil e o governo em direção a um caminho mais sustentável. Ampliar a base de parceiros empresariais aumenta o nosso impacto e promove ações internas transformadoras para o mundo que desejamos. Precisamos engajar a sociedade num processo de mudança capaz de bloquear a degradação ambiental.