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O Mapa dos Sonhos – iniciativa do IPÊ para conectar áreas de Reserva Legal aos fragmentos florestais, Unidades de Conservação restauradas e florestas no Pontal do Paranapanema (SP) – ganha ainda mais força com o tripé CCB – Clima, Comunidade e Biodiversidade.
“O Mapa dos Sonhos não envolve apenas reflorestamento, conservação de recursos hídricos, fauna e flora como também abrange o CCB, atualmente um conceito visado pelas instituições, pelo mercado”, explica Laury Cullen, pesquisador do IPÊ e coordenador de projetos.
Para Cullen, a equipe do IPÊ foi muito feliz ao desenhar o Mapa dos Sonhos, pois os corredores de vida conglomeram o CCB. O primeiro item é o Clima e ele está englobado porque as florestas restauradas neutralizam o carbono, o que contribui para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
O segundo item é a Comunidade, de acordo com o pesquisador, nesse quesito o mapa tem um apelo comunitário muito forte, pois a equipe do IPÊ não planta as mudas utilizadas na restauração, toda a mão de obra é contratada. Assim, a instituição consegue envolver prestadores de serviços de associações, cooperativas e viveiros. “Isso traz a participação da comunidade, dialoga com a questão de gênero, já que temos muitas mulheres trabalhando nos viveiros; isso soma esforços com a geração de renda, a qualidade de vida e a segurança alimentar”, diz
E para finalizar o terceiro item do CCB é a Biodiversidade, a vida. “Com o Mapa dos Sonhos, o IPÊ contribui para regular o clima via restauração florestal, neutralizado carbono. Colabora com o aspecto comunitário, por meio da agricultura familiar. E coopera com a biodiversidade, pois os corredores garantem, a longo prazo, evitar grandes extinções”.
O mapa na prática
A implementação do Mapa dos Sonhos envolve a articulação com organizações nacionais e internacionais, que investem recursos financeiros. A governança do projeto é realizada pelo IPÊ. Produtores rurais entram na parceria ao disponibilizarem 20%, do total de suas terras, para serem reflorestadas. “A restauração de matas tem um custo alto, por isso o próprio Novo Código Florestal estipula o prazo de 20 anos para a adequação das propriedades”, pontua Cullen.
A partir do momento que a propriedade rural é registrada no Cadastro Ambiental Rural (CAR obrigatório), o sistema gera o passivo, ou seja, a área desmatada, sendo que, do total, 20% precisam ser conservados, o que não exclui tornar essas áreas também produtivas com a floresta de pé. Para mostrar como isso é possível, o IPÊ lançou em 2020 a Série Técnica Um Pontal Bom para Todos, que traz Modelos para Usos Econômicos de Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente, no Pontal do Paranapanema (SP).
Segundo Cullen, muitos produtores não têm conhecimento sobre reflorestamento, e é esse o papel do IPÊ. Os técnicos da instituição visitam a propriedade, conversam com o proprietário e propõem a parceria, na qual o produtor fornece a terra. A instituição entra com o Mapa dos Sonhos, a partir dele, os técnicos vão apontar o local ideal na propriedade para plantar a floresta e ainda mostrar a vantagem dessa escolha. Afinal, a restauração dessas áreas vai conectar florestas entre vizinhos até chegar ao parque. O IPÊ buscará captar recursos financeiros para a restauração, comprar as mudas e contratar mão de obra para o plantio. “Este trabalho é gratificante, pois a região que tinha um histórico de ocupação de terras, hoje tem conservação de florestas com o assentado dentro da propriedade fazendo o ajuste ambiental, conservação”, frisa.
Na avaliação de Cullen, os corredores de vida são um trabalho em conjunto, já que o IPÊ capta o recurso, o fazendeiro entra com o passivo (terra) e a comunidade entra com o serviço. Os viveiros, por exemplo, são empresas constituídas no mercado. No início do projeto, os técnicos do IPÊ fomentaram, articularam e capacitaram esses profissionais que se tornaram viveiristas.
Para o grande pecuarista, segundo Cullen, que tem área passiva e já calculou o preço para reflorestar, a margem de ganhos da pecuária nem sempre possibilita o investimento. “Então, ele sabe que está com uma pedra no sapato. Recentemente, conversei com o produtor Paulo do Vale, em Presidente Prudente (SP), ele tem uma propriedade com cerca de 500 hectares de passivo ambiental. O custo desse reflorestamento gira em torno de R$ 9 milhões de reais. Com a parceria, ele entra com a terra, o IPÊ com a governança do plantio, os investidores nacionais e internacionais com os recursos, a comunidade com a comercialização das mudas e a mão de obra”, explica.
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