Evento faz parte do teste de implementação da Estratégia Federal de Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo. Informações geradas nesta etapa vão subsidiar a regulamentação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima sobre o tema
O projeto Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo realiza nos dias 1º a 4 de julho, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará, a última etapa do teste de implementação da Estratégia Federal de Voluntariado no Manejo Integrado no Fogo (MIF). A capacitação “Diálogos sobre o Voluntariado no MIF: integrando Saberes no Baixo Tapajós” reúne representantes de organizações da sociedade civil, do governo federal, voluntários e comunitários que atuam com o MIF e outras iniciativas de conservação ambiental. O objetivo é ampliar capacidades locais para implementação das diretrizes da Estratégia Federal, considerando os entendimentos e acordos construídos conjuntamente por esses atores em duas oficinas anteriores que deverão fortalecer a participação voluntária e comunitária no MIF na região, além de ampliar a sua articulação com o poder público.
Segundo Fernando Rodovalho, especialista em Manejo Integrado do Fogo do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, o evento fecha um ciclo de diversos encontros de integração realizados durante o primeiro semestre de 2024 para fortalecer as iniciativas de combate e prevenção aos incêndios florestais no Baixo Tapajós. Somente neste ano, já foram realizados quatro eventos que subsidiaram essa construção: o “Diálogos sobre o Voluntariado no MIF: integrando Saberes no Baixo Tapajós” e a Oficina de Diagnóstico do Voluntariado no MIF, em abril; o Curso de Sistema de Comando de Incidentes Básico e a Oficina de Planejamento do Voluntariado no MIF, em maio.
“Essas atividades fazem parte do teste de implementação da Estratégia. A finalidade é testar em um território o que foi discutido e elaborado de forma conjunta por todos os atores envolvidos na construção da Estratégia Federal do Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo”, explica Rodovalho.
“A escolha do Baixo Tapajós para o teste se deu pelas características do território que possui um histórico de ocorrência de incêndios florestais, mas também se destaca pela presença de brigadas voluntárias e comunitárias que atuam na proteção do território em parceria com o poder público. Especialmente nas áreas abrangidas pela RESEX Tapajós-Arapiuns e FLONA Tapajós, já existiram capacitações para esses grupos e há uma relação de parceria estabelecida com o ICMBio, tornando o território bastante propício para essa ação”, destaca Angela Pellin, coordenadora do projeto.
A capacitação ocorrerá no Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA), um polo de treinamento em tecnologias produtivas agroflorestais e socioambientais da unidade de conservação, coordenado pelo Projeto Saúde e Alegria. Durante quatro dias representantes de brigadas voluntárias e comunitárias da região passarão por atividades de formação e simulações relacionadas à detecção, acionamento e estabelecimento de comando integrado, de forma a aprimorar a eficácia nas diferentes fases da prevenção e combate aos incêndios florestais.
Manejo Integrado do Fogo
O Manejo Integrado de Fogo (MIF) envolve aspectos ecológicos, culturais, socioeconômicos e técnicos relacionados ao fogo, com a finalidade de minimizar os danos e maximizar benefícios aos ambientes naturais e às populações locais. As atividades do MIF incluem trabalho de sensibilização sobre o uso cultural e socioeconômico e o papel ecológico do fogo, mobilização social e educação ambiental, prevenção de incêndios, queimas controladas e prescritas, detecção e combate a incêndios florestais, além da reabilitação de ecossistemas e mitigação de danos.
Além das instituições públicas legalmente responsáveis pela gestão dos incêndios florestais no país, voluntários e comunitários também desempenham um importante papel. Um levantamento realizado pelo IPÊ, no primeiro semestre de 2023, identificou cerca de 200 brigadas voluntárias e comunitárias voltadas para a prevenção e o combate a incêndios florestais e outras atividades de conservação ambiental no Brasil. Os estados de Minas Gerais e Bahia são os que apresentaram a maior quantidade de organizações.
“Além das brigadas voluntárias e comunitárias, também foram identificados centenas de voluntários que atuam de forma individual ou coletiva em atividades ligadas ao manejo integrado do fogo, como prevenção e combate aos incêndios florestais, educação ambiental, pesquisa e monitoramento e recuperação de áreas degradas. O perfil é predominantemente masculino e varia em relação a faixa etária e escolaridade, incluindo moradores ou usuários de áreas protegidas, indígenas, extrativistas, quilombolas, ribeirinhos, agricultores familiares, dentre outros”, afirma Angela Pellin, coordenadora de projetos do IPÊ.
Estratégia Federal de Voluntariado no MIF
Desde janeiro de 2023, o projeto Voluntariado no MIF já realizou diversos Workshops, eventos nacionais e oficinas temáticas e regionais na região do Baixo Tapajós para debater a Estratégia Federal de Voluntariado no Manejo Integrado no Fogo. Durante os eventos, representantes de organizações que atuam com MIF em diferentes estados do Brasil, discutiram sobre o cenário, as oportunidades e os desafios do voluntariado no MIF nos mais diversos biomas do país, visando à construção e regulamentação da futura estratégia.
“O IPÊ acredita no voluntariado como estratégia de engajamento e participação da sociedade na conservação da biodiversidade e no enfrentamento aos desafios climáticos. Unir representantes do governo, da sociedade civil e voluntários para dialogar sobre o cenário atual do manejo integrado do fogo é essencial para reconhecer o impacto positivo e fortalecer essas iniciativas”, destaca Angela.
Para Fernando Rodovalho, o movimento das brigadas voluntárias e comunitárias é de grande relevância socioambiental e muito necessário, principalmente nesse atual contexto de enfrentamento às mudanças climáticas. “A gente vive em um país de dimensões continentais em que o poder público, por mais que possa estar bem estruturado, não vai conseguir dar uma resposta eficaz a todas os incidentes sem o apoio da sociedade. Por isso o papel da sociedade civil, integrada à atuação do poder público é tão importante. É uma força tarefa que maximiza esses esforços, traz mais eficiência e mostra que, além do poder público, a responsabilidade com o meio ambiente e com os territórios, também é de quem está nesses lugares e de toda a sociedade”, ressalta.
As atividades desenvolvidas no Baixo Tapajós fazem parte da iniciativa que visa apoiar a estruturação da Estratégia Federal de Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. As informações geradas nesta etapa vão subsidiar uma regulamentação que o MMA publicará sobre o tema. A Estratégia tem uma abrangência nacional, com potencial de contribuição junto ao sistema de unidades de conservação (UCs) e seu entorno, terras indígenas e territórios quilombolas, além de elementos integradores de paisagem como reservas legais e áreas de preservação permanente, no âmbito das propriedades particulares.
O projeto Voluntariado no MIF é executada pelo IPÊ, sob a coordenação do MMA, em parceria com a Coordenação de Manejo Integrado do Fogo (CMIF) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e financiada pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).
Serviço
“Diálogos sobre o Voluntariado no MIF: integrando Saberes no Baixo Tapajós”
Local: Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA) –
Resex Tapajós-Arapiuns | Santarém, Pará
Dias: 1º a 4 de julho de 2024.