Representantes de empresas parceiras e apoiadoras do projeto Corredores de Vida, do IPÊ, realizaram, em dezembro, visita técnica às áreas que estão em processo de restauração florestal na região do Pontal do Paranapanema, no extremo Oeste Paulista. Até o fim da temporada de chuvas de 2022 – que segue até março – via o Programa Regenera América, do Mercado Livre, serão plantadas 500 mil árvores, em 250 hectares de áreas degradadas do total, 132 hectares serão plantados na Fazenda Santa Rosa e 118 hectares na Fazenda Vida, nos municípios de Euclides da Cunha Paulista e Presidente Epitácio, respectivamente.
Para Laura Salles Magalhães Motta, gerente de sustentabilidade do Mercado Livre, visitar a área concretiza o impacto positivo que o plantio trará para o meio ambiente. “É prazeroso ver as mudas, hoje, e ter a visão que a longo prazo aqui será uma imensa floresta. Esse é o fator potencializador que impulsiona a empresa a investir nesse projeto”. Outro fator positivo, segundo ela, é a geração de renda que esse projeto traz para a comunidade, principalmente, para os viveiristas e prestadores de serviços em restauração locais.
De acordo com as determinações do Novo Código Florestal, o deficit florestal na região é de mais de 225 mil hectares. A parceria entre IPÊ e Biofílica tem como meta a restauração de 75 mil hectares até 2040 considerando as áreas prioritárias para conectividade da paisagem, e para atingi-la a demanda por créditos de carbono florestais do setor empresarial é essencial e irá ajudar a endereçar o desafio com escala.
O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Biofílica Ambipar Environment são parceiros no Programa Regenera América, do Mercado Livre, que conta também com a parceria da startup Pachama que fará o monitoramento com o uso de tecnologia.
O IPÊ já plantou mais de 3,3 milhões de árvores na Mata Atlântica, na região. Em apenas um desses corredores, o maior do Brasil, 2,4 milhões de árvores conectam o Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD) com a Estação Ecológica Mico-leão-preto (ESEC-MLP).
Os corredores fazem parte de uma estratégia do IPÊ para: beneficiar animais ameaçados de extinção – como o mico-leão-preto (Lentopithecus chrysopygus), que só ocorre nessa região; ampliar a fonte de serviços ecossistêmicos locais; contribuir com a regulação do clima, fazendo frente às mudanças climáticas; e apoiar comunidades com produções mais sustentáveis para geração de renda.
Nova fase
O Programa Regenera América é o ponto de partida da parceria entre IPÊ e Biofílica no projeto Corredores de Vida e tem como objetivo somar a experiência do IPÊ na restauração florestal com o know how da Biofílica no desenvolvimento e gestão de projeto de carbono para mensuração e comercialização do CO2eq absorvido pelas áreas restauradas ao longo do tempo.
Laion Pazian, gerente comercial da Biofílica, ressalta a importância da visita para conhecer os desafios e os resultados já obtidos pelo IPÊ. “Tenho estreito e constante contato virtual com a equipe do IPÊ há quase 2 anos. No entanto, estar fisicamente na área possibilitou entender o tamanho do desafio, a imensidão de hectares a serem restaurados e também visualizar a grandeza do trabalho de conservação que o IPÊ realiza na região que sofreu muito com desmatamento a partir da segunda metade do século XX”.
Segundo Laury Cullen, coordenador de projetos e pesquisador do IPÊ, a região do Pontal do Paranapanema conta com cerca de 6 mil famílias de assentados da reforma agrária e a restauração florestal traz inúmeros benefícios, entre eles, a geração de renda por meio dos viveiros comunitários e empresas de plantio, qualidade de vida, conservação da biodiversidade, melhorias nas mudanças climáticas. “O IPÊ conta com parceiros fortes, na paisagem certa e na hora certa”, pontua.
30 anos de atuação em 2022
Para colocar em prática o projeto Corredores de Vida, os pesquisadores do IPÊ desenvolveram o que chamaram de para o Pontal do Paranapanema, atualizado junto com a Biofílica em 2021. O mapa aponta quais são as áreas prioritárias para restauração, de acordo com os interesses da paisagem, ou seja, a restauração florestal deve ocorrer em áreas de maior potencial para restauração dos recursos hídricos ou ainda em locais que tenham fragmentos florestais que resistam às ameaças. O mapa é fruto de um trabalho participativo liderado pelo Instituto sobre o futuro mais sustentável para a região.
Diversas empresas nacionais e internacionais já apoiaram a recuperação da Mata Atlântica na região, por meio de parcerias, projetos conjuntos, patrocínios e financiamentos. Entre elas estão a CTG Brasil e Atvos, além do apoio de iniciativas como a WeForest, Ecosia, One Tree Planted, Whitley Fund for Nature, Durrell Wildlife Conservation Trust.