A segunda edição do curso de formação de monitores da biodiversidade dos Parques Nacionais Montanhas do Tumucumaque e Cabo Orange, no Amapá, contou com a participação de 24 pessoas, moradores de comunidades do entorno das duas Unidades de Conservação, e gestores da Estação Ecológica Maracá-Jipióca.
Durante cinco dias de curso, foram realizadas aulas teóricas e práticas sobre metodologias de coleta de dados do Programa de Monitoramento da Biodiversidade (ICMBio). As atividades pedagógicas unem metodologias lúdicas e participativas de forma complementar aos conteúdos principais.
Maria do Socorro Abreu de Araújo (de vermelho, na foto) é agora uma das mais novas monitoras do Parna Montanhas do Tumucumaque. Ela defende a participação feminina em atividades como essa e afirma estar preparada para colaborar os estudos sobre a situação de borboletas, aves e mamíferos da Unidade de Conservação. A participação de mulheres para esse tipo de atividade de campo não é fato comum, porém o IPÊ e ICMBio têm valorizado e incentivado o maior envolvimento feminino nessas atividades.
“Temos as mesmas capacidades que os homens para realização de trabalhos como esse ou de guarda-parques, por exemplo. As mulheres precisam se interessar em atividades como essa, pois a gente se dá muito bem com isso”, afirma ela, que fará a sua primeira expedição como monitora no dia 25 de outubro.
Socorro já acompanhava as atividades de monitoramento auxiliando nas expedições com serviços de limpeza e alimentação. Agora, como monitora, vai poder colocar em prática o que aprendeu no curso. “Sempre vivi nas imediações do parque, conheço os bichos, as aves, mas não sabia que eles tinham um nome científico, nem que eu poderia ajudar tanto a proteger só de fazer esse trabalho. O curso foi importante para aprender esse tipo de coisa. Mas a gente também ensina com o nosso conhecimento. É uma troca muito boa”, diz ela, que vive há mais de 40 anos na região.
A atividade de monitoramento participativo da biodiversidade tem como objetivo envolver atores locais na conservação das espécies de plantas e animais e manejo adequado dos recursos naturais. Nos Parques, o monitoramento tem promovido o envolvimento das comunidades do entorno na conservação das UCs, além de promover ações conjuntas entre as UC que potencializam recursos e esforços na conservação desses importantes patrimônios naturais do Amapá.
“O curso é um momento de grande aprendizado e troca de experiências, aprimoramento do monitoramento, fortalecimento das parcerias locais e mobilização de pessoas na conservação da biodiversidade da Unidade de Conservação”, explica Lais Fernandes, do IPÊ. Além de moradores locais, da equipe do IPÊ e de gestores do ICMBio e da Coordenação de Monitoramento da Biodiversidade (COMOB), também participaram do curso estudantes de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e o educador ambiental Arthur Cardoso, colaborador nas atividades de arte-educação.
O evento faz parte das ações do Projeto de Monitoramento Participativo da Biodiversidade promovido pelo IPÊ e ICMBio, com apoio da USAID, Fundação Moore e ARPA, como estratégia para implementação do Sistema de Monitoramento in situ da Biodiversidade do ICMBio.