Manaus recebeu a Glocal Experience Amazônia em agosto (26 a 28) – um evento com objetivo de estimular a reflexão sobre o planeta que queremos. O IPÊ, o Catalyst2030 Brasil e Gustavo Fonseca, da Baga Aprendimentos, contribuíram na curadoria dos três paineis EscutAmazônia que provocaram os palestrantes sobre o que cada um acredita que é essencial para termos uma mudança rumo à Amazônia desenvolvida e sustentável daqui a 10 anos.
Conhecimento
No sábado, 26 de agosto, o painel EscutAmazônia: Ciência e Conhecimento, com mediação de Mônica Pasqualin, co-chair Catalyst2030 Brasil, deu início à série. Claudio Padua, coordenador de bionegócios do IPÊ, contribuiu com a discussão ao lado de Beto Veríssimo, diretor do Imazon, Letícia Moraes, da Secretaria de Juventudes do CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas, e Valéria Lapa, gerente do Programa de Desenvolvimento Institucional da FAS – Fundação Amazônia Sustentável.
Durante o painel, Cláudio Padua destacou que o futuro está na Amazônia. “O grande tesouro brasileiro é a biodiversidade, mas que está aprisionada em uma caixa, para liberarmos precisamos de ciência e empreendedorismo no processo. Tentei mostrar para onde acredito que devemos ir, de que forma ciência, empreendedorismo e bioeconomia se misturam quando olhamos para o futuro da Amazônia”.
Experiência
No domingo, 27 de agosto, o painel EscutAmazônia: Inovadores Sistêmicos teve mediação de Suzana Padua, presidente do IPÊ, e participação de Fabiana Prado, gerente do projeto LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, além de Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria, Miguel Scarcello, secretário Geral da SOS Amazônia e de Bepdjyre Txucarramae, liderança indígena do Povo Caiapó.
Como balanço da discussão, Suzana Padua ressaltou que é essencial alinhar teoria e prática como forma de promover transformações sustentáveis. “O conhecimento é a base para a ação. Capacitação é necessária porque muitas vezes as pessoas têm espírito empreendedor, mas não conseguem desenvolver as suas ações, os seus sonhos, pela falta oportunidade”.
Na mesma direção, Suzana pontuou a necessidade de somarmos os diferentes conhecimentos para avanços na agenda. “Precisamos aproveitar toda a sabedoria que existe no Brasil. Temos muito conhecimento – tanto tradicional quanto científico, mas é essencial integrá-los para alavancar os negócios. O mundo é regido pela área econômica e estamos competindo com soja e gado, precisamos trazer inovações para que a conservação tenha chances reais”.
Fabiana Prado, gerente do projeto LIRA /IPÊ– Legado Integrado da Região Amazônica/IPÊ, reforçou a importância de apoiar organizações que atuam localmente, uma das premissas do projeto que ela lidera. “Entre os objetivos do LIRA está preparar, dar condições para que tanto indígenas quanto extrativistas possam estar em diversos espaços para agir e pensar qual desenvolvimento se quer para a Amazônia”.
Prado também alertou para a necessidade de proteção aos povos da floresta. “As pessoas que estão ali no território são ameaçadas o tempo todo. Portanto, é essencial assegurar a proteção das pessoas que são as vozes que levantam a bandeira”.
Juventude
No terceiro dia, o painel Inclusão e Futuro completou a série EscutAmazônia, com moderação de Gustavo Fonseca, da Baga Aprendimentos, e participação de Adriana Moreira, coordenadora Regional para a América Latina no Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), do Banco Mundial – que trouxe a visão internacional, Naraiamat Surui, liderança Paiter Surui/ coordenador do Centro de Medicina tradicional Olawatawa, e Daiana Silva, diretora Presidenta da Coopaflora – Cooperativa da Calha Norte do Pará, Emanuelly Oliveira, fundadora do negócio social Social Brasilis, Linda Gabay, sócia da Warabu Chocolate.
O painel teve como fio condutor as diferentes Amazônias, a partir dos jovens que estão criando negócios que promovem a bioeconomia e a floresta em pé. “Cada participante trouxe diferentes perspectivas (indígena, quilombola, Amazônia branca e da periferia), mas sonhos parecidos, com objetivos parecidos, cada um com seus desafios e possibilidades. A gente espera que outros jovens possam olhar para eles como referências”, pontuou Gustavo.
A participação de Adriana Moreira, do Banco Mundial, trouxe ideias práticas para fomentar novos negócios de impacto e ao mesmo tempo ampliar a escala daqueles já em andamento. “Adriana destacou que há recurso disponível para negócios de impacto local, tanto no Banco Mundial, quanto nas agências e fomentadoras de impacto e apontou caminhos para superação dos desafios. Para sair do global e avançar nas ações locais, a capacitação e o letramento mútuo dos empreendedores – que também são captadores de recurso, e dos emprestadores de recurso – responsáveis por efetivamente fazer com que esse dinheiro chegue à ponta. Esses profissionais precisam entender realidades muito diferentes, por isso essa preparação é importante”.
Após o evento, os integrantes dos três debates se comprometeram a consolidar um documento com as principais questões. A expectativa é entregar esse documento para tomadores de decisão.
A Glocal Experience Amazônia é uma realização da Fundação Rede Amazônica, com idealização e operacionalização da Dream Factory com apoio do Governo do Amazonas e das Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SEC-AM) e da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA).