Até dia 31 de maio acontece a Semana dos Alimentos Orgânicos, evento que promove a produção e o consumo destes produtos. Em Manaus, a semana está sendo organizada pela Comissão de Produção Orgânica do Amazonas e Rede Maniva de Agroecologia (REMA), das quais o IPÊ e diversas organizações fazem parte.
A programação iniciou no dia 25, com uma Audiência Pública que tratou sobre a agroecologia e produção orgânica no estado do Amazonas. Outro destaque é a feira especial de orgânicos no dia 30, com a participação de agricultores da Rede Tucumã do Rio Negro, apoiada pelo IPÊ.
A Semana dos Alimentos Orgânicos é uma iniciativa da Coordenação de Agroecologia, do Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (Coagre/Depros/SDC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O evento é organizado todos os anos com o objetivo de oferecer informações aos consumidores quanto aos produtos orgânicos, onde encontrá-los e como são produzidos. A proposta é divulgar para a população os benefícios ambientais, sociais e nutricionais desses alimentos.
Atualmente, a área de produção de orgânicos no Brasil, de acordo com informações do Mapa, é de cerca de 750 mil hectares, contando com mais de 10 mil produtores cadastrados e certificados e aproximadamente 13 mil unidades de produção. No entanto, este dado está muito abaixo da realidade pois existe um número muito maior de agricultores familiares e povos tradicionais que produzem de forma natural e agroecológica e que desenvolveram saberes e práticas no uso e manejo da agrobiodiversidade local, como os agricultores do Rio Negro.
“A riqueza e diversidade da agrobiodiversidade amazônica não é valorizada e vem sendo desperdiçada pela ausência de ações voltadas à produção, processamento, escoamento e comercialização, o que tem desestimulado os agricultores familiares, em especial os jovens”, afirma Mariana Semeghini, do projeto Eco Polos, do IPÊ. “Há políticas públicas para agricultura familiar e agroecologia, porém, infelizmente, são ainda pouco acessadas e até conhecidas pelos produtores. Por outro lado, há uma grande demanda mundial por produtos orgânicos e da biodiversidade amazônica”, completa.
Na manhã desta segunda-feira (25) o fomento à agroecologia e a produção orgânica e familiar foi o tema de uma Audiência Pública, realizada na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), a pedido do deputado Dermilson Chagas (PDT), que preside a Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPPADR) e da Rede Maniva de Agroecologia.
“O produto orgânico segue um padrão que considera na sua produção a sustentabilidade social, ambiental e econômica. A produção desses alimentos valoriza a cultura e a tradição das comunidades rurais”, disse Chagas.
No evento, a REMA e a Associação de Produtores Orgânicos apresentaram os desafios e demandas da produção orgânica no estado, destacando a importância da criação de uma Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica do Amazonas, que garanta o desenvolvimento de um programa, e o compromentimento das instituições governamentais com ações voltadas ao setor e à melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares orgânicos.
A presidente da Apoam, Miriam Carvalho, destacou as dificuldades enfrentadas pelos produtores associados, como as condições precárias das estradas vicinais, sem manutenção, a falta de transporte para escoar produção e de assistência técnica. Ela destacou, ainda, que há muitos agricultores que produzem frutas, hortaliças, frangos, ovos, de forma natural e orgânica, mas que encontram dificuldade para levar sua produção para feiras e mercados.
O coordenador da Rede, Márcio Menezes, afirma que “é possível aumentar o número de produtores orgânicos, mas para isso se faz necessário vontade política para mudar a lei já existente, que não contempla toda a cadeia”.
Segundo Menezes, iniciou-se a elaboração de uma legislação estadual para o setor, mas que não atende o pleito dos defensores da agroecologia. Márcio questionou os participantes quanto ao modelo de desenvolvimento que o estado tem buscado, que não prioriza o setor primário, não envolve e não valoriza a biodiversidade amazônica, nem os saberes e práticas agroecológicas.
Também participaram da Audiência Pública o superintendente do Ministério da Agricultura do Amazonas (Mapa), João Fernando Barreto; o superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário do Amazonas (DFDA), Arivan Ribeiro Reis; o representante da Conab, Thomaz Silva; o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Amazonas (Faea); o representante do Idam, Malvino Salvador; a representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Amazonas (Incra), Acácia Lima Neves; representante da Sepror, Eduardo Rizzo, a secretária de Políticas Sociais da Fetagri, Maria do Rosário Fernandes
No próximo sábado, dia 30, haverá uma feira especial de produtos orgânicos, com programação cultural e a presença de cerca de 30 produtores, da Associação de Produtores Orgânicos (APOAM), Rio Preto da Eva e Rede Tucumã do Rio Negro.
(Do Blog Eco-Polos)