Conheça mais um Escola Agroecológica parceira do Projeto Centro de Educação e Cooperação Socioambiental (CECSA-Clima). O CECSA-Clima, definido por seus integrantes como um “Centro Interinstitucional de Agroecologia e Sociobiodiversidade” fortalece a educação do campo e para o campo, através do desenvolvimento de senso crítico e de consciência política dos estudantes.
Escola Família Agrícola do Bley (EFA do Bley)
A EFA do Bley é uma instituição de ensino particular filantrópica. Fundada há mais de 50 anos a escola está localizada na zona rural de São Gabriel da Palha e recebe alunos de ensino fundamental e médio. Vale destacar que no ensino médio, além da formação regular, o ensino profissionalizante em Agropecuária é oferecido desde 2006. Segundo dados da instituição cerca de 70% dos estudantes são filhos de agricultores, assentados, assalariados rurais, meeiros ou arrendatários.
A escola trabalha através da pedagogia da alternância. Nesse sistema, os estudantes passam um período na escola e outro em casa, conhecido como estadia. Durante o período de estadia, colocam em prática os planos de estudos. Esses planos contemplam pesquisa, realização de experimentos e preenchimento do caderno de campo junto a família. Já no ensino médio os alunos passam por um processo de aprofundamento, no qual recebem orientação sobre métodos de investigação científica. Esse processo envolve etapas de pesquisa, estágio e socialização das descobertas.
Como explica o professor Cassiano Fávero “O conteúdo passa por esse movimento. Primeiro vem da realidade, através dos estudantes. Em seguida, os interesses são elencados na colocação em comum . Essa é uma diretriz da pedagogia da alternância, o princípio da contextualização, que vincula a realidade dos alunos com o cotidiano escolar, com a prática, movimentando esse interesse.”

Agroecologia como forma de organização social
A escola vê a agroecologia não apenas como uma forma de trabalhar a produção do campo, mas também de como se organizar e pensar a sociedade. “Na agroecologia a gente pode integrar a vida e a produção para a humanidade com a conservação e a proteção do solo, das águas, das florestas, dos animais. Enfim, como um todo. Dessa forma, é possível pensar um modelo de agricultura e de sociedade que seja mais sustentável.” compartilha o professor.
Além disso, o tema Mudanças Climáticas perpassa todo o currículo, desde o ensino fundamental. Mais especificamente, o primeiro tema de estudo do terceiro ano é a influência do clima e da energia na produção agropecuária agroecológica. Para contextualizar, esse tema acompanha um estágio em uma propriedade diversificada, que desenvolve tecnologias agroecológicas de convívio com o clima. Cassiano explica que “é um tema que perpassa todos os conteúdos e disciplinas e áreas do conhecimento da escola, não apenas como uma necessidade, mas como uma questão que a gente precisa resolver enquanto sociedade.”
Cooperação entre escola e famílias
Os pais dos estudantes têm acesso a formações em três campos: agropecuário agroecológico, pedagógico e administrativo, que são os setores em que a escola se estrutura. Essa ação prevê encontros, como o Plano Nacional de Formação das Famílias (PNFF), que é uma política de todas as EFAs do Brasil. São cerca de seis encontros durante o ano com famílias e parceiros: assembleias da associação local, formações, encontro de mulheres, encontro das famílias. Em 2024 o tema da formação foi “Mudanças Climáticas e os impactos na agricultura e na vida camponesa”, uma demanda das famílias que observavam o impacto das ondas de calor e da seca na produção do café.
Ao integrar o CECSA-Clima a escola busca apoio para disseminar tecnologias que possam reduzir os impactos das Mudanças Climáticas. Isso é realizado através de formações, assessoria técnica e diálogo. Para Cassiano “Esse movimento de articulação a gente pode fazer juntos para discutir, buscar e encaminhar questões que não são somente da escola, mas também para a região, para o desenvolvimento local. A escola existe porque é um mutirão de fato. Tem muitas mãos ajudando a construir, esse para nós é um princípio da organização popular”. A EFA do Bley contribui com a construção do CECSA-Clima através de sua experiência pedagógica e metodológica. A Escola compartilha seu conhecimento de longa data acerca do território e seus moradores. Também vê a necessidade de ampliar ainda mais uma rede agroecológica que agregue parceiros que possam potencializar a resiliência da região.

Proposta Pedagógica
A fim de fortalecer os laços entre as instituições do território que promovem Educação Ambiental na região as escolas que participam da criação do CECSA-Clima promoverá um encontro com as escolas parceiras do projeto para construir, de forma participativa, uma proposta pedagógica que fortaleça a profissionalização dos estudantes em agroecologia, valorizando a experiência já acumulada pelas escolas no ensino agroecológico. Essa proposta terá como foco medidas para redução dos impactos das Mudanças Climáticas na região. As Escolas do Campo têm como princípio o envolvimento da comunidade. Dessa forma, buscam responder aos desafios vividos pelos estudantes e suas famílias, em alinhamento com o objetivo criado coletivamente no Centro de Educação e Cooperação Socioambiental para o Clima.
O Projeto Centro de Educação e Cooperação Socioambiental para o Clima é financiado pelo Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).