Crédito da foto: Christoffer Bangsgaard
O Cerrado é reconhecido como um dos mais ricos e ameaçados do mundo e por isso integra a lista de hotspots mundiais. São mais de 1.500 espécies de plantas nativas já catalogadas, além de cerca de 200 espécies de mamíferos conhecidas e as aves ultrapassam as 800 espécies. Mas essa área que corresponde a 25% do território nacional enfrenta uma série de ameaças. Além do desmatamento para a atividade agropecuária que ocupa 50% do bioma, segundo o MapBiomas, o Cerrado também apresenta alto e indiscriminado uso de agrotóxicos, incluindo alguns já proibidos no país, e altos índices de atropelamentos da fauna.
A INCAB – Iniciativa Nacional para Conservação da Anta Brasileira, projeto do IPÊ voltado à conservação do maior mamífero terrestre da América do Sul, busca influenciar o processo de tomada de decisões junto ao poder público para combater as ameaças e evitar a extinção da anta e de seus habitats remanescentes.
A ameaça dos agrotóxicos
Crédito: Arquivo INCAB/IPÊ
“Passamos a utilizar as antas como sentinelas na detecção de compostos químicos em áreas dedicadas à agricultura e pecuária – particularmente as grandes monoculturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão. Começamos a pensar que, sendo as antas sentinelas e nos mostrando quais são os compostos presentes no ambiente, as comunidades humanas nessas regiões estariam também expostas a esses químicos. A gente espera que, com esse conjunto mais amplo de resultados, seja possível iniciar uma conversa com os órgãos governamentais, os laboratórios, as empresas do agronegócio que estão envolvidas com essa cadeia de utilização dos agrotóxicos em nosso país”, explica Patrícia Medici, pesquisadora e coordenadora da INCAB/IPÊ.
A ameaça dos atropelamentos
O cenário de colisões veiculares com fauna é preocupante no Brasil como um todo – a cada um segundo, 17 animais vertebrados são atropelados e mortos nas rodovias brasileiras, segundo estudo da Universidade Federal de Lavras. Em média, 100 antas são atropeladas anualmente nas rodovias do Mato Grosso do Sul, segundo dados coletados durante sete anos pela INCAB/IPÊ.
Crédito: Raquel Alves/INCAB-IPÊ
No momento, a INCAB está com a campanha #estradaseguraparatodos. O objetivo é mostrar para a sociedade civil a importância da implementação de medidas efetivas de mitigação de colisões veiculares com fauna no Mato Grosso do Sul e assim pressionar as agências responsáveis pela gestão das rodovias do Mato Grosso do Sul a solucionarem o problema crônico das colisões veiculares. Saiba mais
Em 11 anos, 50 pessoas vieram a óbito em colisões veiculares com antas no estado – e as agências responsáveis pela gestão das rodovias continuam inertes na busca por soluções. Estudos comprovam que as colisões com fauna podem ser reduzidas em mais de 80% com a implementação de passagens de fauna associadas com cercamento.
A ameaça dos incêndios
Desde 2023, o IPÊ também atua na região por meio do Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo uma iniciativa que apoia a estruturação de uma estratégia federal de voluntariado no manejo integrado do fogo. Com abrangência nacional, o projeto identificou cerca de 200 brigadas voluntárias e comunitárias voltadas para a prevenção e combate de incêndios florestais e outras iniciativas de conservação no Brasil. Entre elas, 50 estão no Cerrado.
Crédito: Samara Maciel – Instituto Cafuringa
O Cerrado, berço das águas do Brasil, é fundamental na segurança hídrica do país, alimentando as principais bacias hidrográficas do território nacional. Com apenas metade de vegetação nativa de sua área original, proteger o Cerrado é mais urgente do que nunca. As brigadas voluntárias e comunitárias e o manejo integrado do fogo são protagonistas na luta pela conservação ambiental, ajudando a conservar o Cerrado e prevenindo e combatendo incêndios florestais e a degradação do bioma. Com seu trabalho inspirador, garantem que as águas continuem fluindo do Cerrado para todo o país.
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