A União Química renovou a parceria com o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas para o plantio de mais 100 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica que serão plantadas no Sistema Cantareira, o início do plantio está previsto para o início da segunda quinzena de outubro – quando tem início a temporada de chuvas. Com essas novas mudas, o projeto Raízes da União, terá contribuído com 200 mil mudas para o Sistema Cantareira. Já que 100 mil mudas foram plantadas em 2022. O projeto da empresa visa o plantio de 1 milhão de árvores em até cinco anos, entre Minas Gerais, Distrito Federal e São Paulo.
Para celebrar o plantio de mais 100 mil mudas para a região, a empresa e o IPÊ promoveram um evento em setembro (22), na sede do IPÊ, em Nazaré Paulista/SP, que reuniu além de lideranças da empresa e do Instituto, representantes do governo estadual, da Sabesp, Cetesb e imprensa. O evento contou também com plantio simbólico que marcou a renovação da parceria.
O déficit no Sistema Cantareira é de 35 milhões de árvores. Com o apoio da iniciativa privada, o IPÊ já plantou mais de 450 mil mudas na região.
Jonatas Trindade, subsecretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, deu início ao evento destacando a importância de iniciativas como essa. “São essas ações que fazem com que tenhamos esperança de um futuro melhor pelo forte apelo social alinhado à conservação da natureza, em uma região que é a grande caixa d’água do estado de São Paulo”.
Antônio Luiz Lima de Queiroz, da diretoria de Controle e Licenciamento da Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, lembrou sobre os motivos que tornam os plantios na região estratégicos. “A Secretaria fez uma valoração de quais áreas são mais importantes, o resultado é a Resolução 07 de 2017, que dividiu o estado de SP em classes de prioridade para restauração: baixa, média, alta e muito alta. E aqui no Sistema Cantareira estamos em uma área que se habilita a receber compensação do estado inteiro porque está na classe mais estratégica, de mais alta relevância para restauração”.
Ana Lucia Fonseca Rodrigues Szajubok, gerente de Departamento de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Sabesp, pontuou os serviços da natureza promovidos pela floresta. “É indissociável a ideia de água e floresta. As florestas são indutoras de serviços ambientais e entre eles a questão da regulação hídrica, da manutenção, da disponibilidade e da qualidade hídrica. A gente vivencia a questão dos extremos climáticos, então falar em floresta é falar em resiliência e adaptação climática. Para nós do setor de saneamento, isso é fundamental, não temos como prosseguir com o nosso negócio sem pensarmos na manutenção das florestas no atual momento. A Sabesp abastece 28 milhões de pessoas e o Sistema Cantareira é responsável por quase 50%”.
Fernando de Castro Marques, presidente da União Química, lembrou do compromisso assumido com o plantio de 1 milhão de mudas até 2027. “Fazer isso não é só plantar, mas cuidar para que essas mudinhas virem árvores. Precisamos de mais ações como essa, em especial no Sistema Cantareira que é fundamental para o fornecimento de água de milhões de pessoas”.
Nirceu Tavares Mendes, diretor de ESG da União Química, destacou como é essencial contar com parceiros. “O IPÊ nos ajuda muito, nos ensina como plantar, como cuidar e como investir os nossos recursos na restauração. O Raízes da União é um programa que vai muito além dos cinco anos, ela já faz parte do DNA da União Química, entra no nosso cronograma, no nosso desenvolvimento”.
Suzana Padua, presidente do IPÊ, pontuou para Fernando de Castro Marques, presidente da União Química, o potencial efeito que o programa pode ter. “O senhor tem uma responsabilidade muito grande, temos várias parcerias com o mundo empresarial e uma coisa é um empresário falar para o outro, vocês contagiam e têm um alcance imenso. Fico feliz com esse evento e de chamar atenção para aquilo que está em nossa missão, que é a conservação da biodiversidade com a participação de todos os segmentos: governo, setor privado e a sociedade civil, é nisso que eu acredito, vamos juntos chegar mais longe”.
Crédito da foto: Well Araújo
Roda de Conversa
Suzana convidou ao palco Andrea Pupo, coordenadora do projeto Escolas Climáticas, e Paulo Roberto Ferro, engenheiro florestal do IPÊ, ambos também atuam no Projeto Semeando Água, realizado pelo IPÊ na região do Sistema Cantareira.
Andrea contou sobre o projeto Escolas Climáticas realizado em nove escolas, sendo cinco em Nazaré Paulista, município localizado na região do Sistema Cantareira. “Venho desenvolvendo em escolas públicas, dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, uma iniciativa de educação ambiental com viés climático. Cada escola climática tem um coletivo socioambiental que ajudamos a formar para que os jovens tomem decisões de forma coletiva e eles são estimulados a pensar em iniciativas de mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas dentro das escolas”. Entre as ações implementadas estão: coleta seletiva, destinação correta dos resíduos sólidos, compostagem, hortas com princípios agroflorestais, sistemas agroflorestais dentro dos muros das escolas, entre outras. “O nosso objetivo é que essas escolas se tornem exemplos para as comunidades em que estão inseridas. Ações locais são importantes sim para segurarmos a temperatura do planeta, cada ação conta, cada mudança de hábito conta. A ideia é que essas medidas irradiem para além dos muros das escolas”, completa a educadora.
Suzana Padua destacou como ações como essas também têm o potencial de ajudar os jovens a lidarem com a ansiedade climática . “É essencial trabalhar com eles algo que possam fazer na prática, o que traz um senso de ação pelo futuro que é importante”
Já Paulo pontuou que o trabalho do IPÊ na região, por meio do Projeto Semeando Água, também envolve mobilizar produtores e proprietários rurais da região. “Nas visitas, a gente explica que as medidas que podem ser implementadas nas propriedades vão contribuir além da conservação e da formação da floresta, também com os serviços ecossistêmicos, como a água, por exemplo, assim conseguimos ter um olhar ali mais estruturado e funcional da propriedade, pensando na paisagem como um todo”.