O Projeto Semeando Água, do IPÊ, realizado na região do Sistema Cantareira, em São Paulo e Minas Gerais, celebra uma nova parceria. O termo de colaboração assinado com o Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA) em dezembro de 2022 possibilitará a expansão de ações para a conservação dos recursos hídricos do Sistema Cantareira para mais 160 hectares na região nos próximos dois anos.
A parceria faz parte do Programa de Fortalecimento do Planejamento e Gestão Ambiental, coordenado pela SIMA e Fundação Florestal e tem como objetivo conjugar esforços para a recuperação dos mananciais da Região, através da implantação de projetos de restauração ecológica e sistemas produtivos sustentáveis. O IPÊ, Instituto de Pesquisas Ecológicas atua há mais de 25 anos na região, que integra a Área de Proteção Ambiental (APA) Cantareira, trabalhando o envolvimento e integração de diferentes atores locais, para a construção de uma governança compartilhada.
A recuperação do solo é uma das ações mais importantes a ser realizada para aumentar a resiliência do Sistema, ou seja, sua capacidade de recuperação frente a eventos extremos, como chuvas intensas e períodos de seca prolongados – uma situação comum no atual cenário de mudanças climáticas. As chuvas intensas em solos descobertos por vegetação arrastam para dentro de nascentes, rios e reservatórios uma grande quantidade de terra e outros sedimentos que agravam seu assoreamento. O escoamento veloz da água, as enxurradas, também são responsáveis pela retirada da camada mais superficial do solo, o que acarreta em seu empobrecimento e perda de fertilidade.
Por esse motivo, diminuir a velocidade do escoamento da água e aumentar sua porosidade é um dos principais métodos para garantir a infiltração da água nos lençóis freáticos, aumentando o tempo de retenção da água na bacia hidrográfica, assim como a qualidade da água utilizada para abastecimento. A recarga dos aquíferos possibilita que os níveis dos reservatórios se mantenham mais estáveis ao longo do ano.
Serão implantados 100 hectares de pastagem ecológica, 50 hectares de florestas multifuncionais e 10 hectares de restauração ecológica. O manejo de pastagem ecológica visa melhorar a qualidade do solo, e consequentemente do alimento disponível aos animais. Através desta técnica é possível aumentar o número de animais por área, além de diminuir a infestação por parasitas, reduzindo os custos de produção. Nas florestas multifuncionais é possível obter diversos produtos para consumo e comercialização – como madeira, óleos, frutos, resina, raízes, sementes e mel – e também contribuir para a regulação climática, através do armazenamento de carbono ao longo do crescimento das árvores. E a restauração ecológica, técnica utilizada para o retorno dos ecossistemas originais de uma região, que, além da recuperação da vegetação e do solo, também tem como objetivo o retorno dos serviços ecossistêmicos, os serviços prestados pela natureza, essenciais para a produção (como a polinização, dispersão de sementes e produção de água).