Combate à desinformação climática é visto como caminho fundamental para avanços na agenda de mitigação e adaptação
Pela primeira vez na história das conferências de clima das Nações Unidas, a COP30 incluiu a integridade da informação na sua agenda de ação. A desinformação climática é uma das principais barreiras com relação à tomada de medidas no combate à crise do clima no mundo. Diversas pesquisas sobre o tema têm sido levantadas, justamente porque ela impede o avanço de agendas importantes como adaptação climática, mitigação e enfrentamento de desastres diante de extremos climáticos.
Fakenews e desinformação fazem, muitas vezes, os cidadãos aceitarem chuvas ou secas extremas como simples fenômenos naturais e não originados da mudança do clima, desacreditarem informações científicas confiáveis colocando suas vidas em risco, e não atuarem em busca por direitos. A maioria das cidades do Brasil, por exemplo, sequer tem um plano de emergência climática e isso já impacta a vida de milhares de pessoas, a economia, a educação, a saúde. Desinformação climática é uma ação deliberada, com interesses econômicos e políticos, que serve a um pequeno número de pessoas em detrimento de uma maioria vulnerabilizada.
Para combater a desinformação sobre as mudanças do clima, se faz necessário criar espaços para o estudo, a implementação e a defesa da integridade da informação climática. Em 2024, Brasil, ONU e Unesco lançaram na Cúpula do G20 a Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima. Uma coalizão de países, organizações internacionais e entidades da sociedade civil criada com o objetivo de coordenar ações para promover um ambiente de comunicações que favoreça a produção, disseminação e circulação de informações íntegras, confiáveis, precisas e fundamentadas em evidências sobre a mudança do clima, fortalecendo a liberdade de expressão e o debate público democrático sobre esse tema vital para a humanidade. No âmbito internacional, a Iniciativa Global atua por meio da diplomacia, da ação institucional e do financiamento de projetos de pesquisa, comunicação e jornalismo investigativo, por meio do Fundo Global para a Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima, gerido pela UNESCO.
Para implementar a Iniciativa Global no Brasil e realizar ações concretas que promovam a integridade da informação sobre a mudança do clima, o Governo brasileiro instituiu, por meio da Portaria Interministerial SECOM/MMA/MRE nº 30, de 18 de junho de 2025, o Comitê Gestor Brasileiro da Iniciativa Global. Além disso, para engajar a sociedade nessa agenda central para a ação climática, o Governo brasileiro estimulou a criação da Rede de Parceiros pela Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima. Criada também em 2025, a rede é composta por mais de 100 organizações da sociedade civil, incluindo o IPÊ, universidades e grupos de pesquisa brasileiros que desde o início do ano estão dedicados a estudar e construir soluções e iniciativas pela integridade da informação climática.
O tema terá espaço de debate no espaço oficial da COP30 nos dias 12 e 13 de novembro, e na Casa IPÊ na COP, no dia 14 de novembro. Confira a agenda. https://ipe.org.br/cop30/agenda-casa-ipe-cop30/