A saúde e a fertilidade do solo são a base da agricultura orgânica e agroecológica. Ao reconhecer o solo como um organismo vivo, é importante entender como deixá-lo nutrido, protegido e equilibrado. Diante disso, os bioinsumos, adubos de origem natural, tornam-se essenciais, pois fortalecem as plantas, revitalizam o solo e auxiliam no controle natural de pragas e doenças. Com essa visão estratégica, o Projeto Agroecologia em Rede, uma iniciativa do IPÊ, realizou recentemente a Oficina de Bioinsumos para Produção Orgânica, reunindo 38 agricultores familiares no município de Iranduba, localizado a 31 km de Manaus.

Aspectos nutricionais das plantas e fertilidade do solo foram abordados em aula teórica da oficina. Foto: Dirce Quintino
Durante a formação, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer os conceitos e a prática da utilização dos bioinsumos para melhorar a fertilidade do solo, reconhecer as fases de transformação e os diferentes tipos, além de aspectos de nutrição vegetal, para que o manejo seja feito de forma adequada. Em aula prática, os agricultores produziram biofertilizantes anaeróbicos e aeróbicos, mensuraram o investimento necessário e rendimento das formulações preparadas, que, em geral, são simples e fáceis de fazer, eficientes e de baixo custo, tornando-se acessíveis à maioria dos agricultores/as.
Para Fátima Zuazo, agricultora da Associação de Produtores Orgânicos no Estado do Amazonas – APOAM,, a oficina foi essencial para compreender melhor a importância do solo para a produtividade agroecológica. “A oficina foi muito rica, porque, mesmo sabendo coisas do dia a dia, tem sempre algo a aprender, sempre alguma coisa diferente. Por exemplo, a análise de solos. A gente aduba, aduba e não tem retorno, e eu aprendi hoje que a análise de solo é fundamental para entender por que a planta está deficiente”, afirmou.

Preparo de biofertilizantes foi abordado em aula prática. Foto: Dirce Quintino
De acordo com o técnico do projeto, Mário Ono, a aplicação de bioinsumos é estratégica para os agricultores/as. Tecnicamente, é fundamental compreender que o surgimento de pragas e doenças está relacionado a desequilíbrios nutricionais que comprometem a saúde não apenas do solo, mas de todo o sistema de produção. Esse olhar sistêmico é indispensável para elevar a produtividade dos agroecossistemas e, consequentemente, impulsionar a comercialização dos produtos nas feiras de orgânicos em Manaus. “A melhoria na produção, em termos de variedade e diversidade, é fundamental para o sucesso na comercialização, que gera a renda necessária para melhorar a qualidade de vida das famílias e nas comunidades”, complementa.
A capacitação teve parceria do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas – IDAM e apoio da Associação de Produtores Orgânicos de Iranduba – APOI.
Sobre o Agroecologia em Rede
O projeto Agroecologia em Rede trabalha por meio de assessoria e capacitação, visando fortalecer as organizações locais, com a estruturação das unidades de produção, certificação orgânica e apoio à comercialização para a melhoria da qualidade de vida de agricultores familiares e a conservação da biodiversidade.
O projeto atua em nove municípios do Amazonas: Manaus, Apuí, Iranduba, Rio Preto da Eva, Careiro da Várzea, Borba, Manicoré, Urucurituba e Tefé. Com o projeto, a estimativa é impactar a conservação de 12,5 milhões de hectares de floresta, em uma Unidade de Conservação Estadual e cinco Assentamentos Rurais. O projeto Agroecologia em Rede é realizado pelo IPÊ, tem parceria com a Rede Maniva de Agroecologia (Rema) e tem financiamento do Fundo Amazônia/BNDES.