Legenda da foto principal: Eduardo Ditt (diretor executivo do IPÊ), Mauro de Oliveira Pires (presidente do ICMBio) e Fabiana Prado (gerente do LIRA/IPÊ) mostram o Protocolo de Intenções assinado. Crédito: Cibele Quirino/IPÊ
Fomentar a visitação e o turismo responsável nas Unidades de Conservação é o ponto de partida do recém-lançado Programa Natureza com as Pessoas, do ICMBio – Instituto Chico Mendes e Conservação da Biodiversidade, com objetivo de aliar o reconhecimento da natureza como um patrimônio que é de todos nós com equidade na distribuição dos benefícios gerados. O Programa está vinculado a também recém-aprovada, neste ano, Política Nacional de Visitação em UCs federais (Lei 15.180/2025).
Entre as instituições da sociedade civil que desde o início apoiaram a iniciativa está o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas que assinou Protocolo de Intenções voltado à estruturação do Turismo de Base Comunitários em três Unidades de Conservação na Amazônia. “Vamos fortalecer com plano de negócios e infra-estrutura o Turismo de Base Comunitária na Reserva Extrativista Quilombo do Frecha e na APA Reentrâncias Maranhense, ambas no Maranhão, além da RESEX Chico Mendes, no Acre. Dessa forma, abrimos mais um nicho para a economia local”, adianta Fabiana Prado, gerente do LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, uma iniciativa do IPÊ. Em setembro, o LIRA iniciará o repasse de recursos às instituições locais que vão fortalecer o Turismo de Base Comunitária nas três áreas protegidas.
Com o Protocolo de Intenções vinculado ao Programa Natureza com as Pessoas, os demais projetos do IPÊ também podem desenvolver um Plano de Ação alinhado ao Protocolo com ações que fortaleçam o turismo e assim a visitação em outras Unidades de Conservação federais. A expectativa é que no médio prazo, essa iniciativa federal também desempenhe o papel de inspiração para as esferas estadual e municipal.
Novo futuro para o turismo de natureza

Crédito: Cibele Quirino/IPÊ
No lançamento do Programa Natureza com as Pessoas realizado durante o Salão do Turismo, uma iniciativa do Ministério do Turismo, em 21 de agosto, na capital paulista, Iara Vasco, diretora de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (DIMAN/ICMBio), reforçou a amplitude da iniciativa. “É importante trazer o quanto estamos trabalhando em um Programa que é uma Política Transnacional alinhada a instrumentos de vários ministérios”.
Mauro de Oliveira Pires, presidente do ICMBio, destacou a visitação das unidades de conservação como chave para o desenvolvimento. “A visitação é uma atividade que conecta as pessoas com a natureza, tê-la como hábito melhora a saúde das pessoas, mas também traz benefícios para a própria conservação. Afinal de contas já sabemos e por imagens de satélite fica evidente o quanto as Unidades de Conservação representam uma barreira ao desmatamento. Ao mesmo tempo, elas também têm o potencial de fomentar o desenvolvimento, por isso quando procuramos o presidente da Embratur, o Freixo, e ele imediatamente aceitou, tendo em vista também de como o turismo internacional pode se beneficiar”.
Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, adiantou que a instituição também está prestes a lançar um Programa que apoiará a iniciativa do ICMBio. “Logo teremos o Caminho da Biodiversidade que vai destinar recursos ao Programa do ICMBio, em especial para Educação Ambiental, Turismo de Observação da Vida Silvestre, contem com o Ibama nessa luta”.
Marcelo Freixo, presidente da Embratur, afirmou que não existe turismo sem responsabilidade ambiental. Ele ressaltou que o Brasil precisa se apresentar ao mundo como um país único, bom para turistas e para seus cidadãos, e não dividido entre dois modelos de desenvolvimento. Defendeu o turismo de base comunitária e o audiovisual como ferramentas para transformar a imagem do Brasil no exterior e fortalecer a bioeconomia. “A escolha política é clara: floresta em pé ou floresta derrubada. O turismo responsável é parte dessa resposta”, afirmou.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, deu as boas-vindas e apresentou iniciativas municipais ligadas à sustentabilidade, como o aumento da cobertura vegetal da cidade e a meta de elevar para 26% a área de mata pública, que seria maior que território da cidade de Paris. Ele também citou a substituição da frota de caminhões a diesel por veículos movidos a biometano como exemplo de inovação local. Para Nunes, ampliar a visitação é uma forma de gerar consciência ambiental: “Quando você vê algo tão bonito, você quer cuidar daquilo que ama”.
João Paulo Capobianco, ministro do Meio Ambiente e Mudança Clima, em exercício, situou o programa no contexto das políticas federais de conservação. Ele citou a criação de novas unidades de conservação nos últimos dois anos, a implantação de milhares de quilômetros de trilhas interligadas e o reconhecimento dos Lençóis Maranhenses e das cavernas do Peruaçu como Patrimônio Mundial da UNESCO. Capobianco destacou ainda o papel da bioeconomia e da cultura local, afirmando que o turismo em áreas protegidas deve gerar respeito, empatia e valorização das comunidades.
Encerrando a cerimônia, o ministro do Turismo, Celso Sabino, ressaltou que “ninguém protege o que não conhece” e defendeu o ecoturismo como vetor de desenvolvimento sustentável. Ele lembrou que o Brasil já é reconhecido internacionalmente como destino de ecoturismo e turismo de aventura e destacou o papel da Amazônia como prioridade. Para Sabino, comunidades que vivem no entorno das unidades são os principais guardiões da floresta quando encontram no turismo uma forma digna de sustento: “Quando percebem que a floresta em pé vale mais que a floresta derrubada, são elas que garantem sua preservação”.

Crédito: Cibele Quirino/IPÊ