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O “Mapa dos Sonhos” nasceu de um desejo da equipe do IPÊ em plantar árvores nativas da Mata Atlântica, em propriedades rurais localizadas no Pontal do Paranapanema, extremo Oeste Paulista, de forma que as matas plantadas se conectem aos fragmentos nativos e formem corredores de vida. Tais corredores são essenciais para a conservação de espécies, como o mico-leão-preto (Lentopithecus chrysopygus), a onça-pintada (Panthera onca), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) entre outras. O sonho é que os corredores tenham 60 mil hectares de florestas (o passivo ambiental da região), sendo que, 3.000 hectares já são realidade. Nos próximos 5 anos, a proposta é plantar 5.000 hectares.
Segundo Laury Cullen, coordenador de projetos e pesquisador do IPÊ, o Mapa dos Sonhos é o carro chefe dos projetos realizados no Pontal do Paranapanema (SP). “A equipe de técnicos respira esse mapa diariamente. Ele até fica estampado na parede da sala de reuniões, pois é a nossa missão, ambição e visão a longo prazo para a região”, conta.
O mapa é o resgate da Mata Atlântica, a possibilidade de trazer a floresta de volta, já que a lei da Mata Atlântica com base no Novo Código Florestal exige que cada propriedade rural tenha 20% de floresta.
Entre os resultados do Mapa dos Sonhos está o maior corredor florestal restaurado na Mata Atlântica (com 12 km e 2,4 milhões de árvores), favorecendo o fluxo da fauna de um fragmento a outro na Mata Atlântica, contribuindo para a sobrevivência de espécies vulneráveis e ameaçadas.
No Pontal, estes 20% de mata podem ser divididos entre as áreas de Reserva Legal e de mata ciliar (proteção dos recursos hídricos) – nas propriedades cortadas por rios, córregos e nascentes -, juntando os dois tem que somar os 20% exigidos por lei. “Muitas fazendas já têm suas florestas conservadas com a porcentagem estabelecida na legislação, ”, afirma Cullen.
Diante desse panorama, é exatamente nas 400 propriedades rurais, que até o momento não se adequaram ao Novo Código Florestal, que entra o Mapa dos Sonhos. A proposta do mapa é alocar os 20% de florestas de cada propriedade rural da melhor forma possível para a formação dos corredores de vida. Por exemplo, é encaixar a reserva da “fazenda A”, para se conectar à “fazenda B”, que se vincula aos assentamentos, consequentemente, essa conectividade liga os corredores à floresta nativa do Parque Estadual Morro do Diabo, área com cerca de 34 mil hectares de floresta nativa.
Na avaliação de Cullen, os corredores de vida são uma forma de garantir a longo prazo a sobrevivência de vários animais, inclusive, do mico-leão- preto, espécie ameaçada de extinção. Ele explica que animais isolados na mata da “fazenda A”, após um período começam a ter sérios problemas demográficos e genéticos. Por isso, é extremamente importante a movimentação desses animais, pois a circulação permite o cruzamento dos animais da “fazenda A” com os animais que habitam o Morro do Diabo. “Os corredores trazem esta alternativa para os animais, além de serem fundamentais também para a dispersão de sementes. Por exemplo, já temos resultados palpáveis deste trabalho que são as antas brasileiras (Tapirus terrestris). Elas usam os corredores e são dispersoras de sementes, pois foram identificadas espécies vegetais que germinaram em suas amostras fecais”.
Segundo Cullen, o mapa traz sugestões para o proprietário restaurar a floresta de forma a gerar inúmeros benefícios. “Entre essas consequências estão conservar recursos hídricos (qualidade de água, evitar erosão e assoreamento), ligar fragmentos, proteger o fragmento do chamado efeito de borda, quando as matas ficam expostas e são invadidas pelo vento, pela luz, pelo fogo, dessecação e, consequentemente, perdem qualidade”.
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