Aconteceu ontem, 29 de outubro, às 17h30, horário de Brasília, na COP 16 de Biodiversidade, um painel dedicado a discutir campos nativos e o Pantanal esteve entre os exemplos apresentados. O debate “Integrando conservação e sustentabilidade em campos nativos: iniciativas e potenciais incentivos” abordou temas como produção sustentável, as especificidades regionais da legislação ambiental e a percepção dos produtores rurais sobre a biodiversidade, além de mecanismos financeiros ou não de incentivo.
Cristina Tófoli, gerente e coordenadora geral de projetos no IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, representou a coalizão Pontes Pantaneiras e falou sobre a implementação das oficinas de pecuária sustentável que têm sido realizadas junto aos produtores rurais do Pantanal, e nas quais está em desenvolvimento um plano de ação, construído em conjunto com pecuaristas tradicionais da região, e que visa valorizar o produto pantaneiro que segue boas práticas ambientais.
“Temos que separar o produtor rural tradicional daquele que está degradando o meio ambiente. Hoje é preciso criar formas de medir as propriedades, analisar a maneira como a atividade é exercida e criar medidores para podermos afirmar se a pecuária está sendo praticada de forma sustentável e certificar esses produtores”, ressalta Cristina.
Cristina também explicou sobre o projeto Fazenda Pantaneira Sustentável FPS, uma iniciativa da Embrapa Pantanal, que tem implementação em parceria com o Sistema FAMATO no Mato Grosso, em 15 propriedades já mapeadas, além de 70 que terão início nos próximos meses com a implementação do Sistema FAMATO. Já no Mato Grosso do Sul terá o apoio do Pontes Pantaneiras para iniciar o mapeamento em 8 propriedades.
“Poder apoiar essa segunda etapa do FPS é uma grande oportunidade para entendermos quem poderá receber a certificação, para valorizarmos esse produtor e automaticamente fazermos com que aqueles que não foram aprovados, possam fazer ajustes na produção para que consigam também o selo de qualidade. Dessa forma poderá ser possível rastrear a cadeia, gerar mais valor ao produto que será vendido no Brasil e também para exportação. Todo mundo vai sair ganhando, o meio ambiente, a economia e a sociedade ”, ressalta Tófoli.
O painel contou também com Carlos Eduardo Marinello, do Ministério do Meio Ambiente, falando sobre as OMECs (conceito que significa Outras Medidas Efetivas de Conservação baseadas em área) e a integração de políticas públicas para apoiar a implementação das metas 1, 3, 8, 10, 14 e 21 da CDB (Convenção Sobre Diversidade Biológica), definidas em acordo firmado na última COP da Biodiversidade, há dois anos.
Também participou do debate o diretor de Conservação do Instituto de Biologia da Conservação do Smithsonian Peter Leimgruber para falar sobre a contextualização de campos nativos no mundo e no Brasil, trazendo exemplos de ameaças e oportunidades. Pedro Pascotini da Alianza del Pastizal, SAVE Brasil e Amy Johnson do Smithsonian Institute. A mediação da mesa foi realizada por Paula Piccin do IPÊ, Instituto de Pesquisas Ecológicas. As iniciativas seguem as metas do Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal da Convenção de Diversidade Biológica (CDB).
Sobre o Pontes Pantaneiras
O IPÊ é parte da coalizão Pontes Pantaneiras: Conectando pessoas, cultura e biodiversidade para sustentabilidade tem como objetivo conectar e facilitar soluções, além de promover mudanças positivas que valorizem o Pantanal e os pantaneiros, respeitando sua rica herança cultural e capital natural, fortalecendo a colaboração entre os diversos atores da região. Saiba mais no site.