O projeto Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo realizou nos dias 27 a 29 de maio, no campus da Universidade Federal do Oeste do Pará, em Santarém, dois encontros para o fortalecimento de iniciativas voluntárias de prevenção e combate a incêndios florestais na região do Baixo Tapajós. Os eventos reúnem representantes de organizações da sociedade civil, governo federal, parceiros, voluntários e comunitários que atuam com MIF e diversas práticas de conservação ambiental na região.
No dia 27 de maio aconteceu o Curso de Sistema de Comando de Incidentes (SCI) de nível básico. A capacitação, destinada a integrantes de brigadas voluntarias e comunitárias do território, teve como objetivo aprimorar a eficácia no combate aos incêndios florestais no Baixo Tapajós. Durante a atividade os participantes debateram sobre os princípios do SCI, técnicas de prevenção e combate a incêndios e simulados em grupo.
Segundo Antônio Sena, analista ambiental do ICMBio essa capacitação é importante para ampliar a compreensão de voluntários e comunitários sobre essa ferramenta e auxiliar na construção de entendimentos comuns e na maior integração durante o atendimento à incidentes no território. “A inclusão de brigadas voluntárias e comunitárias no atendimento à incidentes tem um caráter inovador que estamos testando”, destaca.
Nos dias 28 e 29 ocorreu a Oficina de Planejamento do Voluntariado no MIF no Baixo Tapajós. O evento é mais uma etapa para avançar no Teste da Estratégia Federal do Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo na região. “A proposta dessa oficina é ajudar na consolidação do diagnóstico do cenário do MIF no Baixo Tapajós e discutir a integração estratégica e operacional entre as instituições responsáveis pela gestão do fogo e brigadas voluntárias e comunitárias na região”, explica Angela Pellin, coordenadora de projetos do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas.
A oficina auxiliará na construção de um planejamento voltado para o manejo integrado do fogo que inclua voluntários e comunitários no Baixo Tapajós e a elaboração de um fluxo de Acionamento voltado para Incidentes e de atendimento à Emergências. “A gente espera que todos os debates realizados nessa série de atividades sejam transformados, de fato, em aprendizados e instrumentos de políticas públicas que resultem em maior segurança, melhor qualificação e melhor efetividade das ações dessas iniciativas que atuam com voluntariado no MIF na região”, afirma Angela.
Coordenador da brigada comunitária Guardiões da Terra, da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, Dailton da Silva Duarte ressalta que os encontros são uma oportunidade para envolver e qualificar as comunidades da região sobre o fortalecimento institucional das brigadas voluntárias. “Essa oportunidade é muito importante para que a gente possa aumentar o conhecimento no trabalho que já desenvolvemos em nosso território, tanto em relação a organização quanto ao controle das queimadas. Os aprendizados que recebemos através dessas formações nós repassamos a nossa equipe da brigada, para a escola e a toda a comunidade. Acredito que a partir do momento em que você começa a trabalhar, mostrando realmente qual a importância das brigadas, os resultado positivos aparecem”.
Liderança indígena do povo Arapium, Wellington Soares, elogiou a iniciativa do projeto e disse que os encontros são importantes para capacitar as brigadas que atuam na região e fomentar a criação de novos coletivos de prevenção e combate a incêndios florestais no Baixo Tapajós. “Eu faço parte de um grupo de vigilantes que faz monitoramento ambiental na terra indígena Amaró. As experiencias das brigadas que atuam com Manejo Integrado do Fogo na região, compartilhadas aqui, são muito importantes para incentivar que essa ação também seja implantada em outros locais, inclusive no meu território”.
Voluntariado no MIF
Os encontros no Baixo Tapajós fazem parte da iniciativa que visa apoiar a estruturação da Estratégia Federal de Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo do MMA. A ação tem uma abrangência nacional, com potencial de contribuição junto ao sistema de unidades de conservação (UCs) e seu entorno, terras indígenas e territórios quilombolas, além de elementos integradores de paisagem como reservas legais e áreas de preservação permanente, no âmbito das propriedades particulares.
Esta é uma iniciativa executada pelo IPÊ, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em parceria com a Coordenação de Manejo Integrado do Fogo (CMIF) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e financiada pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).