A implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) realizada pelo IPÊ junto de 51 agricultores familiares, na região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste paulista, que vivem em assentamentos rurais, esteve entre as práticas compartilhadas durante o Livelihoods Camp 2024, em Paris, em março. O evento reuniu ONGs de 17 países com projetos apoiados pelo fundo desde 2011. Em comum, eles têm o potencial de fomentar a restauração de ambientes degradados e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
O destaque dos SAFs implementados há mais de 20 anos é a produção do café agroflorestal cultivado à sombra de árvores frutíferas, como limão-taiti, laranja-pera-rio e de árvores nativas da Mata Atlântica. No pilar ambiental, o SAF funciona como trampolim ecológico e assim favorece a diversidade genética de plantas e animais. Na esfera social, o SAF diversifica a alimentação das famílias, enquanto no pilar econômico, traz a possibilidade de venda da produção excedente com geração de renda complementar para os pequenos agricultores assentados.
Apenas em 2023, 692kg de café in natura foram beneficiados e transformados no produto Café Agroflorestal do Pontal. Em relação a 2022, a produção registrou alta de 15%. O café é comercializado na loja do IPÊ no Pontal, na loja online, na loja do IPÊ em Nazaré Paulista e no Instituto Chão, na cidade de São Paulo.
Aline Souza, coordenadora de formação e capacitação no IPÊ na região do Pontal, apresentou o trabalho realizado pelo IPÊ em parceria com os agricultores. “Foi uma honra poder contribuir com nossa experiência na conservação da biodiversidade e na implementação de sistemas agroflorestais”.
De 2019 a 2023, o Livelihoods Fund for Family Farming e a Danone, idealizadora da iniciativa, estiveram entre os financiadores do projeto Caruanas, do IPÊ, para a implementação de 100 hectares de SAFs na região de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, próxima à Reserva Biológica do Tingá, na Baixada Fluminense. A iniciativa no Rio de Janeiro contou com a experiência da equipe do IPÊ que realiza o projeto na região do Pontal do Paranapanema.
Gustavo Brichi, engenheiro florestal no IPÊ que atua em projeto do IPÊ na região do Sistema Cantareira, em São Paulo, e no Baixo Rio Negro, na Amazônia, também acompanhou o evento em Paris. “Voltei com a certeza de que temos feito um trabalho muito bom pela conservação da biodiversidade alinhada ao desenvolvimento das comunidades”.