Áreas protegidas desempenham múltiplos papeis a partir da conservação da biodiversidade. A oferta de água em quantidade e qualidade, qualidade do ar, regulação do clima e polinização estão entre os serviços da natureza oferecidos por elas. Diante do contexto das mudanças climáticas, essas áreas também são estratégicas e contribuem ainda com o armazenamento de carbono realizado pelas árvores, com a redução das temperaturas extremas e das chances de episódios de desastres, como inundações e deslizamentos de terra, por exemplo.
Com a expectativa de contar em um futuro próximo com novas Unidades de Conservação (UCs) federais, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas organizou a Oficina de critérios e priorização para criação de unidades de conservação federais, realizada em Brasília, de 29 de janeiro a 02 de fevereiro. Cerca de 150 profissionais presentes, entre servidores do governo estaduais e federal e parceiros da sociedade civil (pesquisadores de universidades, comunidades e povos tradicionais), avançaram na definição das listas prioritárias para a criação de unidades de conservação nos biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal), além da zona costeira e marinha.
A expectativa é a de que as novas unidades de conservação sejam criadas em dois momentos, até 2026 e até 2030, considerando as metas do Acordo Global até 2030. Além de parceiro do ICMBio na organização do evento, o IPÊ participou deste novo momento histórico da conservação de áreas naturais com seus pesquisadores que atuam em diversas UCs brasileiras, com trabalhos que embasam a criação de Unidades de Conservação no país.
Conhecimento para pautar a criação de UCs
“A partir das discussões dos grupos será elaborado um documento para ser entregue ao Ministério do Meio Ambiente com subsídios técnicos para avançarmos na criação de áreas protegidas no Brasil”, destacou Fabiana Prado, coordenadora do LIRA – Legado Integrado da Região Amazônica, uma iniciativa do IPÊ, Fundo Amazônia/BNDES e Fundação Gordon and Betty Moore, parceiros financiadores, realizada em 59 áreas protegidas que somam 58 milhões de hectares protegidos na Amazônia.
Angela Pellin, pesquisadora do IPÊ e uma das coordenadoras da última atualização das Áreas e Ações Prioritárias para Conservação da Mata Atlântica, pontuou como essa iniciativa contribuiu para a priorização das futuras Unidades de Conservação federais. “Foi bem interessante ver como o exercício de áreas prioritárias da Mata Atlântica foi utilizado durante esse processo de priorização das futuras UCs federais. Deu para fazer sobreposição das informações, dos critérios, ver claramente quais eram as áreas mais indicadas para criação e também para o estabelecimento de corredores”.
Cristina Tófoli, pesquisadora do IPÊ à frente da iniciativa Pontes Pantaneiras, contou sobre a dinâmica do grupo que discutiu sobre o Pantanal, onde apenas 4,68% da área é protegida. “O grupo trabalhou com dois grupos de propostas, algumas que já estão formalizadas e com algumas novas. A gente trabalhou tanto a priorização dessas áreas que já estão formalizadas com processo correndo no ICMBio, quanto com as novas propostas que precisam de formalização”. O Pontes Pantaneiras é uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Embrapa Pantanal, University College London, o Smithsonian Institution, com apoio da Pew Charitable Trusts.
Claudio Padua, co-fundador do IPÊ, pontua que criação de novas Unidades de Conservação federais é um passo importante, mas é o início de uma série de medidas até a efetividade dessas áreas protegidas. “Unidade de Conservação não adianta só criar, é preciso implantar, ter plano de manejo, implementar e ter gente com conhecimento, com visão de trabalho com as comunidades do entorno, quando elas existirem, ou com as comunidades de dentro dela, quando a UC permitir, além de recursos para uma boa gestão. É uma combinação de ação de dentro do próprio governo e dos parceiros. O Brasil tem a biodiversidade como sua grande riqueza e o lugar onde essa biodiversidade está mais protegida é nas UCs”.
O próximo passo será o compartilhamento do relatório final e dos mapas produzidos pelos grupos com a equipe ampliada do ICMBio em uma conferência. Na sequência, está prevista reunião com a equipe do Ministério do Meio Ambiente com apresentação do documento como subsídio para a criação de Unidades de Conservação e avaliação das etapas seguintes.
A Oficina de critérios e priorização para criação de unidades de conservação federais é uma realização do ICMBio, com apoio técnico do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, WCS – Wildlife Conservation Societye WWF–Brasil e apoio financeiro de Funbio, GEF, GEF Mar, GEF Terrestre e BID.
Doe para o IPÊ e seja mais um parceiro pela conservação da biodiversidade.