Com a participação de 110 pessoas em um evento comemorativo, o projeto “Educação, Paisagem e Comunidade” encerrou o seu primeiro ciclo de ações no Espírito Santo. O encontro, que teve a presença de assentados e produtores rurais, técnicos do IPÊ e da Fundação Renova, financiadora da iniciativa, foi um momento de ouvir a comunidade sobre o que é desejado para o futuro deste projeto, que já beneficia mais de 100 famílias de quatro assentamentos nas cidades de Alto Rio Novo e Águia Branca, com produção mais sustentável, educação e orientações técnicas, além de geração de renda com atividades de restauração florestal.
O trabalho foi iniciado em 2021 e já tem resultados relevantes. Por exemplo, mais de 80 famílias com áreas cadastradas e com áreas piqueteadas (separadas) para intervenções de produção sustentável como SAFs e restauração. Cinquenta áreas serão destinadas a plantios agroflorestais, que combinam árvores e culturas como o café, e 60 já se preparam para a restauração. Além disso, a coleta de sementes já é outro grande resultado que já tem melhorado a renda da população. Saiba mais sobre os resultados do projeto aqui.
“Foi uma comemoração sobre uma jornada de dois anos de caminhada. O encontro funcionou como um grande termômetro para vermos a adesão das pessoas ao evento e o quanto elas se mostraram engajadas ao longo do dia de atividades pela continuidade do projeto”, explica Leonardo Rodrigues, do IPÊ, facilitador do dia.
No encontro, Tercio Kohler, engenheiro florestal e gestor do projeto pela Fundação Renova, afirmou aos presentes que é desejo da organização continuar a apoiar a iniciativa do IPÊ na região. “Nós sabemos a importância desse projeto e o quanto ele é relevante para a recarga hídrica do Rio Doce com qualidade e quantidade e, claro, trazendo grandes benefícios às famílias participantes”, disse.
Participação na tomada de decisão
Ao longo do dia 25 de agosto, os presentes puderam assistir a palestras e participar de atividades para avaliarem o andamento das ações até o momento, contribuindo e opinando sobre os seus desejos para uma nova etapa do projeto.
“Foi muito interessante notar a mudança de foco das pessoas nesse encontro. Elas passaram a compreender que não estão aqui para serem ajudadas, mas que elas são referência. Essa é uma região importante em que muita gente já reflorestou há anos algumas áreas muito degradadas, mas que agora, com o projeto, está passando por uma instrumentalização maior para melhorar a produção de alimentos e de água também”, comenta Leonardo.
A água é o tema central desse projeto. Durante as atividades, inclusive, os participantes destacaram a preocupação com os recursos hídricos e o quanto eles são relevantes para a produção local e o abastecimento do Rio São José, que influencia a água do rio Doce.
“Queremos continuar contribuindo com a conservação da água, porque a gente sabe o quanto é importante pra nós aqui e pras pessoas que precisam do rio Doce. Tem muita coisa ainda a ser feita, mas queria muito dizer aqui que estamos num caminho bom”, afirma Antônio Cesar Rodrigues, assentamento Boa Esperança, que, depois de cursos do projeto já uma a coleta de sementes como nova fonte de renda para a família.
Adilson Dias, também do assentamento Boa Esperança, concorda. “Eu mexo com viveiro de muda, então se não tiver água, não tenho como produzir. Se eu não tenho muda pra plantar, a água não cresce também. O projeto ajuda a gente a sempre ter como plantar. Já aprendemos muito aqui e estamos trazendo mais gente pra aprender também com os cursos”.
Futuro
Ao ouvir a comunidade, alguns temas se destacaram como ideias de melhoria para os assentamentos, como a construção de “barraginhas”, para melhor armazenamento da água para a produção, além da necessidade da construção de fossas sépticas. Também a necessidade de continuar a pensar em restauração florestal para a área, que é estratégica por suas nascentes e recarga hídrica, além da organização social para gerar benefícios sociais coletivos a todos os assentamentos participantes.
“Percebemos que o apoio técnico que o projeto deu até agora gerou uma grande vontade de outros pequenos produtores (inclusive quem não é assentado rural) em participar dessa iniciativa. Isso gera, por exemplo, a possibilidade plantar corredores ecológicos com a adesão desses proprietários individuais. O interessante é como isso pode elevar as chances de desenvolvimento de novas alternativas econômicas que, inclusive, podem ajudar a trazer a participação da juventude, o que também é um desafio no campo”, afirma Leonardo.
Cultura reconhecida e valorizada
O evento também contou com uma exposição de fotos feitas pela fotógrafa Rafaela Teixeira @rafa_ela_fotografia. Veja como foi.
O projeto é gratuito para os participantes e faz parte do programa Integração Escola e Comunidade, da ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental, o braço de educação do IPÊ. As ações são financiadas pela Fundação Renova.