Produtor rural contribui com os corredores florestais na adequação ao CAR, no Pontal do Paranapanema (SP)
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No Pontal do Paranapanema, extremo Oeste do estado de São Paulo, os corredores de vida são uma sugestão para os proprietários rurais no quesito adequação ao Novo Código Florestal que determina que toda propriedade rural na região tenha 20% de floresta.
De acordo com Laury Cullen, coordenador de projetos e pesquisador no IPÊ, no momento que o proprietário faz o Cadastro Ambiental Rural (CAR), nem sempre ele aloca a área a ser reflorestada de uma forma capaz de se conectar às áreas vizinhas. “E são, exatamente, essas junções que formam os corredores. A Reserva Legal para complementar os 20% exigidos pela lei, também nem sempre, está alocada de maneira a se conectar com as matas ciliares, as florestas e para contribuir com a conservação dos fragmentos. No entanto, quando se trata de recurso hídrico a área de plantio é assertiva, pois a mata ciliar com 30 metros de largura tem que estar na borda dos rios”.
Para que haja conectividade florestal, segundo Cullen, os técnicos do IPÊ visitam área por área acompanhados de um profissional responsável pelo CAR. “De forma participativa (produtor, técnicos do IPÊ e responsável pelo CAR) redesenham o mapa da propriedade, no intuito de atender à demanda dos corredores de vida, interligando florestas nativas e plantadas”, explica.
Esta retificação no caso dos proprietários que já fizeram o CAR é permitida por lei, uma única vez, e com uma justificativa ecológica, que neste caso é a ligação ao corredor. Este trabalho é feito caso a caso.
Conforme Cullen, esta abertura da lei tem contribuído para a adequação florestal dos plantios favorecerem os corredores. Ele informa ainda que, as CDRS – Coordenadorias de Desenvolvimento Rural Sustentável (antigas
Casas da Agricultura) da região têm aprovado os pedidos de retificação do CAR. O Ministério Público também tem apoiado o trabalho com pedidos de urgência para as análises desses casos específicos. “Todo este apoio dos órgãos públicos coopera na implementação de estratégicas para o reflorestamento de áreas que irão se conectar ao Parque Estadual Morro do Diabo e demais fragmentos na região”.
Mapa dos Sonhos
Em reunião, no passado, entre Ministério Público, Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária UDR – União Democrática Ruralista , MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra , produtores de cana-de-açúcar e técnicos do IPÊ, o promotor do Gaema – Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente , na época, Nelson Bugalho, questionou a equipe do IPÊ sobre qual que era a visão ecológica da instituição para a região. “Esse questionamento foi muito interessante, pois estávamos com o Mapa dos Sonhos pronto, o qual foi aberto em cima da mesa. Cerca de 20 pessoas estavam na sala, todas ligadas a grupos de interesse, e o promotor perguntou a elas se os corredores de vida desenhados no mapa atrapalhariam o desenvolvimento econômico da agricultura, da pecuária, do agronegócio na região. A resposta foi unânime – não. O grupo informou que o mapa era, simplesmente, a implementação da lei com um componente adicional de conservação de recursos hídricos (água para captação, para as fazendas, para as usinas), serviço ambiental para a agropecuária, para o agronegócio”, conta Cullen.
Segundo Cullen, a partir dessa reunião o mapa foi promovido pelo Gaema para ser o carro chefe do microzoneamento agroecológico do Pontal. “O Mapa dos Sonhos está na parede das salas de alguns promotores, de alguns escritórios de advocacia, de profissionais que fazem o georreferenciamento, o CAR. Nós da equipe do IPÊ respiramos esse mapa todos os dias. Já são 3.000 hectares reflorestado. Este ano de 2021, vamos reflorestar 1.000 hectares. Nos próximos 5 anos serão restaurados mais 5.000 hectares. No total, são 60 mil hectares de passivo (área devastada). O sonho é reflorestar toda essa área”, ilustra.
Na avaliação de Cullen, se a instituição em parceria com financiadores nacionais e internacionais, produtores rurais e comunidade reflorestar 1.000 hectares por ano, nesse ritmo serão necessários no mínimo 60 anos para tornar esse sonho realidade. “ Quero estar aqui para ver esse mapa acontecer. É um trabalho de formiguinha, mas que começou a ter muito interesse”.
A ONU – Organização das Nações Unidas decretou 2021-2030 a década da restauração. “O que veio de encontro ao anseio do IPÊ, agora, muitas empresas voltaram seus olhos para as florestas plantadas. A restauração de paisagem sustentável favorece o tripé CCB – Clima, Comunidade e Biodiversidade. Também está ganhando espaço no mercado a sigla ESG – Environmental, Social Governance Ambiental, Social e Governança).A procura por negócios vai se concentrar nas empresas que têm uma agenda voltada para as questões ambientais, sociais e governanças ambiental e corporativa”, completa o pesquisador.
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