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Após o mês de fevereiro com chuvas 55% acima da média histórica, mais de 300 mm, o Sistema Cantareira chegou em 16 de março a 62% da capacidade. Mas mesmo nesse cenário, a população continua refém da chuva sobre os reservatórios, pelo comprometimento da capacidade do solo da região de absorver a água da chuva. Dos 230 mil hectares que formam a região do Sistema Cantareira, os reservatórios de água ocupam apenas 5% desse território.
Imagine a quantidade de água da chuva que poderia entrar no Sistema Cantareira se encontrasse as condições necessárias para infiltrar no solo de forma adequada? Segundo Alexandre Uezu, coordenador do Projeto Semeando Água, do IPÊ, é a absorção da água pelo solo que tem potencial de aumentar a resiliência do Sistema Cantareira.
“O melhor lugar para armazenar água da chuva é no solo, já que assim a água é liberada aos poucos, em especial nos períodos de estiagem, mas para isso a água precisa ter tido a condição de infiltrar – o que ainda não acontece em boa parte do Sistema. No cenário atual, é como se ainda desperdiçássemos água da chuva”.
Para transformar essa realidade, existem dois desafios: a restauração florestal de 21 mil hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) hídricas, que são áreas próximas às nascentes e aos cursos d’água que por lei deveriam estar cobertas por florestas, mas não estão. Além de melhorar o manejo em 100 mil hectares de pastagens degradadas.
Um bom exemplo para mostrar como é preciso ir além dos municípios provedores e beneficiários da água é a relação entre o Sistema Cantareira e a região da Bacia Piracicaba-Capivari e Jundiaí (PCJ).
“Os principais rios que formam o Piracicaba nascem no Sistema Cantareira. Assim, a população localizada nessa região também é impactada pelo que acontece no Cantareira”, afirma o pesquisador e coordenador do Projeto Semeando Água. A água liberada abaixo (à jusante) do Sistema Cantareira segue para a Bacia do Piracicaba, onde as captações são utilizadas para abastecimento urbano e industrial, com destaque para a região de Campinas.
Cinco anos antes da crise hídrica que assolou a região, o Sistema Cantareira registrava, em 2010, armazenamento de água de 99%. Em 2015, chegou a -24%, com a utilização de água do volume morto, o que revela a baixa resistência do Sistema aos períodos mais secos.
Campanha Protetor do Cantareira
Mesmo quem está a mais de 100 km de distância do Sistema Cantareira, mas bebe a água que vem de lá todos os dias, também pode contribuir com a própria segurança hídrica. Isso porque é possível doar a partir de R$ 30,00 para as ações de restauração florestal do Projeto Semeando Água. Afinal, ainda há muita área para plantar. https://semeandoagua.ipe.org.br/faca-parte/campanha/
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