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Era para eu apresentar o nosso relatório de 2019, como você, leitor, poderá apreciar nas páginas que se seguem. De fato, temos muito a agradecer por tantos projetos bem sucedidos: equipe IPÊ por sua competência, apoiadores de diversos níveis e nacionalidades, parceiros fiéis e Conselho atuante. O ano foi profícuo para nós, com ganhos para ciência, comunidades, alunos e natureza. Aproveitando esse período de colheita, Claudio Padua, um dos fundadores e vice-presidente decidiu tornar-se Conselheiro da organização, dando oportunidade à equipe de mostrar sua maturidade e competência na liderança do IPÊ. Essa foi uma enorme prova de amor pela instituição, exercitando na hora certa o cuidado pela sucessão. Nosso ”Tuxaua”, como o apelidamos internamente, continua nos trazendo confiança de contarmos com sua inestimável contribuição visionária, ousada e competente.
Mas não posso escrever sobre o passado sem focar no momento atual. O ano de 2020 está surpreendendo a todos. Um vírus invisível tem causado desequilíbrios sem precedentes, morte, medo e transformações em todas as formas de viver.
Infelizmente, a humanidade está colhendo o que vem plantando há séculos. Ao se distanciar da natureza e tratá-la como recurso, desrespeitando a tudo e a todos indiscriminadamente, pouco sobrou intacto. Muitas etnias vêm sendo ultrajadas e as iniquidades e injustiças sociais nunca foram tão evidente. Os oceanos se encheram de plásticos e detritos, os rios foram poluídos, assoreados e as nascentes agredidas, as florestas devastadas, a maioria das espécies agora faz parte de listas das ameaçadas de extinção, os solos se tornaram empobrecidos e desnudos, os manguezais, berços de grande parte das espécies aquáticas, encontram-se arrasados, o clima mudou e passou a ameaçar a própria sobrevivência da vida como a conhecemos. Como pode tudo isso acontecer em decorrência da ação da espécie que se diz a mais inteligente e avançada?
Sem dúvida, o vírus é uma consequência de todo esse desequilíbrio. Veio como um grito de alerta: acordem! Humanidade, desperte agora, imediatamente! Não é possível que nós, humanos, não possamos ver que somos parte dessa natureza que estamos destruindo o que é a essência de nossa existência. Cada ser humano e cada animal ou planta merece ser apreciada, celebrada, amada. Cada espécie que desaparece levou bilhões de anos para ser o que é, e essa riqueza, chamada biodiversidade, deveria ser a joia da coroa! O planeta Terra é o único, que se saiba, a acolher tanta vida com a riqueza que herdamos.
Durante a pandemia, ficar em casa, voltar a conviver com a família, visitar amigos e mesmo parentes virtualmente ou a ficar só com nossos pensamentos, pode ter sido transformador. O movimento humano no mundo reduziu drasticamente, mas o de outras espécies aumentou numa velocidade impressionante, mostrando o poder de regeneração que tem o mundo natural quando não o destruímos. Em pouquíssimo tempo, tartarugas voltaram à Bahia da Guanabara e aves passaram a cantar como nunca nas grandes cidades despoluídas.
O mundo vive muito bem sem a presença humana. Não é vergonhoso saber disso? Será que não somos capazes de encontrar uma forma de vida que acolha e respeite as maravilhas que nos cercam? O fim delas é o nosso fim.
Essa é uma oportunidade de valorizarmos a vida por inteiro, em seus mínimos detalhes e nuances, com cores, aromas e sons. Um convite para tomarmos um rumo diferente daquele que vínhamos tomando e assim darmos a chance à vida – nossa e de outros seres. Se vamos ser capazes, só o tempo dirá, caberá a cada um de nós dar melhor significado à palavra viver.
Como você leitor poderá ver nesse relatório, o IPÊ já tem esses princípios em seu DNA, dando uma contribuição para a proteção e valorização da vida no Brasil, que é megadiversa! A Instituição foi criada com essas finalidades, que agora se mostram mais importantes do que nunca. Esperamos que no futuro possamos passar mais e mais nossos conhecimentos e valores, contagiando muitos a desfrutarem da vida em sua plenitude.
ACESSE AQUI O RELATÓRIO 2019
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