Crédito da foto principal: JRPireni
A temporada 2024 da Sexta ConsCiência teve início neste mês com o tema Restauração Ecológica: Projeto Corredores de Vida, na prática. A iniciativa é do Projeto ARR Corredores de Vida, uma parceria entre IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Biofílica Ambipar.
Sexta ConsCiência é inspirada nas Manhãs com Ciência organizadas pelo IPÊ desde 2004 na região do extremo Oeste Paulista, compartilhando os desafios, os avanços e os aprendizados das pesquisas do Instituto com todos os envolvidos; aproximando a comunidade das ações desenvolvidas na região.
O primeiro encontro de 2024 teve como público-alvo prestadores de serviço nas áreas de plantio e manutenção de florestas, viveiristas comunitários, professores, representantes de instituições privadas e públicas nas esferas federal, estadual e municipal. Até o final do ano, mais três Sextas ConsCiência já estão previstas.
Restauração ecológica na prática
Mais de 70 pessoas participaram do encontro que teve início na sede do IPÊ Pontal, em Teodoro Sampaio, no extremo oeste paulista. Na sequência, o evento seguiu para a fazenda Categeró, onde os participantes do encontro puderam conhecer o corredor ecológico que vai conectar a Área de Proteção Permanente (APP) do ribeirão Cuiabá ao Parque Estadual Morro do Diabo.
Os plantios na propriedade tiveram início em janeiro de 2022. De lá para cá, já foram plantadas, aproximadamente, 600 mil mudas de árvores nativas do bioma Mata Atlântica, distribuídas em uma área de quase 300 hectares. Ao final do plantio, provavelmente no final de 2024, esse corredor terá 550 hectares de floresta plantada.
Há mais de 30 anos, o IPÊ atua no Pontal do Paranapanema conectando o Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD) a outros fragmentos florestais tanto de Áreas de Proteção Permanente (APP) quanto de Reserva Legal. A criação da ESEC Mico-Leão-Preto, em 2004, também desponta como importante conquista para a conservação da biodiversidade na região. O IPÊ já plantou na região mais de 6,7 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica, sendo que 2,4 milhões formam o maio corredor já restaurado no bioma que conecta o PEMD à ESEC Mico-leão-preto.
O trabalho do IPÊ realizado na região tem como base o Mapa dos Sonhos um estudo aprofundado sobre as áreas mais estratégicas para realizar a restauração florestal na Mata Atlântica de interior, de forma a conectar a floresta e restaurar a biodiversidade.
De acordo com Haroldo Borges, coordenador de campo no IPÊ, é por meio da conectividade dos plantios diários que são implementados os corredores de vida. “Eles são essenciais para a conservação da biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora, incluindo espécie vulneráveis ou ainda ameaçadas de extinção”.
Para Alan Trevizan, educador ambiental na Apoena, o interessante dessa visita in loco foi conhecer a metodologia de plantio utilizada no campo. Com o auxílio das matracas, os colaboradores das empresas de plantio conseguem plantar e irrigar ao mesmo tempo. Em uma diária, cada equipe planta em média 5.000 mudas. “Essa tecnologia torna o trabalho viável e ágil”, disse.
“Admiro o trabalho do IPÊ com a implementação desses corredores ecológicos que possibilitam a ligação de algumas áreas privadas, como a fazenda Categeró ao Parque Estadual Morro do Diabo”, disse José Roberto Pireni, fotógrafo amador.
Para Aline Souza, coordenadora de formação e educação ambiental no IPÊ, a restauração florestal traz benefícios que extrapolam a área ambiental. “Aqui no Pontal, o plantio de florestas gera, diretamente, emprego e renda aos assentados da reforma agrária, a pequenos produtores, e, indiretamente, aos comerciantes locais, com a comercialização de maquinários, insumos, combustíveis, entre outros, produtos. Vejo a implementação dos corredores de vida como um tripé inteligente onde as questões ambientais, sociais e econômicas estão alinhadas de forma positiva”.