Dentre as ações inovadoras da Gestão de Unidades de Conservação apresentadas no I Seminário de Práticas Inovadoras, chamaram a atenção as inovações no relacionamento com stakeholders e parcerias.
Por exemplo, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ), para promover a geração de conhecimento científico sobre a Unidade de Conservação, os gestores implementaram um programa de relacionamento com os pesquisadores para que estes retornassem informações levantadas para o parque e que colaborassem na tomada de decisão sobre manejo nessa área protegida. Para isso, realizou uma aproximação com a comunidade cientifica por meio de sensibilização dos pesquisadores, organização de dados existentes, melhoria na estrutura de apoio, integração e envolvimento na gestão, além de incentivo a pesquisas prioritárias.
Na Reserva Biológica Guaribas (PB), a partir de um contato maior com a comunidade do entorno, foi possível melhorar substancialmente a qualidade e eficiência da brigada de incêndio da unidade. São realizados testes e capacitação de pessoas de 21 comunidades, que se inscrevem para fazer parte da equipe de combate a incêndios. “Antigamente também recebíamos inscrições de pessoas da área urbana e outras regiões, mas percebemos que com as comunidades mais próximas, acabamos formando uma parceria mais forte, que se estende para além do combate a incêndio. Muitos deles nos acionam para fazer denúncias ou ainda consultar sobre supressão florestal. Isso mostra um vínculo com a reserva muito importante”, disse João.
Outro exemplo de envolvimento com stakeholders foi mostrada pelas RESEXs Marinhas do Pará. Para desenvolver e aprimorar uma técnica sustenável de acondicionamento no transporte de caranguejo uçá, utilizando basquetas, os gestores contaram com a participação e conhecimento das populações tradicionais, principalmente dos pescadores artesanais de caranguejo. Para isso, dentre as variadas ações, foram realizados cursos em 12 municípios do litoral paraense, envolvendo 843 caranguejeiros contidos nos territórios de oito RESEXs. Para Waldemar I. Vergara Filho, o sucesso dessa ação
está no respeito entre seus participantes. “Inovar é respeitar o conhecimento popular e incorporar ao planejamento da Unidade de Conservação. A soma dessas linguagens é a ética nesse relacionamento”, afirmou ele, durante palestra.