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O livro “Conservação em Ciclo Contínuo: Como gerar recursos com a natureza e garantir a sustentabilidade financeira de RPPNs” (Essential Idea Editora) explora oportunidades de geração de recursos em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), desmistificando a ideia de que essas áreas estejam limitadas às atividades de pesquisa, turismo e educação ambiental. A publicação busca responder aos desafios para conservação das RPPNs, que vão desde a necessidade de garantias de condição de gestão à proteção em longo prazo. Para isso, traz como exemplo ações utilizadas na RPPN Gigante do Itaguaré (SP), na Serra da Mantiqueira, em São Paulo.
A publicação é fruto de um trabalho iniciado pelo advogado especializado em direito ambiental Flavio Ojidos, ainda durante seu Mestrado Profissional na ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade. Coproprietário e gestor da RPPN Gigante do Itaguaré, Flavio pesquisou, ao longo do curso, modelos de geração de valor a partir da conservação em áreas privadas. A pesquisa inédita identificou uma matriz de 22 oportunidades de geração de recursos que podem ajudar o proprietário a fazer frente aos custos e até mesmo investir na ampliação ou criação de novas áreas naturais privadas. Em parceria com Angela Pellin, pesquisadora do IPÊ, e Claudio Padua, vice presidente do IPÊ e reitor da ESCAS, Flavio decidiu transformar isso em um livro, para apoiar outros gestores de RPPNs.
No Brasil, existem cerca de 1,5 mil RPPNs, que conservam mais de 772 mil hectares de vegetação nativa, de forma voluntária, em todos os biomas do país. São centenas de proprietários dedicados à conservação das riquezas naturais brasileiras, que geralmente enfrentam sozinhos os custos deste investimento, que beneficia a todos. Todo proprietário ou gestor de RPPN sabe que não basta gerar recursos para as despesas ordinárias, é preciso garantir condições de gestão e proteção em caráter perpétuo, tal como são as reservas privadas.
O autor do livro defende um sistema de gestão dos recursos naturais e financeiros para implantar um processo que chama de conservação em ciclo contínuo. “Ao identificar quais oportunidades se encaixam no perfil da RPPN, dentre as 22 apresentadas, é possível gerar recursos com elas e criar um fundo de endowment que será utilizado na própria reserva. O que chamamos de ciclo é a retroalimentação de um sistema em que o recurso é gerado pela natureza a partir da gestão da própria área e reutilizado em modo perpétuo”, afirma Flavio, que também é diretor executivo da Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (Frepesp).
O conceito inovador já foi apresentado para especialistas em conservação da natureza de 42 países em dois eventos internacionais – em Portugal e no Chile. No Brasil, a ideia foi apresentada recentemente no V Congresso Brasileiro de RPPN (CBRPPN) e no IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC). O piloto do modelo de conservação em ciclo contínuo está sendo feito na RPPN Gigante do Itaguaré, que mostrou aptidão para o uso de 16 das 22 oportunidades.
Mestrado Profissional e produtos aplicáveis:
A ESCAS/IPÊ tem como proposta incentivar os alunos do Mestrado Profissional a desenvolverem produtos que possam ser aplicáveis na prática, com o objetivo de colaborar nos desafios socioambientais atuais. Dessa ideia, já surgiram guias, livros e diversos estudos que apoiam a mudança para uma sociedade sustentável.
“Antes mesmo do mestrado eu já tinha um trabalho que olhava para a viabilização econômica de áreas verdes e já vinha fazendo alguns contornos para entender de que forma desenvolver isso. O mestrado foi determinante para organizar todas essas minhas ideias, sistematizá-las e, a partir disso, conseguir estruturar um caminho que culminou na metodologia de conservação em ciclo contínuo, que descrevo neste livro. Se não fosse pelo desafio de redigir a dissertação (produto final), além do apoio dos profissionais do comitê de orientação e das colaborações da banca de defesa, eu não conseguiria chegar nesse resultado”, comenta Flavio.
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