Mais de 70 pessoas participaram da Sexta ConsCIÊNCIA sob a temática “Por que Restauramos?” desenvolvido pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas na sede do Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio/SP. Encontros com as comunidades locais para tratar sobre os resultados das pesquisas científicas e ações de conservação ambiental sempre fizeram parte do calendário nesta região do Pontal do Paranapanema, onde o IPÊ atua há mais de 30 anos.
Nesta edição, dia 17 de março, em parceria com a Biofílica Ambipar Environment, o encontro foi conduzido por Ricardo Gomes César, pesquisador do IPÊ que atua nas áreas de restauração e carbono, reuniu prestadores de serviço nas áreas de plantio e manutenção de florestas, viveiristas comunitários, professores, representantes de instituições públicas e privadas, e demais atores para compartilhar além de resultados a importância da restauração como estratégia para minimizar os efeitos das mudanças climáticas e contribuir com a conservação da biodiversidade.
Durante o encontro, Ricardo ressaltou o crescimento das ações de restauração florestal na esfera global, com base no site Restor – rede de áreas de restauração e de conservação em todo o mundo. “No mundo, já são mais de 66 milhões hectares em programas de restauração e conservação, é quase a área total da França, isso representa um avanço que mostra a escala das ações de restauração no mundo, mas ainda temos muito o que crescer”.
Os efeitos da restauração têm o potencial de contribuir de maneira expressiva com a conservação da biodiversidade, como explica o pesquisador. “Se restaurarmos 15% das áreas desmatadas que são prioridade para restauração no mundo, podemos evitar 60% das extinções e remover 30% dos gases já emitidos para a atmosfera”.
Ricardo pontua que no Brasil o desafio também é significativo “Temos aproximadamente 21 milhões de hectares a serem restaurados com base nas demandas da Lei de Proteção de Vegetação Nativa (Lei 12.651/2012)”. Na região do Pontal do Paranapanema, o IPÊ já restaurou 2.160 hectares, a meta é chegar a 70 mil hectares, até 2050. “Identificamos que nas áreas restauradas desde 2004 a 2021 já estamos armazenando 240 mil toneladas de carbono, o equivalente a retirar 10 milhões litros de gasolina da atmosfera. A pesquisa também mostrou que essas áreas já contam com 166 espécies de aves e 27 espécies de mamíferos. Já no quesito recursos hídricos evita que 3 mil toneladas de sedimentos cheguem até os rios da região anualmente, esse número, equivale a 400 caminhões de areia”. As informações são o resultado da pesquisa de pós-doutorado do Ricardo com apoio da USP – Universidade de São Paulo, Universidade de Wageningen (Holanda) e de estudantes de ambas as instituições.
O professor também pontuou alguns dados positivos da restauração via Corredores de Vida, os quais se conectam a matas nativas como o Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD) e a ESEC Mico-Leão-Preto.
Outro dado positivo é no quesito comunidade, já que do total de 2.160 hectares, 700 deles foram plantados, em 2022, e somente nesse ano foram gerados, diretamente, mais de 90 empregos, divididos entre as empresas de plantio e manutenção e viveiros comunitários. Desse total de trabalhadores, 33 são mulheres.
Para Ana Beatriz Liaffa, coordenadora de projetos de restauração florestal na SOS Mata Atlântica que participou da Sexta ConsCIÊNCIA, o trabalho do IPÊ é inspirador. “É uma cadeia muito bem estruturada desde as áreas prioritárias desenhada no Mapa dos Sonhos, a produção de mudas, o plantio e os resultados expressos nos dados expostos pelo Ricardo com benefícios no Clima, Comunidade e Biodiversidade”.
A restauração é vista por Kleber Guarnieri, dirigente substituto na Diretoria de Ensino de Mirante do Paranapanema, como fonte de estudo em atividades extraclasse. “Visitar os viveiros, as áreas de plantio e ir além dos livros didáticos amplia a visão de mundo dos jovens”, pontuou.
Já para Caio Andreotti, da empresa Floresterra Consultoria Ltda, que presta serviço para o IPÊ, destacou como é participar de projetos de restauração. “É gratificante estar envolvido nesse projeto de restauração florestal que deixará um legado verde para as próximas gerações”.
Para Aline Souza, bióloga do IPÊ, ter a oportunidade de compartilhar os resultados com muitos dos envolvidos nas ações de restauração também é um importante resultado. “A Sexta ConsCIÊNCIA aproxima a comunidade da pesquisa e dos projetos da instituição. Além de ser uma forma didática de comunicar os resultados das ações do IPÊ na nossa região”
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