O restabelecimento de áreas florestais degradadas passou a ser uma das ações mais defendidas globalmente para o combate à crise climática. A ONU estabeleceu de 2021 a 2030 como a década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas. No mundo, o desafio é a recuperação de 1 bilhão de hectares. O Brasil estabeleceu como objetivo plantar 12 milhões até 2030, conforme as metas climáticas do país. Junto com o desmatamento ilegal zero e outras metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs), essas seriam as contribuições brasileiras no enfrentamento da crise do clima.
No quesito redução de emissões de GEEs, o Brasil tem falhado no cumprimento dessa agenda. As emissões brasileiras só aumentaram na última década. Segundo o SEEG/Observatório do Clima* em seu mais recente levantamento sobre análise de emissões do Brasil (lançado em março de 2023) este é o maior aumento de emissões do país em quase duas décadas. Chegamos à marca de 2,4 bilhões de toneladas brutas de GEEs emitidos em 2021, um aumento de 12,2% em relação a 2020, quando o país havia emitido 2,1 bilhões de toneladas.
Apenas com o desmatamento, o Brasil emitiu mais gases de efeito estufa do que o Japão inteiro em 2021
Foi justamente a alta no desmatamento que fez o Brasil superar o índice aceitável dessas emissões. Em 2021, a poluição climática causada pelas mudanças de uso da terra subiu 18,5%. Isso significa 1,19 bilhão de toneladas brutas de CO2 equivalente (GtCO2 e) emitidas no ano (mais do que o Japão inteiro emitiu). Em 2020, o número era 1 bilhão de toneladas.
Ainda de acordo com o SEEG, o Brasil é o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, com 3% do total mundial, atrás de China (25,2%), EUA (12%), Índia (7%), União Europeia (6,6%), Rússia (4,1%) e Indonésia (4%). No entanto, como o desmatamento caiu na Indonésia nos últimos anos e a série de dados globais só vai até 2019, é provável que o Brasil seja na realidade o sexto maior emissor, segundo o relatório.
Com esse histórico, é possível entender por que é tão urgente no Brasil a restauração florestal em nossos biomas
Precisamos restabelecer florestas, paisagens e biodiversidade de maneira eficiente. O IPÊ é responsável pelo plantio de 7 milhões de árvores na Mata Atlântica. A meta é alcançar 19 milhões até 2025, conectando fragmentos florestais e permitindo a sobrevivência de espécies emblemáticas como o mico-leão-preto, espécie símbolo de São Paulo e que só existe na região oeste do estado.
Restaurar florestas é recriar, da melhor maneira possível, o mesmo ambiente que foi devastado. Isso inclui plantar árvores de diferentes espécies em locais estratégicos, de forma que elas contribuam para a circulação de animais e que transforme a área em um local biodiverso.
Além de recompor a biodiversidade, a restauração contribui no restabelecimento de serviços ecossistêmicos, como conservação do solo, produção e retenção de água, segurança hídrica, regulação dos ciclos hidrológicos e, claro, sequestro de carbono, reduzindo o impacto das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. *SEEG – Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa
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