O maior corredor reflorestado do Brasil foi uma das grandes conquistas do IPÊ para o Pontal do Paranapanema. São mais de 12 anos trabalhando para o estabelecimento de uma área de 700 hectares e mais de 1,4 milhão de árvores nativas da Mata Atlântica, que conectam as duas mais importantes Unidades de Conservação do interior de São Paulo, o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto.
O resultado é também fruto de uma parceria importante com Vicente de Carvalho, proprietário da fazenda Rosanela, em Teodoro Sampaio (SP), local onde estão plantadas as árvores que formam o corredor. “A história toda começou com o Laury (Cullen Jr., pesquisador do IPÊ) me procurando para fazer uma pesquisa ali na fazenda porque haviam descoberto mico-leão-preto ali perto, nas matas da Tucano (um remanescente florestal da fazenda). Comecei a conhecer o trabalho do IPÊ naquele momento. Um pouco depois ele me procurou para falar de plantar corredor florestal na propriedade. Eu achei a coisa muito esquisita, mas depois passei a entender a necessidade”, afirma le.
Vicente conta que a fazenda existe desde a década de 50 e que a chance de plantar árvores oferecida pelo IPÊ foi uma boa oportunidade, especialmente para regularizar as áreas florestais que precisam estar protegidas, conforme determina o Código Florestal Brasileiro. “No decorrer do projeto, surgiu a ideia de plantar esses corredores nas áreas de APP (Áreas de Preservação Permanente). Era um interesse mútuo. Ao mesmo tempo em que a gente entrava com um preparo de solo e cercamento, o IPÊ veio com a parte técnica de como reflorestar em área de córrego pra proteger as nascentes, na medida em que nossa área também ficava regularizada”, diz.
De uma proposta para plantio de APPs, a parceria ganhou escala, plantando também nas áreas de reserva legal, formando o corredor. Vicente se diz orgulhoso em fazer parte de um projeto inovador e que trouxe resultados efetivos para a Mata Atlântica.
“É muito gratificante ver que a aposta deu certo e você perceber essa mudança na paisagem ao nosso redor. Antes era diferente, as matas não eram interligadas. Os primeiros plantios foram mais difíceis, mas agora está muito melhor. Hoje a gente já percebe animais voltando e usando algumas áreas do corredor. Isso mostra que é possível a fazenda produzir e conviver com a floresta. Não tenho dúvida que outros proprietários podem se inspirar e fazer coisas semelhantes. No nosso caso, trouxe benefício para os dois: a fazenda, que se adequou à lei, e ao IPÊ que pode seguir com a sua missão de proteger o meio ambiente”, conclui.