As capacitações por meio de cursos, palestras e oficinas do IPÊ são parte da estratégia do Instituto para a conservação da biodiversidade. Nas atividades no Pontal do Paranapanema, os temas proteção da floresta e geração de renda com o uso sustentável dos recursos naturais sempre são abordados.
“No programa de Educação Ambiental, nós vemos a necessidade de contribuir para o desenvolvimento socioambiental dos moradores de áreas prioritárias a conservação, como no caso do Pontal. Fazemos isso por meio de cursos e processos de capacitação e desenvolvimento de habilidades. Levamos informação ambiental junto com uma técnica complementar para que as pessoas possam colocar em prática atividades que melhorem suas rendas, de forma a reduzir a pressão sobre os recursos naturais. Isso não só amplia o conhecimento das pessoas, como aumenta o valor que elas dão às áreas naturais e aos serviços ecossistêmicos”, afirma Maria das Graças Souza, coordenadora de Educação Ambiental.
Em 2014, o IPÊ levou cursos a assentamentos onde ainda não havia trabalhado. Foi assim que a produtora rural e artesã Lurdes da Silva, do assentamento Paulo Freire, em Mirante do Paranapanema, participou pela primeira vez da capacitação em patchwork. “Vi as camisetas do IPÊ com mulheres de outros assentamentos e sempre tive curiosidade de saber como elas faziam aqueles bordados. Na primeira oportunidade que eu tive me inscrevi para o curso de artesanato. Já havia escutado falar do IPÊ mas nunca tinha participado de nenhuma oficina. Achei ótimo!”, conta. Ela, que sempre fez crochê e biscoitos para aumentar a renda da família que vive da produção de leite, da horta e pomar, afirma que o artesanato é uma atividade extra fundamental. “É uma parte vital para nós e que nos traz conforto porque complementa o dinheiro que conseguimos com a produção no sítio. Só assim consegui comprar coisas para minha casa e até viajar para descansar um pouco.”, comenta Lurdes, que vende seus produtos em feiras locais e em outros Estados.
A professora do curso, Regina Reinaldo da Silva, explica que a ideia é levar às artesãs a técnica, junto com os conceitos ambientais. “No curso, ensinamos a bordar os motivos que retratam a natureza do local. Por exemplo, o mico-leão-preto, que é símbolo daqui, é sempre tema dos produtos. Assim as pessoas que compram também passam a conhecer nossa biodiversidade”, afirma ela que é educadora ambiental e bióloga.
Para a aluna Lurdes, a natureza é mais um incentivo. Ela conta que quando chegou ao seu lote em 1999, não havia qualquer tipo de vegetação, mas hoje, busca cada vez mais ter áreas sombreadas em seu terreno. “Nós que vivemos da terra temos que aprender a trabalhar e cuidar dela, pra poder tirar sempre o melhor que ela nos dá”, conclui.