Bruno Melo da Matta apresentou o produto final do seu mestrado desenvolvido na ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – e mostrou dados preocupantes sobre o desmatamento na APA do Pratigi (BA).
A dissertação com o título “Análise da dinâmica atual do desmatamento na APA do Pratigi e suas implicações futuras para as mudanças climáticas” trouxe importantes revelações sobre o status de conservação e o grau de ameaça em uma das regiões mais diversas, localizada no corredor Central da Mata Atlântica, região esta, que detém o recorde mundial de espécies arbóreas, com 458 espécies por hectares.
O estudo mostrou que, diferente do restante da Mata Atlântica, a região da APA do Pratigi que se estende por cerca de 170.000 hectares, ainda possuía, em 2011, cerca de 49% de cobertura florestal nativa, em comparação aos 11% no cálculo geral para a Mata Atlântica, indicando ainda alto grau de conservação. No entanto, apesar de sua importância biológica, a pesquisa revelou que esta região está ameaçada, visto que o rítmo de desmatamento entre 2000 e 2011 foi de 1,2% ao ano, resultando numa redução da cobertura florestal de mais de 14000 ha.
“Ou seja, em 2000 a cobertura florestal era ainda mais expressiva do que a atual, ocupando 58% da região.” constata Alexandre Uezu, pesquisador do IPÊ e componente da banca examinadora. Esta taxa de desmatamento é muito maior do que para a Mata Atlântica como um todo (mais do que 30 vezes) e maior do que muitas regiões da Amazônia, Bioma brasileiro mais afetado pelo desmatamento atualmente.
A partir dos dados levantados e de modelagens, Bruno da Matta ainda fez uma projeção futura com a indicação de que se nada for feito em trinta anos, a região será reduzida a 30% de floresta, comprometendo boa parte da biodiversidade e os serviços ecossistêmicos da região.