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Os micos como nossos professores – Artigo de Suzana Padua

18 de maio de 2020 Por Paula

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Publicado originalmente em Fauna News. 

Por Suzana Padua 

Descobrimos, logo cedo, que trabalhar com conservação não é assunto simples. O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas teve início a partir de um projeto do Claudio Padua, que visava salvar o mico-leão-preto, na época, meados de 1980, listado como uma das dez espécies mais ameaçadas do mundo. O mico era tema de seu doutorado, mas desde o início o Claudio teve estagiários como parte da equipe (muitos conosco até hoje), formando uma rede de profissionais que complementam frentes de trabalho diferentes. Essa interdisciplinaridade tornou-se uma das lições que aprendemos, pois nos deparamos com realidades complexas e nada lineares, e a formação diferenciada fez e faz toda a diferença. 

Claudio vinha de um mundo de negócios, formado em administração de empresas. Infeliz com esse campo, tomou coragem de seguir sua paixão e trabalhar com a natureza, conhecendo para protegê-la. Quis o destino que encontrasse alguns guias em sua vida, entre eles Adelmar Coimbra Filho e Russell Mittermeier, ambos primatólogos, que o levaram para somar à equipe do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, especializado em primatas ameaçados.  Esse foi um momento decisivo que levou o Claudio e a mim, de carona, a se interessar pelo mico-leão-preto, que vive no oeste do estado de São Paulo, região conhecida como Pontal do Paranapanema, e estava para perder habitat com a construção de hidrelétricas. 

Eu era designer, acostumada com uma vida quadrada no Rio de Janeiro e as mudanças na nossa vida familiar foram severas. Mas minha ida para o Pontal, mais precisamente para morar no Parque Estadual do Morro do Diabo (gerido hoje pela Fundação Florestal do Estado de São Paulo), também provocou transformações inesperadas. Um choque no início, mas uma tristeza quando deixamos a região três anos e meio depois. 

Comecei a trabalhar com educação ambiental, uma vez que percebi que a população local não conhecia o parque, o mico e toda a riqueza que havia nas florestas que restavam na região, bem ali ao lado delas. Apaixonei-me por esse campo de trabalho, pois mais e mais convencia-me de sua importância. A razão é simples: conservação só precisa acontecer porque nós humanos destruímos a natureza de maneira inescrupulosa, gananciosa, sem limites. Sendo assim, ou a gente muda a forma de a humanidade perceber a natureza para valorizá-la e se integrar a ela, ou dificilmente vai restar algo de natural no planeta. A educação ambiental visa esse despertar e o acirrar de um novo olhar de celebração pelo mundo natural do qual fazemos parte. Essa foi outra lição dos micos – integrar o ecológico ao humano, formando, de fato, o socioambiental. 
 

Esse aspecto fazia mais sentido ainda no pontal, segunda região mais pobre do estado de São Paulo. Os assentados do Movimento dos Sem Terra chegavam aos milhares e com eles muitas necessidades se evidenciaram. Como captar recursos para proteger o mico-leão-preto, mas não prestar atenção às necessidades humanas tão prementes? 

Começamos a desenvolver alternativas sustentáveis de renda para os pequenos sitiantes, como viveiros de árvores nativas, artesanatos com foco nas espécies locais e outros produtos que podiam proteger a natureza com enriquecimentos ambientais e melhoria da vida humana. Deu certo. Chegamos a trabalhar com mais de 400 famílias de assentados e a “esverdear” a região. Lição também aprendida ao proteger o mico.

Como “esverdear” e enriquecer os fragmentos de mata que ainda restavam? Nossa equipe começou a se preocupar com a paisagem como um todo e a elaborar o que ficou conhecido como “Mapa dos Sonhos”, que nada mais é do que um planejamento de toda a região, apontando áreas prioritárias para a conservação e comunidades que devem ser convidadas e se integrar em determinadas frentes.  São várias as formas de plantio que advêm dessa iniciativa, como faixas de matas plantadas para proteger os fragmentos, evitando perdas decorrentes do efeito de borda, projeto chamado de “Abraço Verde”,  ou corredores de matas que juntam um fragmento a outro (o IPÊ plantou o maior corredor de floresta Atlântica, integrando duas áreas protegidas – mais de 2,8 milhões de árvores plantadas).

Outra forma são os pequenos bosques agroflorestais, onde árvores nativas são plantadas junto com espécies que visam melhorar a alimentação e a renda das famílias que ali residem e que se aventuraram a experimentar algo novo em suas propriedades, como o café agroflorestal. Esses pequenos bosques ajudam também na conectividade e servem de trampolins de apoio para aves e insetos que contribuem espalhando mais sementes no “esverdeamento” da região (também chamado de stepping stones).  Cada uma dessas etapas teve e tem inúmeros aprendizados valiosos para o bom andamento do trabalho como um todo.

O social sempre esteve associado ao ambiental – inseparavelmente – nessas inúmeras frentes da conservação do mico e de seus habitat. Por exemplo, a participação nas decisões conta com reuniões que chamamos de “Eco-Negociação: um Pontal bom para todos”, com a presença de muitos segmentos da sociedade que servem para nivelar conhecimentos e encorajar o envolvimento das pessoas na resolução de questões ou problemas que dizem respeito à coletividade. Com isso, o meio ambiente passou a fazer parte da vida das pessoas, como o parque, uma riqueza que merece empenho na sua proteção, e o mico, um símbolo de orgulho regional, estampado, inclusive, em pontos comerciais da região como hotéis, restaurantes e lojas comerciais – algo impensável lá nos anos 80 quando ali chegamos. Vejo na prática que é possível transformar realidades se os propósitos são coletivos, também uma lição aprendida que tem feito diferença.  

Agora, os corredores de matas vêm sendo estudados para se saber quais os animais que se beneficiam e quais ainda não se atrevem a percorrê-los. Por exemplo, o mico-leão-preto depende de ocos para passarem a noite com segurança. Ora, as árvores são novas e ainda não os têm. Com isso, a pesquisadora que coordena o programa atualmente, vem experimentando usar caixas de madeira e monitorar se elas são aceitas ou não. Como não estavam sendo visitadas, tem feito uma experiência interessante e inovadora, que é esfregar algo com o odor dos micos nas caixas para atraí-los. E parece estar dando certo! Outra lição que pode trazer luz no fim do túnel (no caso, para o fim das caixas).

Mais uma lição que aprendemos com o tempo é a importância de influenciarmos políticas públicas. Por exemplo, levou sete anos para que uma nova área protegida fosse criada, a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Foram muitas etapas e o envolvimento de pessoas chave que se encantaram com a ideia a ponto de a levarem adiante. O IPÊ serviu o tempo todo como fornecedor de informações consistentes que pudessem respaldar a decisão. Outra política pública foi regional, quando a Secretaria de Educação do Pontal adotou educação ambiental como campo de ensino integrado ao currículo escolar.

Em resumo
As lições aprendidas descritas acima incluem:

– educação é importante em todos os níveis de qualquer trabalho em conservação. No IPÊ tendo iniciado internamente com a equipe que formaria a própria instituição e depois se expandido para a formação de uma escola, a ESCAS, que oferece cursos curtos em temas diferentes, mestrado e MBA em sustentabilidade empresarial;

– ciência serve de base para todos os trabalhos, sejam no campo ambiental como no social, de maneira a se errar menos e se buscar caminhos mais assertivos;

-interdisciplinaridade é chave, pois a complexidade dos temas a serem tratados é vasta;

-o social precisa ser tratado integradamente com o ambiental, um complementando o outro;

– a natureza precisa ser vista com orgulho e merecedora de atenção e empenho em sua proteção e um planejamento regional pode contribuir para essa integração;

– os habitat naturais precisam ser enriquecidos, interligados e protegidos de diversas maneiras;

– as políticas públicas podem ajudar sobremaneira a dar escala a projetos isolados.

Essas etapas compõem o Modelo IPÊ de Conservação e o exemplo aqui exposto diz respeito ao Pontal do Paranapanema, nosso maior laboratório de aprendizado. Mas, o IPÊ hoje está presente em outros biomas e com iniciativas diferentes dessa. A aqui descrita é cara a quem faz parte da equipe do IPÊ por algum tempo, pois foi onde iniciamos, ainda sem que a instituição existisse, o que só veio a acontecer anos depois, em 1992. São muitas as lições aprendidas e o que não foi bem-sucedido mereceria ser listado, pois muitas vezes ensinam mais do que as experiências de sucesso. Mas, só para mencionar um exemplo ligado ao próprio mico, a espécie deixou de ser listada como “criticamente ameaçada”, passando a “ameaçada” na Lista Vermelha de espécies da IUCN, apesar das crescentes pressões sobre os ambientes naturais, comuns em toda parte do Brasil e do mundo.

Esse resumo foi descrito com a ajuda de imagens no XVIII Congresso Brasileiro de Primatologia, que aconteceu em novembro de 2019, em Teresópolis (RJ), quando fui convidada a proferir palestra. Foi aí que percebi que foram os micos nossos maiores professores, pois foi a vontade de os proteger que nos levou a ousarmos responder às necessidades que emergiram com o correr do tempo. E, claro, tudo isso só foi possível porque contamos com uma equipe forte, comprometida, apaixonada e incansável, cada um dando o seu melhor em todas as diferentes frentes aqui mencionadas. Trata-se, verdadeiramente, de um exemplo em que a união, ou a integração, tem força e traz resultados.

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